Este antigo palácio tem várias designações como: " Paço dos Duques de Cadaval ", " Paço do Infante D. Pedro ", " Paço dos Condes de Tentúgal ", " Quinta do Paço ", tratando-se de um monumento estilo Arquitetónico: casa nobre tardo-gótica, de arquitetura civil, agrícola e renascentista, é constituída por corpos salientes, com vãos góticos e altas chaminés, formada pela casa, eira, ( celeiro à direita do acesso principal e capela (à esquerda do acesso principal.
Pertence á freguesia de Tentugal, Município de Montemor-o-Velho, distrito de Coimbra
Edifício estilo Gótico, já referido em documentação do último terço do século XV, fazia parte da extensa Quinta do Paço, integrada nos férteis campos do Mondego, tudo indica doada em 1413 por D. João I ao Infante D. Pedro, futuro duque de Coimbra, que em 1417 obteve a jurisdição da vila de Tentugal, promovendo posteriormente grandes obras no paço, atribuídas ao mestre Estevão Gomes, onde mandou erigir uma capela, e patrocinando na mesma época a construção da igreja matriz. O Rei D. João I doou ao Infante Dom Pedro, ainda muito jovem, o lugar, paços e reguengo de Tentúgal. Dois anos depois, no regresso da tomada de Ceuta, Dom Pedro é nomeado Duque de Coimbra, em 1417.
D. Pedro de Avis e Lencastre foi Regente da Coroa de Portugal durante a infância de D. Afonso V, Duque de Coimbra, Senhor de Montemor e de Buarcos, de Aveiro, Ílhavo, bem como Senhor de Tentúgal, de Mira, de Penela, Lousã e outras terras da Beira Litoral. Haveria de ser vítima de cilada por parte de D. Afonso V e de D. Afonso I Duque de Bragança seu meio-irmão, sendo cobardemente assassinado em Alfarrobeira em 20 de Maio de 1449.
É quase impossível não cair na tentação de ligar o atual destino do Paço ao do seu mais antigo proprietário já que a memória do Infante dom Pedro, o Príncipe das Sete Partidas, cognome pelo qual ficou conhecido devido às suas viagens ao estrangeiro, tendo nelas mitologicamente visitado a Terra Santa, a Terra do Preste João e na realidade a Itália e a Inglaterra, sendo agraciado com o feudo de Treviso, com o título de Duque de Treviso, pelo imperador Segismundo da Hungria, e investido cavaleiro da Ordem da Jarreteira pelo seu tio Henrique IV de Inglaterra, mas que entretanto parece ter sofrido alguma maldição destinada a apagar o seu nome e o seu relevante papel na História do Portugal do início do sec. XV.
Nunca um cronista oficial terá sido tão eficiente na limpeza de um nome, como Gomes Eanes de Zurara, que bem mereceria ser considerado o grande percursor das “fake news” do nosso tempo ao destruir a memória de Dom Pedro.
apesar de se encontrar presentemente em ruínas, ainda se distingue a estrutura gótica do paço, com corpos salientes pontuados pela disposição das aberturas e sobretudo pelas chaminés altas que coroam o edifício.
O portal principal do paço apresenta um modelo muito semelhante ao que foi edificado na Igreja matriz de Tentúgal. O pátio é formado por um conjunto de arcadas e os capitéis aqui colocados, bem como os que suportam os arcos da varanda e do piso térreo, apresentam-se decorados com folhagens e motivos de inspiração andaluza.
O celeiro da casa, cuja cobertura já não existe, foi construído no século XVI, possuindo um portal de gosto renascentista e o espaço interior dividido em três naves, marcadas por colunas dóricas nas quais assentam arcos de volta perfeita, numa tipologia pouco comum em obras de carácter agrícola. No século XVII, assinala-se a construção da janela do celeiro encimada por pedra de armas.
Em 1476 o Paço de Tentúgal seria objecto de uma troca entre o príncipe D. João, futuro Rei Dom João II o Príncipe Perfeito neto do Duque Dom Pedro, e D. Álvaro de Portugal, pai do 1º Conde de Tentúgal, D. Rodrigo de Melo. Assim terminava a ligação do Paço de Tentúgal com o antigo Regente do Reino. Em 1648 o Conde de Tentúgal D. Nuno Álvares Pereira de Melo, é nomeado 1º Duque de Cadaval, título concedido por D. João IV aí se iniciando a ligação do Paço à Casa de Cadaval, entrando em ruínas pouco depois por falta de utilização.
Em 1834 o Paço foi incendiado pelos liberais dado que o então 6º Duque do Cadaval pertencia à facção absolutista. Continuando na posse da Casa de Cadaval, sofreu profundas alterações durante o sec. XIX e foi utilizado ainda durante boa parte do sec. XX, após o que entrou em estado de acentuada degradação, até hoje. Por volta do fim do sec. XX o Paço que inclui as edificações e terrenos com mais de 120 mil metros quadrados foi vendido a uma sociedade imobiliária, tendo desde então sido objecto de várias transacções.
Está classificado como Monumento de Interesse Público desde 31 de julho de 2013.
Atualmente por incrível que pareça, no seu interior em ruinas, vive um casal de brasileiros. Serve como curral para gado ovino, caprino, encontrando-se escondido dos acessos principais, vedado a visitas, protegido por um sistema de alta segurança, ao mesmo tempo que se negligencia desta forma, um pedaço da nossa história.
17 сен 2024