POR MÃOS DE GUITARREIRO
(Otávio Severo/Adriano Silva Alves/André Teixeira)
Espichou a sombra da copada alta de um jacarandá
Silenciando os galhos, antigos cenários pra ouvir um sabiá...
Tombou inocente, na voz do machado que o fio condenou...
Quem já foi semente, devolve pra terra o que o vento plantou...
Curada a madeira em sementes de rio, se faz falquejada...
Dormitando sonhos, se veste em formas de Deusa inspirada...
Se encontra no pinho, moldando a silhueta, no bojo se agarra...
Quem antes deu sombra, perdendo a imponência, renasce guitarra...
A alma é a mesma, trazendo na essência o aroma da terra...
Batismo de luas, clareiras de sóis, que seu corpo encerra...
Será testemunha das juras de amores de algum romanceiro
Quem foi condenado voltou imortal por mãos de guitarreiro
Mistério e magias, templadas nas cordas no toque dos dedos...
Por ter sido o palco pra bicos sonoros, carrega segredos...
Que embalava tardes ensaiando o timbre de um sabiá cantor
Agora silente, compõe cantilenas pra algum payador...
Vivendo em guitarra repousa seu sono no canto do oitão
Tem alma e madeira prendida nas cordas de um só coração
Que espera em anseios, qual mãe num afago o retorno em carinho...
Do mesmo sabiá que pousa em seu braço, antes galho pra um ninho...
E as mãos guitarreiras se unem num gesto em forma de prece
Pedindo por Deus, as bênçãos da vida pra quem as merece...
De onde germinam as luzes do canto que um dia nasceu
Florescendo sonhos em cada guitarra que a terra nos deu.
6 сен 2024
