Sem entender a degradação social em curso que deriva da dissolução dos laços sociais plasmados pelo valor - o que na prática transforma imensos contingentes humanos sem nenhuma função para o sistema produtor de mercadorias - os indivíduos passam a apostar na violência do Estado contra a barbárie produzida pela própria sociedade do capital, que tem no Estado à contrapartida necessária para a reprodução do próprio capital, portanto da barbárie. Como o capital plasma tanto a objetividade do mundo como a subjetividade dos indivíduos, crianças e adolescentes em processo de formação de subjetividade já intuem o mundo no qual eles estão descartados por antecipação. Sabem que como sujeitos monetários não terão outra saída a não ser ganhar dinheiro como critério de existência, mas em uma sociedade que nega o critério que ela mesma estabelece! Como as tradicionais instituições de controle social - familia, igreja e escola - perderam essa condição no arcabouço societário do capital, só resta o aparato repressor do Estado como forma de controle social em todos os âmbitos. Assim, a militarização passa a ser um valor diante da barbárie em curso!
Na impossibilidade de conciliar reprodução ampliada do valor e bem estar social para uma parte da população, o capital não precisa mais de grandes estadistas que tinham a função de impulsionar o progresso industrial e a integração social ainda que no âmbito do capital. O debate econômico necessariamente sai de cena por esgotamento e é substituído pela pauta de costumes, ainda que os mais regressivos. Mesmo a tradicional luta de classes que movimentava os indivíduos contra o capital - se é que movimentava - foi substituída pelos movimentos identitários que se quer arranham a forma fundamental de dominação abstrata do valor ou da produção sobre os produtores. Numa clara evidência de que esgotou o processo civilizatório - se é que de fato algum dia o capital foi portador desse processo - o capital entrou na fase da barbárie como forma de administração política e ideológica sobre os indivíduos. Para a atual etapa de regressão em todos os âmbitos da vida humana, os administradores do sistema não precisam mais de qualidades minimas de civilidade e até mesmo o posto que ocupam não exige mais a liturgia que sempre o caracterizou. Como bem observou Robert Kurz em uma de suas obras, tudo está sob controle no navio a pique do mundo do capital. Até mesmo a democracia, forma política de manipulação por excelência de controle do capital está sendo trocada por formas abertamente ditatoriais de controle do conjunto societário. Os postulantes ao cargo de dirigentes do poder político necessariamente precisam ser os mais bizarros e destituídos de dignidade humana. As próprias eleições dos mesmos precisam ser espetáculos circenses com doses de incivilidade dos bastidores do Império Romano. Atentados e discursos abertamente fascistas substituem o programa de governo ou são o próprio programa de governo necessário para a reprodução do capital quando este caminha para um colapso que ninguém conscientemente deseja, mas para o qual todos contribuem. A lógica capitalista está cerrando o próprio galho em que está sentada. Ao excluir a maioria dos seres humanos de ter acesso ao trabalho que reproduz o capital, este nega a maioria o critério que ele mesmo estabelece para sua produção e reprodução! Assim, Donald Tramp, Bolsonaro e etcaterva mundo afora, são sintomas do colapso ou da degradação social decorrente da dissolução do laço social (valor) que até aqui a lógica do capital nos obrigou a adotar!
Os horários são bem variados a depender do setor. Tem um recesso meio fixo de uns 20 dias que vale pra todos a partir de 16/12. Fora isso, a depender do setor, o pessoal faz um revezamento nos demais períodos de recesso.
Que haja espaço, energia e comprometimento da companheirada para esse enfrentamento... Como disse Claudia trata-se de situaçao muito frequente, presente e vivida... Encaremos esse fenomeno juntos... E esse evento pode ter sido um bom primeiro passo... Que consigamos outros... Abcs
Maurilio Botelho é uma grata surpresa neste cenário de terra arrasada do capital e sem os engenheiros teóricos que possam nos explicar as causas da destruição. Resgatar a crítica do valor ou a transição do Marx da luta de classes para o Marx do fetichismo da mercadoria, acende uma luz nesta escuridão teórica que tomou conta da esquerda desde o final do século XX.
Como curador do evento, acho importante esclarecer algo que só percebi ao fazer uma retrospectiva do ano e rever o video. A fala da Taylisi aos 39 minutos do vídeo, tem um problema quando ela critica todos os demais participantes desse ciclo de debates de não comentarem sobre a ruptura entre a Krisis e a Exit e a questão da dissociação-valor da Roswitha Scholz, como se houvesse um incômodo por serem homens. Essa argumentação identitarista, que nega a critíca ao principio da identidade de Adorno absorvida pela Roswitha Scholz, do tipo "sou a única mulher que toca nesse tema, os homens não falam por se sentirem incomodados e quererem utilizar tudo" não condiz com a realidade. Os demais não tocaram porque não fazia parte do tema deles, sendo que o tema foi destinado à professora Taylisi. Todos tem uma posição de concordância com a formulação da Roswitha Scholz, inclusive quem vos fala. Acho que foi um ataque desmotivado de uma autora que transforma a crítica do valor-dissociação em um mero "feminismo marxista", ainda falando em trabalho doméstico e que devemos superar o trabalho abstrato e não o trabalho concreto, que combina Postone e a definição do valor como totalidade que confronta o próprio metaconceito valor-dissociação em que as atividades domésticas são dissociadas do valor e não produzem valor, algo que a autora repete diversas vezes e não condiz com a formulação da Roswitha Scholz. Quem foge das polêmicas para se utilizar de tudo não são os colegas do ciclo, mas a autora que junta Althusser, teoria da regulação e teoria da derivação do Estado e não toca nas controvérsias com a crítica do valor-dissociação, criando uma versão "descafeinada".
Neste último bloco ministrado pelo Dr. Marildo Menegati ficou ainda mais evidente a visão extremamente pessimista do processo em contradição no qual se constitui o Capitalismo, que de outro ponto de vista pode trazer uma oportunidade ímpar de mudança revolucionária.
Depois de assistirmos novamente a brilhante exposição do Professor Robson, não só ficou mais fácil a compreendermos como dela frontalmente discordarmos no que concerne à relevante questão da configuração da classe trabalhadora como a única capaz de transformar o mundo capitalista em outro onde se possa ter, como fim, a igualdade entre todos. A confusão em que expositor, comentarista e o próprio apresentador embarcam consiste na concepção somente negativa do sujeito de direito como forma social da ordem burguesa, figura chave para podermos entender como se operará o processo identitário que culminará no conflito de classes em nível mundial e, em decorrência, na superação do Capitalismo. É pelo caráter universal de tal identificação que não se pode confundi-la com outras formas de identificação (negros, LGBTQIA+, feminismo, indígenas, etc.) ao tempo em que não se pode restringir o conceito de trabalhador exclusivamente ao operariado assalariado. Muito mais há de se observar com relação a discordâncias em relação ao que preconiza a Teoria Crítica Radical do Valor Dissociação, mas entendemos que o ora exposto seja suficiente para se compreender a absoluta impossibilidade de qualquer marxiano ou marxista caminhar de mãos dadas com os críticos radicais para além do específico momento de ruptura da ordem burguesa.
Parabéns ao professor por esta brilhante explanação desse novo modelo dos modos de produção que se apresenta e uma visão apurada dos problemas sociais, ambientais e econômicos.
Esperançar, é o verbo, a despeito da imensa gravidade com a qual acabamos avaliando a conjuntura atual. Precisamos urgentemente da revolução. Força a todas, todos e todes.
Aprendi muito hoje observando as críticas e reflexões do Professor Elias Jabbour. Que tenhamos mais esses diálogos necessários e maduros. Parabéns ao Canal e a Equipe que se disponibilizou em abrir pra todos nós.