Um canal sobre culturas populares brasileiras. Luiz Antonio Simas é historiador, professor e escritor. Tem diversos livros e artigos publicados e ganhou o Prêmio Jabuti de Livro de Não Ficção do ano de 2016, com o Dicionário da História Social do Samba, em parceria com Nei Lopes. Foi finalista do Jabuti de 2018, na categoria crônicas, com o livro Coisas Nossas. Vídeos todas as terças, quintas e sábados.
Sensacional! Essa fala foi um suculento alimento fortalecedor do AXÉ que encanta a estratégia metodológica da minha pesquisa. Gratidão por esse momento Simas!
Mas se a 'ideologia da mestiçagem' nasceu inclusiva mas não igualitária, nada a impede (e evidentemente fizemos avanços nisto) de se tornar sim igualitária. Ou nos orgulhamos da nossa mestiçagem, pensando-a de modo igualitário, o viramos um país de guetos/ ódio racial.
Laroiê, Mojubá, Axé ! ! ! Mestre Luiz Antônio Simas, o sr. nos trás verdades ancestrais sagradas/profanas segredos/populares esclarecendo/enegrecendo esse paradoxo que é a vida! Saravá! Longa vida!
Simas, sobre São Jorge, há um depoimento de Dom Paulo Evaristo Arns, no livro `Porque sou Corinthiano´, em que ele pediu ao papa Paulo VI para não tirar o santo do calendário romano em respeito aos 13 milhões de corinthianos do Brasil e o papa lhe respondeu que sim, em nome desse montão de devotos ele iria manter. Abraço! Axé!
Eu sou uma vira-lata! Eu tenho muitos deuses, sou politeísta. Tem uma frase do Álvaro de Campos que eu acho simbólica: Ergo em cada canto de minha alma um altar a um Deus diferente. Eu vejo que as pessoas tem uma ideia muito de gente de Deus, “deus é fiel”. Fiel? As pessoas pensam em seu Deus como se tivesse sentimentos como nós, gostasse mais destas pessoas do que daquelas e tivesse certas leis para suas vidas. Fiel é um adjetivo que fizeram pra gente, Deus não cabe em um adjetivo que fizeram pra gente. "Deus é fiel." “Deus é bom”, não cabe. Concorda? Não é. Deus é tsunami! Deus é geleira despencando,! Deus é tempestade de neve! Deus é tempestade de areia! As religiões nos atrapalharam muito. O que essas religiões dominates fizeram? E a floresta, que é nossa irmã? E a pedra, que é nossa irmã? E o cavalo? E o rato? E as viroses? E o Tubarão? São todos nossos irmãos. Então na realidade o que nós fizemos? Botamos um monte de coisa pro homem fazer e esquecemos do tempo em que a terra era sagrada, do tempo em que a floresta era sagrada. Você pedia licença para tirar uma folha, nos tempos em que o mar era sagrado, para os gregos era Poseidon, para os romanos Netuno, para os africanos Iemanjá, você não poluía o mar, né? No tempo em que o raio era sagrado, para os africanos Iansã, o trovão, Xangô, na hora em que a deusa reia e o deus trovão se encontram, tem a trepada do céu com a terra, e aí tem o orgasmo que é chuva e a terra germina. Isso é extremamente sagrado. Agora nós… no sábado não pode fazer isso, porque segunda não sei o quê, meu deus do céu! Esquecemos a mãe natureza e essa profanação divina. É preciso se religar, a vida é sagrada. E ninguém tá tratando a vida como sagrada. Qual é a proposta? Casar, ter filho, ganhar dinheiro, deus virou o dinheiro. E o purgatório, o serasa. Antigamente, Cronos na Grécia era o tempo, por isso falamos “cronometragem”, entre os africanos era Ludumaré, tão reverenciado que nem o nome diziam. Aí chega o americano cristão e diz “Time is Money”. E o que fizeram? Não usam mais o tempo para ser, para se embriagar de prazer, só para ter. Ter não é ruim, não, mas você usar seu tempo todo para acumular? Essa sacanagem que é foda. Tem algo errado que não está certo. Professor, o que o amigo acha do sincretismo religioso nosso de cada dia? Da associação da divindade Iorubá, Exu, o integrador, o ser que transita pelos mundos, com o demônio, o anjo caído cristão, Lúcifer, é uma deturpação ou um acolhimento, dos terreiros? A gente sempre olha pelo lado do que foi feito de Exu pelo lado da intolerância, do dominante, mas o que Exu fez em relação ao próprio demônio? Em Cuba, Exu foi sincretizado como o Menino Jesus, enquanto aqui foi sincretizado como o satanás, pq será? A teologia judaico cristã, produziu um demônio que é o mal absoluto. Sem negociação. Um ser cujo poder é preciso ser enaltecido pq o poder de quem o domina e subjulga é fortalecido. Ou seja, São Jorge é forte pq ele prepondera o dragão, Nossa Senhora é forte pq ela pisa na serpente, uma perpectiva de bem e mal funcionando como uma gangorra, quanto mais pesado o mau, mais poderoso tem que ser o bem. Mas fora dessa lente maniqueista, Exu é o ser da mediação, então se ele é demonizado existe tbm o contrário, o demônio é exuzizado, concorda? O que o amigo professor acha desse relativismo? Dessa influencia de Exu na transformação desse demônio cristão, que de anjo virou mal absoluto e que nos terreiros volta poder a ser inclusive um anjo novamente? Até que ponto a simplificação e radicalização expiatória da vida nos estagna? Ou está persepção do contínuo, é mera viajem de minha chapaceira? Abraço!
Tenho devoção em Sao Jorge desde muito cedo me senti atraída por sua figura e sempre que é lua cheia ....vejo Sao Jorge montado em seu cavalo branco apontando a lança para o dragão...
Estou fazendo registros fotográficos de macumbas na Cachoeira do Bom Despacho. Já tenho centenas de fotos, mas preciso deste livro para entender um pouco do tema. Obra muito oportuna essa publicação. Desejo sucesso.
