Me chamo Clara Jorgewich, sou professora há 13 anos, e quero te mostrar o poder da palavra e a beleza da língua! Venha clarear as ideias e escrever e-mails, comunicados, documentos técnicos de forma clara e fácil de entender.
Essa pra mim é a maior obra musical brasileira de todos os tempos. A composição foi de uma inteligência surreal e mostra o quão rica e versátil é a língua portuguesa, é uma musica cheia de significados e interpretações. Quando o Chico troca as palavras depois da primeira parte, da a impressão de que são outras pessoas contando a mesma historia, mas mudando os detalhes, como se fosse uma fofoca, um telefone sem fio, até ao ponto de acharem que ele fosse um "bêbado". Fora tudo isso, o final vem como um soco no peito, agradecendo por tudo de ruim que é oferecido ao operário e desejando que Deus devolva aquilo que recebeu, tendo apenas fé de que um dia algo ou alguém irá se "vingar" por ele.
Maravilhosa análise. Queria adicionar interpretações minhas: a primeira é sobre a progressão das histórias. Primeiro que, enquanto existem muitas histórias que mostram diferentes versões da mesma história na visão de diferentes personagens, Chico conta a mesma história com nuances diferentes na visão de um narrador em 3a pessoa, o que nos faz questionar a capacidade de um narrador em ser imparcial. Além disso enquanto a primeira versão é quase uma versão romantizada e idílica da tragédia, de novo tentando passar uma visão positiva e comportada do trabalho e da sociedade ela vai ficando progressivamente mais distorcida e perturbada com uma crítica social mais evidente (me lembrou do filme cidade dos sonhos de Sabid Lynch). Além disso, eu percebi que nos versos do Deus lhe pague o narrador vai para a primeira pessoa, para o operário, com uma crítica extremamente ácida do capitalismo e da sociedade na sua visão depois de morto. Nesse sentido o paralelo pra mim é o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas.
O Chico Buarque é autor do texto e do cantus firmus. A música, entretanto, citada várias vezes na tal análise, é uma composição de Rogério Duprat. Neste vídeo não se falou nenhuma vez o nome do compositor de fato. Triste e injusto.
Ótimo canal,mulher culta sabia,vce sim pode e deve ser chamada de professora. Análise genial,e dentro de um contexto linguístico perfeito. Professora análise uma música de Roberto Carlos por nome traumas. E uma música de letra incrível.
A MORTE AGONIZANTE/TORTURANTE DO CLESÃO, FOI O CRIME MAIS HEDIONDO DA HISTÓRIA DO BRASIL. UM INOCENTE, AGONIZANDO NUMA MASMORRA, MORRENDO DOS EFEITOS MALÉFICOS DE UMA DOENÇA PREVIAMENTE DETECTADA, SEM O DEVIDO TRATAMENTO NA MASMORRA DIZ AÍ, CHICO BURACO RUANÊ: Agonizou no meio do passeio público / Morreu na contramão atrapalhando o tráfego / Agonizou no meio do passeio náufrago / Morreu na contramão atrapalhando o público / Morreu na contramão atrapalhando o sábado
O problema aí está em culpar o capitalismo. No livre mercado capitalista de verdade, como a Escola austríaca defende, não teria o Estado gigantesco se endividando e inflacionando a moeda, se ele fizesse isso, a população teria liberdade para trocar a moeda. Os impostos, que são um verdadeiro roubo a propiedade privada, não deveriam existir, apenas contribuições cívicas. Liberdades econômicas para o cidadão ter melhores condições de vida, sem o Estado roubar o dinheiro dele. Os comunistas querem o Estado controlando tudo, roubando todo o fruto do nosso trabalho, inflacionando a moeda (pois Estado que faz tudo é altamente endividado), e de quebra ainda defendem bandido que mata e rouba o trabalhador. Digo isso sendo um ex ajudante na construção civil, essa música me toca muito, mas dizer que esses problemas são fruto do capitalismo? pelo amor de Deus, né?! só comparar o Construtor do Brasil com o Americano... Agora, se ficaram com raivinha, se perguntem para qual lado o povo correu quando o muro de berlim caiu...
maravilhada com a destreza, inteligência e repertório de nosso grande Chico, mas não só isso, encantada com sua habilidade com as palavras e comunicação! a cada palavra sua me arrepiava, lindo lindo e muito potente!
Professora, observe-se o (excepcional) arranjo do maestro Rogério Duprat, a emoção segue exponencialmente. Essa música é 50% Buarque e 50% Duprat, certo.
Professora, a quem chamarei de mestre. Emocionante, lírica e maravilhosa sua análise da música construção. Me perdoe por ainda ter e sentir sentimentos. Como um tolo que ainda ama a boa música e poesia. Chorei de emoção. Parabéns por trazer esses conteúdo tão marcante em nossas vidas.
Cara Clara, cheguei aqui pela resenha de "Construção", do Chico Buarque. Mas essa sua resenha de "1984" me fez pensar, e pensando escrevo mesmo tendo, essa resenha, 4 anos... nem Orwell conseguiu imaginar que, no final das contas, quem exerceria esse terrível poder sobre as pessoas não seriam instituições do estado - como você diz, aos 2m10s, "governo" - mas sim empresas da iniciativa privada. Assim se firmas privadas da comunicação às massas, como a Globo, produzem "simulacros" de controle e vigilância, tais instrumentos são, na vida real, utilizados por empresários privados, os dirigentes de redes sociais... O mais impressionante, a meu ver, é que se nós elegemos funcionários públicos, presidentes, governadores, prefeitos, não elegemos dirigentes dessas empresas privadas. Esses nos são impostos e não sentem o menor pejo em usarem recursos estatais - por exemplo, o aparato de violência e coerção - contra nós. Ou seja, afinal a profecia de "1984" foi cumprida, exceto no que diz respeito à propriedade do aparato repressor. A ditadura sob a qual vivemos, e que submete até nossas instituições públicas e seus representantes por nós eleitos, é a ditadura do capital privado...
O cara era corno e traia. Se tornou suicida. Mas na sua cabeça, a questão é social… sempre isso: a exploração do pobre coitado, do explorado pelo oligopólio! Vai trabalhar como o cara!
brilhante interpretação. Peço licença para uma singela correção: em "como se fosse a última", "fosse" não é o pretérito imperfeito do verbo ir, mas sim do verbo ser. 1:55
