O nome da obra não é "Grande Sertão de Veredas", mas sim "Grande Sertão: Veredas", com dois pontos muito significativos -- talvez os dois pontos mais poéticos da língua portuguesa. O título começa abrangendo a totalidade do sertão, o "Grande Sertão" na sua realidade geográfica e, ao mesmo tempo, na sua transcendência mítica. Por fim, essa totalidade desemboca, através dos dois pontos, nos caminhos, nas "Veredas" que o protagonista traça no Sertão.
A obra "Grande Sertão: Veredas" não se encaixa, de forma alguma, na tradição literária-religiosa dos sermões. As tradições literárias que nutriram o romance de Guimarães Rosa foram o relato de memória, o romance regionalista e a linguagem experimental do modernismo. Parafrasear "Veredas" por "Verdades" é um equívoco, por que a obra nos mostra que não há verdades para serem encontradas no fim da do caminho, só há as veredas, os caminhos de vida dentro desse mundo grande. A amor irrealizado de Diadorim e Riobaldo não contém uma verdade a qual pode ser reduzido, pelo contrário, é um amor que guarda em si algo impossível de ser decifrado.
@@nos_a_sos É muito difícil falar sobre um "sermão" sem considerar uma longa tradição cristã. Na língua portuguesa, o Padre Antônio Viera é o exemplo mais forte dessa tradição. Cada gênero literário tem sua própria história, suas regras, seus estilos, e isso influencia muito quando um escritor decide escrever dentro dos parâmetros do gênero, ou mesmo quando ele escreve quebrando esses padrões. Nunca li ou ouvi falar que sermôes tenham influenciado a escrita de Guimarães Rosa, mas estou aberto a uma prova do contrário. Ele foi um escritor de imensa cultura literária e incorporou muitos gêneros em sua obra. Quanto a equívocos, sim, os personagens estão sempre se equivocando, errando e 'deserrando' nas suas escolhas, no seu caminhos.
Rafael bom dia tudo bem? Você pode criar uma conta em uma corretora de investimentos, transferir seu dinheiro pra corretora e começar a investir. Acompanhe o canal para você receber nossas dicas!
Muito bom o vídeo, mas houve um erro. Na verdade esse romance foi escrito em primeira pessoa, sendo contato por Rubião. Machado faz essa escolha para se destacar entre os demais romances realistas da época, escritos em terceira pessoa.
