Decisão sobre destino de Cunha no Conselho de Ética opõe PT a Dilma
Rui Falcão, que preside o partido, recomenda a deputados petistas no colegiado que votem para admitir o processo de cassação; temendo reação do peemedebista, Planalto trabalha para não rifá-lo
O racha entre o Palácio do Planalto e a cúpula do PT teve efeito imediato no Conselho de Ética da Câmara, que ontem, mais uma vez, adiou a decisão sobre a continuidade do processo de quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Após seis horas de discussão, a sessão foi remarcada para a tarde de hoje.
O presidente do PT, Rui Falcão, recomendou aos três deputados do partido com assento no colegiado que se posicionassem contra Cunha. A orientação, dada por intermédio de redes sociais, confrontou o governo. O Planalto pressiona os petistas a salvar Cunha para evitar a deflagração do impeachment da presidente Dilma Rousseff e garantir a aprovação das medidas de ajuste fiscal. Os votos do PT podem ser o fiel da balança, já que o placar, por ora, é apertado para Cunha. Seus aliados contabilizam, hoje, 9 dos 21 votos do Conselho.
“Confio em que nossos deputados, no Conselho de Ética, votem pela admissibilidade (do processo contra Cunha)”, escreveu Falcão no Twitter. “Nós não temos acordo com Eduardo Cunha”, acrescentou o dirigente petista, no Facebook.
A tentativa de Falcão de enquadrar o PT foi criticada tanto no governo quanto no Congresso. “Eu, se fosse presidente do PT, jamais orientaria uma posição e deixaria que cada um votasse de acordo com sua consciência”, afirmou o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
A bancada petista no Conselho de Ética avaliou que a manifestação do presidente do PT pôs os três representantes do partido no colegiado em situação complicada. “Estamos numa saia justa porque somos PT e os responsáveis pelo destino deste País. Esta é a crise”, afirmou o deputado Zé Geraldo (PA), um dos integrantes do partido no Conselho.
Valmir Prascidelli (SP) e Léo de Brito (AC), seus colegas, cobraram uma conversa com Falcão. “Se ele acha que devemos votar de acordo com alguma orientação, ele que nos oriente, porque até agora não fez isso”, disse Brito. “Nunca fui convidado para nenhuma reunião no PT para deliberar sobre esse assunto”, reagiu Prascidelli.
2 окт 2024