Passei todo o início dos anos 2000 ouvindo economistas sérios e industriais famosos afirmando o tempo todo que câmbio e carga tributária eram os maiores responsáveis pela crise na indústria (problemas criado e intensificado respectivamente pós Plano Real). Pois bem, depois q o câmbio alcançou 3,50 e foi embora e bilhões foram desonerados não acredito mais em ninguém. A indústria continou só piorando...
O problema da indústria brasileira consiste nos industriais brasileiros e num Estado, que historicamente, fez tudo que o setor industrial pediu. É um problema de modelo tbm. O Brasil se industrializou com substituição de importações, usando o mercado interno como mercado cativo. Esse modelo trás mtas distorções e tende a ter um fôlego mais curto depois de cumprida a primeira etapa (tirar o pessoal do cabo da enxada para colocar numa fábrica apertando parafuso ou mesmo carregando saco de cimento na construção civil). Porque como o setor industrial fica voltado para dentro, encimesmado, sofre menos competição com quem é de fora, inova menos, absorve menos tecnologia, afinal já tem uma reserva de mercado garantida no Brasil. A captura do Estado que o setor industrial historicamente fez no Brasil tb se mostrou ineficiente e não resolveu problemas estruturais de ambiente de negócios, segurança jurídica, crédito caro e falta de infraestrutura que afetam todos os setores, mas ainda mais a indústria. Uma vez li Alexandre Herculano, analisando Portugal no séc. XIX, qdo ficou mto evidente o atraso das economias ibéricas em relação a seus pares na Europa Ocidental, falando da história de uma empresa de tabaco que quebrou após ter conseguido por mto tempo ter o monopólio dos cigarros e charutos em Portugal. Herculano dizia que a mentalidade do mercantilismo estava matando a oportunidade de Portugal se industrializar. Eu digo a mentalidade mercantil e o Estado capturado matam a capacidade do Brasil de se integrar na nova economia, mesmo tendo uma matriz energética limpa e com gde potencial de expansão, uma boa base de biocombustíveis e a maior biodiversidade do planeta num momento em que essas coisas são ativos.
@@tattianasalles3019 mas a captura do Estado o agro também fez (e desde o século 19), mas isso não impediu o agro de se modernizar. Delfim Netto, por exemplo, no seu livro "O problema do café no Brasil", mostra como a defesa do preço do café pelo governo durou décadas provocando superprodução de safras e utilização do dinheiro do Orçamento para sustentar o preço. Nesse tempo "café era câmbio", como dizia Gudin. A diferença fundamental é que o agro já nasceu internacionalizado, voltado para fora, ao contrário da indústria.
A indústria está sofrendo com mudanças tecnológicas e geopolíticas no mundo todo. Ninguém nem sabe se a indústria do futuro terá funcionários ou só robôs e inteligência artificial. No caso específico do Brasil, há mtos erros de política pública.
Sou ouvinte ativo da Dois pontos e assinante do Estadão também. Sugestão: O estúdio de vocês é um tanto escuro. Acredito que a iluminação, em especial quando se foca nos participantes, seja melhorada.
Alguns economistas e ideólogos desenvolvimentistas reclamam da desindustrialização que vem acontecendo no Brasil nos últimos 20 anos. O problema é que a desindustrialização aconteceu também nas economias desenvolvidas. No ocidente, todos os países ricos se desindustrializaram. As economias são cada vez mais centradas em serviços. Ninguém consegue competir com o sudeste asiático em termos de mão de obra e produtividade. Isso não é um problema brasileiro, é mundial. É apenas o mercado alocando recursos onde é mais barato produzir.
Não acho que a indústria nacional tem chances de concorrer com o Oriente , principalmente a China e outros fortes competidores chegam à disputa como Vietnã e indonésia. Acho que mesmo setores que éramos competitivos como confecção perdemos. Teríamos que produzir produtos de qualidade para substituir os produtos descartáveis orientais. Mas antes temos que ter produção para alcançar a produtividade esperada. Não vejo nenhum candidato com essa visão.
Será que os nobres professores e a ilustre reporter sabem que se a indústria brasileira tivesse ISONOMIA em impostos e infra estrutura, pelo menos, em relação aos pares internacionais, a chance da indústria brasileira ser competitiva aumentaria ? Temos os maiores impostos do mundo e uma infraestrutura absolutamente precária, além de juros altíssimos ainda por conta da instabilidade política cusada por irresponsáveis governantes, além do fato de até o passado jurídico ser incerto no Brasil . Aida tem um dos piores índices do mundo no campo da qualidade da edução. Como inovar se as pessoas tem pouco estudo e ainda pior, pouca disposição para estudar ? Como raios a indústria nacional conseguiria melhorar a produtividade e competitividade, se tudo é contra ? Ah, só para informar, a carga tributária da indústria terá o maior IVA do mundo e mesmo assim deve diminuir o valor pago para algumas indústrias, depois da reforma tributária. Para outras(lucro presumido), porém, a carga vai aumentar. A carga tributária da indústria permanecerá algumas vezes ainda maior do que a do agro. Antes que alguém sugira, não é para aumentar a carga tributária do agro e sim diminuir a da indústria. E como o governo fará com a responsabilide fiscal ?. É simples, aí sim tem de ser mais eficiente e gastar menos pelo bem do Brasil. A gente precisa melhorar em tudo e os formadores de opinião também precisam compreender o que estão falando para fazer girar pro lado certo.
Nem os chineses querem montar alguma indústria aqui no Brasil, Os engenheiros mecânicos, químicos etc..e técnicos brasileiros caíram num engodo, anos e dinheiro, investimentos perdidos!
A indústria automotiva sempre aparece como uma vilã dos incentivos. Porém também é uma indústria que é obrigada a pagar os maiores impostos, que inviabiliza volumes de venda e investimentos, ficando dependente de subsídios e benefícios oficiais. É um círculo vicioso, que barra transparência e torna a nossa produção cara, inviabilizando a exportação
