Vídeo: Por que você não vai Aprender NADA na Faculdade?
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Neste vídeo, Henrique, um dos dois Físicos, fala sobre o por quê que muitas pessoas não tiram notas boas na faculdade. Ainda hoje, esbarramos com resquícios de um passado em que se valorizavam certos conhecimentos e aptidões mais do que outros, como se fossem talentos natos e decisivos. A educação hoje nos ensina que precisamos ser mais abertos para identificar aquilo em que cada um é bom e usar essa característica a favor de um desenvolvimento integral. As noções de inteligência têm se transformado ao longo do tempo. Na Grécia Antiga, as ideias de Platão e Aristóteles já colidiam nesse sentido. Platão defendia a possibilidade de estudar o mundo e de imitá-lo, mas pregava que aqueles que se dedicassem à arte deveriam ser expulsos da pólis. Já Aristóteles acreditava na existência de uma variedade maior de saberes, todos valiosos: o racional, o técnico, o prático, a Sabedoria e o saber criativo. Durante muitos séculos, essa discussão seguiu mais no plano filosófico do que prático. Entre meados do século 19 e o início do século 20, ela voltou a ser fundamental. O mundo passava por grandes mudanças econômicas, tecnológicas e sociais: cada vez mais países se industrializavam, voltavam sua atenção ao desenvolvimento científico e implantavam sistemas educacionais mais amplos. Isso gerou o surgimento de dois aspectos que moldaram a ideia como a inteligência foi vista a partir de então. O primeiro deles se deu porque, com cada vez mais alunos, tornou-se necessário criar estratégias para agregá-los - de acordo com a idade e o seu conhecimento, criando as séries e etapas escolares - e observar sua aprendizagem - desenvolvendo mecanismos de avaliação e as notas. O segundo foi a criação de testes de inteligência, que atenderam a interesses diversos: identificar estudantes que enfrentariam dificuldades escolares e quais teriam potencial para seguir os estudos e se desenvolver em diversas carreiras. Nessa visão, a inteligência era ligada a uma aptidão em testes de raciocínio lógico-matemático e, muitas vezes, vista como uma característica natural, quase genética. Na prática, esses dois pontos criaram sistemas de exclusão. No limite, teorias naturalizaram a ideia de que as pessoas traziam de nascença diferentes potenciais de aprendizagem, apontados pelos testes de QI e pelo desempenho escolar, e isso explicaria diferenças sociais e econômicas. A maneira como estudantes são avaliados ainda é limitadora, pois reconhece só uma parte do que se considera importante aprender. Associada à antiga ideia de que a inteligência é algo natural, ela pode ter consequências muito negativas. Um exemplo é o do sistema educacional alemão. Lá, crianças são direcionadas a diferentes escolas após o final da educação primária, de acordo com seu desempenho acadêmico. Essa diferenciação também indica quais teriam mais aptidão para seguir os estudos em uma formação técnica ou universitária. No Brasil, os resultados são ainda piores. Alunos que não se saem bem nas avaliações são reprovados diversas vezes, gerando um fenômeno chamado de distorção idade-série - quando há uma diferença de mais de dois anos na série em que o estudante deveria estar de acordo com a idade. Ela vem acompanhada de um estigma que recai sobre o aluno: do seu próprio ponto de vista, assim como entre familiares e até entre educadores, ele passa a ser visto como um incapaz de aprender. O resultado, com frequência, é que ele largue a escola, um problema enorme para o nosso sistema educacional. Dados mostram que, hoje, 40% dos jovens de até 19 anos de idade não concluíram ainda a Educação Básica. Obviamente, a noção de inteligência não é a única causadora da desistência dos estudantes, mas parece claro que ela permeia esse fenômeno.
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6 окт 2024