O surreal do surreal acaba por ser irrepreensível. Cria uma lógica que arrasa o fascínio do absurdo porque o torna real e mais que provável. Penso em Cesariny como o poema do gato que brinca na rua de Pessoa - Cesariny passa pela vida como se brincasse numa cama chamada rua. E nunca foi feliz por ser assim - o nada que foi, não era dele. E o que não foi, isso sim, pertencia-lhe de cabelo real ou cabeleira. Faz sentido? Talvez não. E aí está a magia espelhada de Cesariny. Todo o ser é o que é quando o que não é, deve ser, ecce homo Mario natus!
Ao findar de ver tais declarações pela boca deste homem,eu tenho uma dor que acorda em mim a poesia ou,pelo menos, a vontade que existe nela de existir. Obrigado,senhor Cesariny e muitos beijos.
Ficha Técnica: Realização: Diogo Collares Pereira / Guionista: Perfecto E. Cuadrado / Locução: Paulo Rocha / Música: Nuno Canavarro. Filme produzido pela RTP em 2002
