A desumanização de grupos selecionados como "inimigos" é uma estratégia antiga adotada por regimes genocidas. Já reparou como essa postura vem sendo adaptada pelos admiradores do autoritarismo tecnocráctico-sanitarista em voga no momento? A reprodução dessa estratégia nefasta pode ser percebida na atitude de muitos "formadores de opinião" que atacam pessoas comuns pelo simples fato de terem votado no presidente Jair Bolsonaro.
Foi o que fez o jornalista Eduardo Bueno ao rotular a população catarinense de "n4z1st4" para, na sequência, defender abertamente que pessoas assim descritas por ele tenham seus direitos civis negados.
Essa é a aplicação prática do conceito de "tolerância libertadora", introduzido pelo marxista cultural Herbert Marcurse em um artigo de 1965. Segundo ele, o entendimento do termo consagrado pelas democracias liberais era "repressivo", pois impedia que o ódio revolucionário chegasse às últimas consequências.
"Esse tipo de tolerância fortalece a tirania da maioria contra a qual protestam os progressistas [...]. A tolerância libertadora, então, significaria intolerância contra movimentos da direita e tolerância com movimentos da esquerda", escreveu.
Pouco mais de meio século depois, podemos constatar a aplicação dessa teoria nas falas repugnantes disparadas por Eduardo Bueno contra os catarinenses. Talvez ele nem tenha noção da origem do seu ódio e só esteja tentando garantir a sua "sinalização de virtude" para ficar bem com a lacrosfera após os diversos absurdos que protagonizou ao longo de sua carreira. Mas o fato é que comportamentos como esse precisam ser expostos e analisados. A História demonstra que podem ser indícios da manifestação de uma sanha genocida.
Na terça-feira (15/03), levei o caso ao plenário da Alesc, onde aprovamos uma moção de repúdio ao ataque praticado contra os catarinenses. Também solicitei à Procuradoria da Casa que tome as medidas legais cabíveis para que esse sujeito responda por sua conduta execrável.
16 мар 2022