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Sartre e o Existencialismo
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Testemunha atenta e arguta de nosso tempo, Jean-Paul Sartre, nascido em Paris em 1905, realizou seus estudos na Escola Normal Superior e ensinou filosofia nos liceus de Le Havre e Paris até o início da última guerra, exceto em um período que passou em Berlim (1933-1934), onde estudou a fenomenologia e escreveu A transcendência do Ego.
Convocado para o serviço militar, foi aprisionado pelos alemães e levado para a Alemanha. Voltando logo depois para a França, fundou o grupo de resistência intelectual “Socialismo e Liberdade”, juntamente com Merleau-Ponty.
No imediato pós-guerra, seu pensamento se impõe ao público mundial durante cerca de duas décadas (graças sobretudo a seu “teatro de situações”), influindo amplamente na sociedade e nos costumes.
Nas últimas duas décadas de sua vida, Sartre não teve descanso: as viagens políticas (como a viagem a Cuba, onde encontrou Fidel Castro e Che Guevara, e a viagem a Moscou, onde foi recebido por Kruschev) não lhe impediram o frenético trabalho de filósofo, romancista, ensaísta, dramaturgo, conferencista e roteirista cinematográfico. Sartre morreu em 1980.
Obras filosóficas
a) O ser e o nada. Ensaio de uma ontologia fenomenológica, (1943);
b) A transcendência do Ego (1936);
c) A imaginação (1936);
d) Ensaio de uma teoria das emoções (1939);
e) O imaginário. Psicologia fenomenológica da imaginação (1940).
f) O existencialismo é um humanismo (1946);
g) Crítica da razão dialética (1960).
Sartre iniciou sua atividade de pensador com análises de psicologia fenomenológica relativas ao eu, a imaginação e as emoções. Retoma de Husserl a ideia de intencionalidade da consciência, censurando-o, porém, por ter caído no idealismo e no solipsismo com o seu sujeito transcendental.
Em A transcendência do Ego, Sartre afirma que “o eu não é um habitante da consciência”, pois ele “não está na consciência, mas fora dela, no mundo: é um ente do mundo como o eu de outro”.
O homem, diz Sartre, é o ser cujo aparecimento faz com que exista um mundo. O mundo não é a consciência. A consciência é abertura para o mundo; a consciência está encarnada na densa realidade do universo; o mundo pode ser visto como um conjunto de utensílios. Mas o mundo não é a existência. E quando o homem não tem mais objetivos, o mundo fica privado de sentido.
A analise desenvolvida em O ser e o nada revela, antes de mais nada, que a consciência é sempre Onisciência de algo, de algo que não é consciência. Em outras palavras, o exame da experiência mostra-nos que desde o início o ser-em-si, isto é, os objetos que transcendem a consciência, não são a consciência. Eu tenho consciência dos objetos do mundo, mas nenhum desses objetos é minha consciência: a consciência “é um nada de ser e, ao mesmo tempo, um poder nulificante, o nada”.
Diante do “em si” está a consciência, que Sartre denomina o “para-si”. A consciência está no mundo, no “ser-em-si”, mas é radicalmente diferente dele, não está ligada a ele. A consciência, que vem a ser a existência ou o homem, é, portanto, absolutamente livre. O “em si” é “o ser que é o que é”; a consciência não é um objeto.
O ser é pleno e completo; a consciência é vazia de ser, é possibilidade - e a possibilidade não é realidade. A consciência é liberdade.
Escreve Sartre em O Ser e o nada: “A liberdade não é um ser; ela é o ser do homem, isto é, o seu nada de ser”. A liberdade é constitutiva da consciência: “Eu estou condenado a existir para sempre além dos moventes e dos motivos de meu ato: estou condenado a ser livre”.
Uma vez lançado à vida, o homem é responsável por tudo o que faz do projeto fundamental, isto é, da sua vida. E ninguém tem desculpas: se falirmos, falimos porque escolhemos a falência. Procurar desculpas significa estar de má-fé: a má-fé apresenta o desejado como necessidade inevitável.
O homem, portanto, se escolhe; sua liberdade não é condicionada; e ele pode mudar seu projeto fundamental a qualquer momento. E assim como a náusea constitui a experiência metafísica que revela a gratuidade e o absurdo das coisas, da mesma forma a angústia é a experiência metafísica do nada, isto é, da liberdade incondicionada. Com efeito, o homem, e só o homem, é “o ser para o qual todos os valores existem”.
4 июл 2022