O economista Luiz Gonzaga Belluzzo participou do Seminário de Cultura e Realidade Contemporânea discutindo as transformações da economia global e as mudanças na divisão internacional do trabalho.
A Noruega tem 5 milhões de habitantes próximo do polo norte, a Nova Zelândia é semelhantemente uma ilha escarpada cobrindo mais de 90 % de seu território perdido no oceano pacífico, a Austrália tem apenas 20 milhões de pessoas com 90% de seu território deserto. Todos são anglo saxões e, portanto, recebem ajuda americana, imprimindo dinheiro fiduciário (Fiat Money) próprio a vontade além do próprio dólar sem as ameaças de crises financeiras como para o Brasil, México e Argentina. O Brasil com 210 milhões de habitantes não tem como gerar empregos para 119 milhões que moram em 80 regiões metropolitanas, sob pressão constante das elites de Boston, Nova York e wall street para não emitir moeda, vivendo eternamente com orçamento apertado tanto para o governo quanto para as famílias. Nessas condições os únicos empregos que são gerados são aqueles de baixa produtividade e renda. Por outro lado, os empregos de altas remunerações nas áreas de alta produtividade e do setor financeiro e tecnologia estão reservados para amigos parentes e cupinchas. Alguma dúvida sobre isso? Além do mais, existe uma imensa segregação entre as áreas do agronegócio e as regiões metropolitanas do Brasil. Elas têm características socioeconômicas totalmente diferentes. O agronegócio têm baixa densidade econômica e populacional e as áreas metropolitanas são densamente povoadas. A partir do setor primário da economia não se consegue gerar empregos de alta produtividade e renda para esses 119 milhões que vivem em áreas urbanas densamente povoadas do Brasil. Nem tão pouco gerar empregos equivalentes no setor de serviços a partir de um efeito encadeado na agricultura, mas sim a partir do agronegócio para o setor industrial, desenvolvendo um consequente setor de serviços como produto desse efeito multiplicador de empregos, salário e renda. Então, sem emprego não há classe média.