Benditos são cantos populares originariamente entoados em procissões. Por essa sua característica primária, são tradicionalmente cantados à capela, sem acompanhamento de instrumentos e (mesmo neste caso, em que tomamos de empréstimo o violão) é possível sentir no canto o ritmo presente nos passos de um cortejo.
Nossa versão é inspirada na que Rubinho do Vale apresenta em seu álbum "A alma do povo" (1998), um trabalho belíssimo que reúne composições suas e músicas da tradição popular, dentre as quais esse bendito. É de Rubinho o arranjo de violão que tentamos reproduzir aqui, um mimo delicado, um "violão de ninar".
Muito conhecido e cantado na região do Vale do Jequitinhonha, este 'Bendito de São José' em muito nos lembra o que poderia ser um "presépio cantado". Ao ouvi-lo ou entoá-lo, vamos recriando aquele cenário, trazendo cada personagem e assistindo àquela história, como se estivéssemos montando, a cada estrofe, um presépio diante dos próprios olhos... ou no coração.
Bendito de São José
(canto tradicional)
O caminho de São José
Que também é de Maria
Tanto ele andava de noite
Como ele andava de dia
José chegou em Belém
Lá todo mundo dormia
Abri as porta meu povo
Pra entrar a virgem Maria
São José de porta em porta
Andava e não achou
Chegou numa manjedoura
Maria se agasalhou
São José foi buscar luz
Aonde que não havia
Bendito louvado seja
Nasceu o Menino de Maria
Galo cantou meia noite
Dizendo: "Cristo nasceu"
O boi perguntou?: "aonde?"
O carneiro disse: "em Belém"
Não nasceu em cama de ouro
Nem em cama de cortina
Nasceu numa manjedoura
Aonde o boi bento comia
Ofereço esse bendito
na intenção de José
e também para o Deus Menino
Nascido em Nazaré
♪
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4 окт 2024
