Pais sempre tendem a se culpar por qualquer dificuldade de comunicação dos filhos, mesmo quando a origem da dificuldade é genética. É assim que ocorre com a gagueira - • Gagueira - Estudo gené... -, e com o autismo não é muito diferente.
No autismo, a criança não se comunica direito, o convívio com as pessoas é limitado e poucos pais se dão conta de que o filho é portador de um transtorno neurológico de base genética.
A doença até hoje se mostrou incurável e fez muitos pais se cobrarem achando que não deram o amor necessário ao filho. De San Diego, na Costa Oeste dos Estados Unidos, o pesquisador Alysson Muotri contesta a crença infundada.
"O estigma não deve existir mais. Não é culpa dos pais. Isso é um problema genético e a gente tem que trabalhar em cima disso".
Alysson chegou a essa conclusão depois de coordenar um estudo com mais dois brasileiros, Cassiano Carromeu e Carol Marchetto, na Universidade da Califórnia.
Para entender o cérebro de um autista, eles coletaram pedaços de pele de quatro crianças com a doença e de cinco sem. No laboratório, separaram as células da pele e as reprogramaram para se tornar neurônios.
Resultado: viram que os núcleos das células de crianças com autismo eram maiores e as ramificações de ligação com outros neurônios eram mais curtas e em menor número do que nas crianças sem o transtorno.
O próximo passo foi tentar resolver os problemas dos neurônios com sinais da doença. Os pesquisadores recorreram a diversos remédios. Um deles funcionou, deixou o neurônio normal. Isso deu esperanças de que o autismo possa ser curado.
Se foi possível alterar uma célula, é possível alterar todos os neurônios do cérebro, dizem os pesquisadores.
A questão é que o remédio foi eficiente para tratar uma célula em laboratório. Em doses maiores traz efeitos colaterais graves.
"O grande desafio agora é fazer uma triagem de novas drogas na esperança de conseguir descobrir um novo remédio que seja menos tóxico e que seja muito mais efeito do que o que a gente tem como prova de princípio hoje. Mas tudo pode acontecer. Pode ser que a gente tenha uma descoberta fenomenal e as coisas acelerem muito mais", finalizou Alysson.
8 фев 2011