No século XIV uma crise se alastra sobre a Europa:
Peste negra dizima cerca de 1/3 da população europeia. A fome se alastra por diversas regiões.
Nobreza e burguesia, para manter seus rendimentos, ampliam a exploração do trabalho. Consequência: revoltas camponesas que ameaçam a ordem social e a propriedade.
Nobreza, burguesia e rei se juntam: Estado Moderno. Repressão aos camponeses.
Ao mesmo tempo, uma nova estrutura de controle social:
- Proletarização - cercamento (privatização das terras comuns, forçando os trabalhadores à saírem dos campos ou serem obrigados a vender seu trabalho para não morrerem de fome).
- Controle do trabalho reprodutivo: rigido controle sobre as mulheres para ampliar a natalidade.
- Nova ordem patriarcal com uma nova moral sexual e social que apresenta como "natural" certos trabalhos ou práticas sociais (mulher fica presa à casa e ao trabalho reprodutivo [cozinhar, arrumar, costurar, transar] que NÃO É PAGO).
- Estabelecimento de novas hierarquias naturalizantes:
HOMEM x mulher
RAZÃO x corpo
ELITE x massas
EUROPEU x africano e asiático
CRISTIANISMO x politeísmo
CABEÇA x corpo
"HOMEM" x natureza
****HOMEM EUROPEU RACIONAL CIVILIZADO CRISTÃO como um padrão da "HUMANIDADE".
Essas diferenças são apresentadas como NATURAIS, portanto, inerentes a natureza dos seres, impossíveis de serem transformadas.
Essas hierarquias são legitimadas pela ciência moderna (Descartes e seu "cogito" / Hobbes e seu Leviatã / Bacon afirmando que a natureza deveria ser desbravada, compreendida e controlada (estuprada) assim como as bruxas).
As mulheres que reagiam ou não se enquadravam (velhas, estéreis, solteiras) foram majoritariamente as acusadas de bruxaria.
Para Federici, esse processo de controle, proletarização e medo generalizado desestruturou a organização política dos camponeses e possibilitou um controle mais rígido do Estado e do ideário burgues, transformando corpos em corpos de trabalho.
8 сен 2024