CUIDADOR DE CAMPO
(Osmar Proença/André Teixeira)
Quando o galo estende o laço
Do seu canto de alvorada
Faz tempo que estou mateando
E proseando com a madrugada
De tirador na cintura
A bombacha arremangada
As bota cano virado
E as espora bem atada
E quando o florão da aurora
Vem destapando o rincão
Já ando de pé no estribo
Cuidando da obrigação
Mirada de cuidar campo
As rédeas firmes na mão
Que esse é meu jeito campeiro
De agradar o patrão
Os cavalos que eu encilho
São bem manso e chegador
Do gateado ao doradilho
Cada qual tem seu valor
Que estampa faz o tordilho
Voluntário e tranqueador
Uma garça no lombilho
Sobre a várzea campo e flor
Minhas pilchas não tem luxo
Alguma tá remendada
No meu apero gaúcho
De enfeite só as ponteada
De que me vale a vaidade
Se o campo não cobra nada
Além de conhecimento
E corda forte bem sovada
Eu sou cuidador de campo
No posto do tarumã
Dezoito quadras e tanto
Na costa do Camaquã
Aqui onde o sol se cruza
Com a estrela de aldebarã
Pra morrer no fim do dia
E renascer pela manhã.
16 окт 2024