Como um gato vê a prática? 

Estes lings falam de composição: ru-vid.com/video/%D0%B2%D0%B8%D0%B4%D0%B5%D0%BE-bkVVIfjpvpw.html ru-vid.com/video/%D0%B2%D0%B8%D0%B4%D0%B5%D0%BE-vRP6MbtrEPw.html e ru-vid.com/video/%D0%B2%D0%B8%D0%B4%D0%B5%D0%BE-DJWyvQPrDlc.html As coisas são consideradas compostas quando elas tem: partes internas, lados/superfícies (norte, sul, etc), "existem no tempo" (o tempo é considerado composto por si só -- isto é, o inverso é verdadeiro, todas as coisas impermanentes são compostas: se surge e desaparece é porque é composto) e quando dependem de outras coisas "externas", tais como um conceito (a madeira que faz uma mesa pode fazer outra coisa, então ela depende do conceito "mesa" para ser uma mesa), e um observador (um ser que tenha sentidos/mente), por exemplo, mesmo uma ideia de uma coisa não composta, enquanto uma ideia, é composta por si só -- mesmo uma mesa que você visualize e seja feita de uma "substância única" que você inventou na sua mente, depende da sua mente. Elas só precisam ter um desses critérios para serem consideradas compostas, a maioria das coisas comuns que você pensar (objetos físicos e mentais, relacionamentos entre seres e coisas, etc.) cai sob todos os critérios. Tanto é que "existência" é basicamente um sinônimo, no budismo, para insatisfação, impermência e ausência de eu. E existência e composição são a mesma coisa, via de regra. É por isso que se diz que a natureza de buda, que não é composta, não é a natureza de buda de que se está falando (porque essa depende do conceito de natureza de buda). E também não se diz que ela existe. Se diz que ela está além dos conceitos e extremos, isto é, ela está além de existência e não existência, e ela não pode ser necessária ou suficientemente representada por um conceito, percepção ou imagem mental. Ela é também fundamentalmente vazia.

@@Tendrel Muito obrigado pelo texto, me ajudou a compreender o que são as coisas compostas de forma clara. Vou assistir os vídeos recomendados para me aprofundar mais.

Oi Matheus. O budismo não é uma visão terapêutica, e em certos sentidos, é uma visão transterapêutica, ou mesmo antiterapêutica. Isso não quer dizer que seja contra terapia, apenas que terapia não tem nada a ver com os objetivos do budismo. Com relação a psicologia de modo geral, eu acho que como o campo não está epistemologicamente seguro do lado da disciplina fundada nos 1800, as aproximações são temerosas para ambos os lados. No caso de psicanálise, eu pessoalmente acho charlatanismo, que talvez tenha espaço como entretenimento. Mas, se funciona para você, ótimo, só não tem nada a ver com budismo. Com relação ao Jung, eu acredito que ele foi um dos grandes distorcedores da visão sobre o pensamento asiático, e em particular do budismo. Eu não acho que o jeito de pensar Junguiano seja realmente compatível com a prática do darma, e de fato, eu acho que pode impossibilitar a aproximação do darma e impedir a prática. Fora isso, sempre é interessante resgatar como o darma foi distorcido no ocidente, e o Jung faz parte dessa história, do lado do imperialismo e colonialismo intelectual, sempre com uma cara benevolente e bem intencionada, super interessado nessas ideias de gentes "primitivas" e diferentes, mas desbotando tudo para a teoria branca burguesinha dele.

Eu escrevi o seguinte texto www.budavirtual.com.br/qual-a-relacao-do-budismo-com-a-nocao-de-terapia/ e meus textos sobre distorção do budismo ocasionalmente tocam em Jung.

@@Tendrel Poderia dar exemplos e explicar o porquê a epistemologia da psicologia não está segura? Eu não sei se esse espaço é o melhor para questionar isso, mas esse ponto me interessa muito!

Ah, isso é de conhecimento geral. Até onde eu saiba, isso é falado e fica claro em qualquer curso de psicologia. Ou mesmo na área de medicina psiquiátrica, veja o volume de remédios sem explicação da rota causal de funcionamento, e a reforma no mapeamento, e algumas vezes toda teoria, de diagnóstico a cada uma ou duas décadas. No caso da psicologia, você vê num mesmo departamento psicanalíticos, cognitivo comportamentais e outros bichos, que não tem sequer uma língua comum, e em cada um desses nichos você tem problemas epistêmicos específicos nada resolvidos. Por exemplo, só falando na área da psicologia que efetivamente trabalha pela visão da própria área como ciência, nós temos en.wikipedia.org/wiki/Replication_crisis E aí no mesmo zoológico vc vai achar lacanianos dizendo que essa pretensão de ciência é absurda, e claramente colocando umas aparências de matemática na coisa só pra fazer estilo... No curso de filosofia da ciência que eu fiz na faculdade o professor disse que a psicologia, no estado atual, é uma protociência ainda. Não chegou ainda ao status de ciência. E psicanálise, em particular, tem o mesmo status intelectual de astrologia ou homeopatia.

Sim, você pode comprar em qualquer lugar, desde que você saiba que não veio de um altar dessacrado ou que seja roubado. Também é bom que esteja de acordo com a tradição que você pratica, ou pelo menos o seu professor esteja de acordo com a representação/ões que você vai usar. Claro, se você está falando de imagens, como estátuas, pinturas ou reproduções, daí você precisa levar para consagrar. Então fica mais fácil comprar na loja do centro de darma, já que você ajuda eles, e eles sabem para quem dar para consagrar, e além disso, está de acordo com a tradição que você pratica. Com relação a oferendas, não, né. Daí você compra onde for mais conveniente. Inclusive os suportes, embora, é claro, na loja de darma do centro de prática em que você vai, os suportes para oferendas vão estar de acordo com a tradição que você pratica. Mas você não precisa ter tudo certo desde o início, eu usei tigelas de sobremesa que comprei no supermercado para oferenda de água, e só depois comprei tigelas com decoração tibetana (para oferenda de água e as 8 oferendas externas), o vaso de consagração, o serkyen e as kapalas para as oferendas internas no centro de darma. As imagens eu comprei as primeiras no centro de darma já.

e aliás, bom saber que alguém como você também tem fases na prática. consola os baby buddhas como eu!

ru-vid.com/video/%D0%B2%D0%B8%D0%B4%D0%B5%D0%BE-M6_7CNqbauo.html Sobre as orações ao final dos videos. Acho que eu não listo todos os lamas, mas as figuras de Budas são o rei, o mestre vajra e o erudito, Trison Deutsen, Padmasambhava e Khenpo Shantarakshita.

@@Tendrel vou pesquisar. Obrigado!