In this serie, Christian Dunker seeks to answer some recurrent doubts regarding psychoanalysis. On today's video, he will bring the perspective of the psychoanalysis regarding gender discussion.
Recomendo a vcs que não entendem o que o Cristian fala iniciar um processo analitico, ou visitar outros canais de psicanalise. Mas eu garanto esse é um dos melhores e mais didáticos.
Professor Dunker compreendo os problemas apresentados em torno do lugar de fala porém acredito que tirando do campo do dualismo e trazendo para o das experiências encontramos fundamento uma vez que é a experiência que forma a consciência e de forma estrutural o gênero feminino tem experimentações singulares. Para além disso observei que neste vídeo em alguns momentos se fez confusão entre gênero e orientação sexual, colocando inclusive a transexualidade no plano da fantasia e não da identidade e acredito também que devemos abolir o termo "transexualismo" por óbvio. No mais, aprendo muito com seus vídeos, grata.
Se vc tem uma experiência de voar, não que dizer que seja pássaro ou seja uma baleia por ter experiência de mergulho. Você tem todas características de um ser humano embora prefira ser um pássaro. Ou chegará um ponto que a ciência nos permitirá isso
Olá, Dunker. Adoro seu canal! Aprendo muito. Um comentário sobre esse vídeo e no video sobre transexualidade: parece que há uma mistura nos conceitos de identidade de gênero, performance de gênero e orientação sexual. A essas quatro dimensões ainda se soma o corpo biológico. Então queria saber como a psicanálise vê cada uma dessas dimensões. E eu concordo com o Fernando Souza, que comentou abaixo, que a psicanálise ainda é bastante cis-heteronormativa, mesmo em Lacan, e inclusive nos termos como falo, Nome-do-Pai, Desejo-da-Mãe, castração, "a Mulher não existe", etc. E muitas vezes escuto "mas não é Mãe de mãe-mulher-que-pariu, é só uma função"; sim, é uma função. Mas se a palavra é tão importante pra psicanálise, não seria possível desenvolvermos uma certa "atualização semântica" que contemplasse melhor o léxico e o ethos dos gêneros contemporâneos? Como fizemos de forma louvável com os famosos epônimos na Medicina, que foram gradativamente substituídos por termos mais descritivos e mais neutros (como "sinal de Giordano" para "punho-percussão dolorosa da loja renal"). Quem sabe como uma atitude política da psicanálise para contribuir com a destituição de poder (como vc cita no vídeo), inclusive do poder do Patriarcado? Lanço aqui esse desafio! Abraço grande!
Professor, o senhor já comentou sobre como não há homossexualidade, mas homossexualidades, no plural. Intuo que o mesmo se aplique a heterossexualidade, bissexualidade, etc? Poderia comentar mais sobre as experiências que vão definir essas identidades sexuais? Em específico, as pessoas sempre coalescem em um Édipo positivo ou invertido/negativo? A existência de pessoas bissexuais traz problemas pra psicanálise?
Adorei o figurino , me lembra Werther. Assisti todos os "Falando Nisso" em poucos dias, adorei, agora estou revendo todos, fazendo um diálogo com minha psicanalista, envio pra ela todos os que vem de encontro ao meu processo psicoterapêutico. Muito obrigada...
Concordo inteiramente com a crítica à noção de lugar de fala como essencialista. Como professor universitário e pesquisador, hoje enfrento esta polêmica diariamente na sala de aula com militantes feministas e também do movimento negro. No entanto, não estou certo de que esta noção de performatividade se aplique à questão da classe social. Você é de uma classe, queira você ou não, e não depende de você "performativizar" sua classe social, pois seu lugar está estabelecido na sociedade de classes e só vai mudar se você fizer uma revolução e acabar com a sociedade de classes. Gostaria de saber como você se situa frente a isso. Porque as respostas do pós-estruturalismo a esta questão são inócuas. Obrigado.
Caro professor, é um deleite seguir a lógica que vai delineando. Estou aprendendo mesmo, conforme vai falando consigo ir montando em minha mente a informação de forma concatenada, bem bacana. Obrigadíssima!!! 💞💞💞💞
Eu vou fazer curso de psicanálise, estou vendo seus vídeos para me orientar sobre meu curso e ajudar , então conhecimento e ajuda nunca é demais . Meu pensamento é ajudar no futuro um pouco desse conhecimento de Freud ao meu próximo no trabalho do bem . Antes de tudo tenho certeza que irá me ajudar também como "ser". Espero aproveitar muito professor dos seus conhecimentos para ser uma semente que florescerá no futuro . Obrigada por fazer parte do RU-vid para auxiliar a todos nós . Namastê!
Discussão muito potente, professor. Conduziu com muitas referências e isso é excelente mas quanto ao princípio do lugar de fala acho que poderia ter comentado um algo sobre a função sob a qual ele é defendido, já que ele existe, talvez, como contraposição à violência da anulação da experiência alheia como forma de assassínio do diferente, ou seja, normalização.
Depois que comecei a assistir os vídeos do Prof. Já ganhei uma paciente. Minha irmã kkkkkkkkkk praticamente todo os dias ela me consulta pelo WhatsAAP pretendo atender uma parte da minha família. Quando estiver deprimido com minha consultas,eu peço um suporte ao meu mentor, esse prof. Maravilhoso de uma inteligência e simpatia fantástica.
Professor este seu vídeo está muito interessante, embora curto proporciona alguns esclarecimentos acerca do tema, vou procurar ler as referencias que você cita, estou estudando a transexualidade sob uma ótica psicanalítica, tema que pretendo discorrer em meu TCC.
Mas vc concorda que a prática clínica psicanalítica ainda é realizada a partir de uma lógica heteronormativa? O que aprendi sobre desenvolvimento psicoafetivo na andropausa e menopausa, assim como a vida psicoafetiva das famílias, é tudo baseado na heteronormatividade da construção edípica!!! (É uma hipótese que levanto para um futuro mestrado/doutorado...)
Exatamente Fernando !! Uma ótica heteronormativa "humanista" (que acaba por invisibilizar a diferença). Tem uma aula no canal das "as pensadoras" chamada "mulheres e psicanálise" que fala sobre esse tema !! (Talvez possa te ajudar) Abraço
Professor, comenta sobre o registro documental do psicanalista de orientação lacaniana em contexto de atendimento institucional, em que o registro documental (prontuário) é acompanhado por outros profissionais. Há uma resolução do CFP que regula o que deve conter nesse documento (Resolução CFP 001/2009), mas como pensar essa questão do registro documental frente a prática clinica do psicanalista de orientação lacaniana... Lacan comenta em algum lugar do como ele lidava com essa questão, pois Freud comenta algo no texto das Recomendações aos médicos que exercem... Abraço
Fala dunker tudo bem? mais uma vez um ótimo vídeo, queria fazer só um comentário sobre a discussão de local de fala. Eu acho que o que você comenta tem mais relação com uma forma de se usar o conceito (que tambem penso estar equivocada) do que ao conceito em si. Na verdade tem muito material sobre o que seria local de fala e pelo que entendi das leituras que fiz o conceito tem muito mais a ver justamente com a busca por romper com a ideia de que exista alguma fala pura, que não parta de determinado vies. Nesse caso teria muito mais a ver com buscar reconhecer as diferenças sociais com que os grupos são tratados do que determinar quem pode ou não falar sobre determinado assunto. A busca parece ser entender de onde vem os discursos e assumir que eles não são separados da história como muitas vezes se sugere. A djamila ribeiro tem um livro muito interessante sobre o tema chama "lugar de fala", fica a recomendação com um trechinho onde ela cita uma outra autora: "Por exemplo, afro-americanos, como um grupo racial estigmatizado existiu muito antes de eu nascer e irá, provavelmente, continuar depois de minha morte. Embora minha experiência individual com o racismo institucional seja única, os tipos de oportunidades e constrangimentos que me atravessam diariamente serão semelhantes com os que afro-americanos confrontam-se como um grupo. Argumentar que os negros, como grupo, irão se transformar ou desaparecer baseada na minha participação soa narcisista, egocêntrico e arquetipicamente pós-moderno. Em contraste, a teoria do ponto de vista feminista enfatiza menos as experiências individuais dentro de grupos socialmente construídos do que as condições sociais que constituem estes grupos.(COLLINS, 1997, p.9)"
Olá professor! O senhor poderia falar um pouco sobre a noção de lalangue em Lacan, de como ela pode ser pensada na linguística e qual o limite desta na abordagem daquela? Muito obrigado!
Eticamente irretocável. Muito bem recebida será sua abordagem, acredito. Quem é você? Quem é você que tem categorizado o "Eu sou". Eu sou ou Eu sendo? Não "seria" im pouco assim: Ser ou não ser? Eis a questão, me permita o mestre levantar em questão que abre-se a perguntar: Quem eu sou neste lugar subjetivando-me? Com um pouco de saber, ser no viver vivendo sempre será uma questão. Mas que abra um pouco de saber ... Meio que chegando próximo a Roland Barthes, em seu livro a Aula. Saber e poder (phalo)... eis a questão. Abraços e congratulaçoes, Helani A.R.Nunes.
Olaaaaaa! O vídeo sobre o Grafo do desejo acabou com a necessidade" do nosso cartel. Falamos muito sobre o vídeo, que foi muito esclarecedor e rimos muito, lá se vai nosso cartel! Risos. Vc assistiu o filme "O Estranho que nos amamos?" Se sim, tu poderias comentar? Muito obrigada.
Tem muitas coisas interessantes na sua fala, Christian. Mas sobre o lugar de fala, ainda que vc tenha razão do ponto de vista epistemológico, do ponto de vista político acho sim que reconhecer lugares de fala seja estratégico - a gente está falando aqui especialmente de pessoas que são marginalizadas não (só) individualmente, mas sim pelas condições sociais que fazem delas corpos menos aceitos em lugares de visibilidade. Então se trata de uma questão prática: por mais desconstruídos que formos, ainda é real que pessoas mais privilegiadas vão ter mais acesso inclusive à elaboração do seu próprio discurso. Então cuidar dos lugares de fala significa reconhecer essas disparidades e procurar dar prioridade de elaboração pra quem experimenta por si mesmx a exclusão.
Cuidar ou reconhecer lugares de fala é diferente de dar-lhe status de autoridade. Isto não contribui a diluir estruturas de poder, apenas desloca o lugar do falo. Fosse por isso, como ficaria o caso das crianças? Só elas teriam autoridade para falar por si, mas com poucas ferramentas de elaboração e nenhuma estratégia de defesa... (infante: sem voz). Na ausência de capacidade de narrar-se a si próprio, surge a invisibilidade, e com ela, a vulnerabilidade, e com esta, a violência.
Dunker, ao meu ver, para além de uma função política há também fundamentação rigorosa. O trabalho da djamila ribeiro sobre " o que é lugar de fala" é didático em demostrar o uso que é feito como estratégia e a fundamentação teórica, e que pode aparecer contradições - como toda estratégia política. A importância, na minha leitura, é trazer ênfase na construção de narrativas a partir das estruturações da sociedade, e não uma disputa de narrativas ou essencialismo. A aposta é pela mudança, identificando os lugares, trazendo para cima.
Gosto muito de Butler. Ela quebra a binariedade a partir de Derrida, não é? O q vc acha de sua crítica no caso do Pai da Horda, Totem e Tabu? Não quebra a noção de heteronormatividade? E, mais importante, como operacionalizar, contemporaneamente, esta "iconoclastia" (inclusive na teoria psicanalítica no que tange ao estágio do Édipo, para a construção das identidades psicoafetivas?)
Olá professor! gostaria muito de ouvir sua fala sobre um tema que mt me provoca: quais contribuições a psicanálise pode oferecer ao problema da caridade? Há, por certo, uma denúncia da psicanalise às motivações narcísicas por trás dos atos de caridade, dos gestos humanitários, algo que poderíamos chamar de contribuições críticas, ou negativas, ao assunto. Mas quais contribuições "positivas" ela poderia oferecer ao tema? Como construir uma intervenção social coerente com toda a problemática do desejo em Freud e Lacan? Em suma, como fazer o Bem quando desconfiamos que ele não existe?
Tenho uma dúvida constante, não quanto a normalidade, nem quanto a cura ou a doença psicológica mas quanto A CAUSA do que chamamos de doença mas que resulta em sofrimento. Também quanto a felicidade humana , os caminhos que percorremos para chegar a isso e, se é necessário tendi em vista o custo muito alto. Se é que se encontra a felicidade ao final. Young disse que nadar a favor da corrente é mais fácil. Porquê não? E muitas outras dúvidas. Sobre os Deuses e deusas ( o que vem a ser isto) que talvez sejam a causa de tudo isto e se podemos prescindir deles, afinal nós os substituímos pelos heróis, pelas dicas, enfim. A Linguagem os cria ou apenas os torna visíveis? Porquê tem me parecido estar num mundo de sombras e, com uma lanterna, eles podem ser vistos. Na Índia acreditam que ia deuses nos habitam se conformam e se respeitam. Se viver pelos deuses parece difícil, viver no vácuo é pior. Assim como trabalhamos para uma empresa pelo salário, podemos trabalhar para um grupo de poder se estamos em sintonia com os objetivos do grupo. Isto seria assim um fiel de uma Igreja ou um ateu de um grupo específico. Mas ninguém sabe onde está e a quem está ajudando ou porque se prejudica quando não sabe onde está. Porém, a democracia vida deixar os poderes soltos e partilharem os benefícios. O povo fica ao acaso ou submetido ao mais forte, ao lugar aí pais. Do mesmo modo que difícil dizer "quem sou eu" é difícil dizer "porque sofremos". As várias opções sexuais não resolvem o problema da tal felicidade. Nem ser pobre, nem ser rico, feio ou bonito ou ser branco ou negro, enfim, deve haver um outro motivo e nele não podemos tocar.
Achei interessante em Butler o questionamento do sexo também fruto das estrutura de poder e saber, ou seja, o sexo não é índice, a biologia não é destino. Com Foucault destrói a ideia de sujeito substancial ontologizado, assim como a divisão de Descarte em sua mente-corpo.
Nao e isso o lugar de falar é uma crítica ao fala universal dominante, então todo mundo pode falar sobre tudo só não pode deslocar sua fala de seu lugar, não em sentido estático, o lugar é o próprio momento processual na construção da sua identidade. Livro sugerido: lugar de fala -djamila ribeiro
O "lugar de fala" é uma questão da consciência sobre si mesmo e sobre o outro, não sobre censura e proibição das opiniões das maiorias sobre as minorias. Por exemplo, um pessoa heterossexual não tem "lugar de fala" sobre homossexualidade, pois enquanto uma pessoa não-homossexual, ela deve compreender de que, mesmo sendo contra a homofobia, ela deve ter a consciência de que ela sempre será uma pessoa heterossexual, que esse sujeito é o "outro" em uma perspectiva de hierarquia e preconceito e que não sente na pele o que outrora lado da moeda sente. Não é uma proibição da maioria expor seu assunto sobre a minoria, mas sobre reconhecer que a maioria não pode falar como se fosse uma minoria. Uma pessoa heterossexual tem direito de falar sobre sexualidade e coisas relacionadas, mas jamais poderá falar como se fosse um homem gay ou uma mulher lésbica. A filosofia do lugar de fala não é uma questão de censura e proibição de uma determinada maioria sobre uma determinada minoria em um determinado contexto. Eu acho incrível que programas que apresentam pessoas superficiais como o BBB, os PodCasts e a A Fazenda podem colocar a sociedade em uma profunda alienação por meio das mídias a ponto de conseguir deturpar até um conceito filosófico, as mídia conseguiram com sucesso colocar pessoas sem aprofundamento intelectual e sem bom senso para fortalecer uma massa de desinformação para sociedade sobre o que é "lugar de fala". Quem criou a filosofia do "lugar de fala" foi a escritora Djamila Ribeiro, vocês tem opção de querer ou não querer ler o livro dela sobre esse conceito. Quem propagou uma deturpação da empregação do termo "lugar de falar" foram os idiotas e idiotas conseguiram fazer isso com sucesso. Consequemente, isso também moldou uma opnião prematura das pessoas que são contra esse termo e que, no fundo, também não a compreenderam da maneira certa, assim beneficiando pessoas contra determinados movimentos sociais em uma intensidade equivocada e injusta.
Queria saber mais sobre gênero e transexualidade pra que eu possa entender melhor. Eu sou Radfem mas eu não concordo da maneira que algumas rad falam sobre transexualidade. Toda essa questão de se travestir de algo é bem complexa do ponto de que vc quando se traveste irá atribuir oq vc tá vestindo a alguma coisa, que por exemplo é atribuir a vestimenta a mulher, pode ser um dedo na ferida por ser algo impactante hj em dia que somos definidos por gênero, acredito que pode ser levado como uma crítica tbm, mas não como apropriação ou Black face, assim como algumas Radfem gostam de falar criticando as drags
Christian como você conseguiu pegar emprestado a blusa do Ben no filme Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso? kkkkkkkkk só um chiste, obrigada pelo canal! parabéns pelo trabalho de vcs!
Não consigo entender o que o Dunker diz. Eu fui criado no sistema mais carola do universo e o conteúdo sobre sexualidade que estou vendo na psicoterapia é beeeeeemmmm fora dessa caixinha. A criança não precisa ser criada sem gênero, de alguma forma você vai encontrar sua expressão sexual ao longo da vida. O que eu sinto é a insistência na marginalização e alguma intolerância com o diferente, isso é realmente lamentável. Se o garoto se sente uma garota e quer expressar isso se vestindo de mulher publicamente, onde está o crime? Não há crime! Você tem todo o direito do mundo de não gostar, de achar o que quiser achar....e a sua liberdade termina aí. Respeito é para TODOS.
A forma que é falada dificulta o entendimento, fez menções de varias referencias de livros bem como Freud e Lacan...Seria de grande valia se falasse de tal forma que todo o publico pudesse entender com mais facilidade. a impressão que se passa é que esta dando aula de psicologia pro terceiro ano.
Olá professor, parabéns pelo canal, com ótimo conteúdo e didática muito clara! Vi um comentário essa semana que achei muito curioso e me incomodou um pouco, o de que Freud era gay, dito por alguém com bom nível cultural e social. Dizer que ele tinha pulsões homossexuais seria uma coisa, até aceitável em certo sentido, mas sem esquecer sua enorme capacidade de sublimar. Agora, afirmar que ele era literalmente gay é bem diferente, o que me parece, senão um grande equívoco, ao menos um exagero muito grande. O que o senhor acha? Seria lícito sustentar que Freud era gay ou é possível afirmar que ele não o era? Grande abraço e muito obrigado!!
(com licença pra responder a sua pergunta) Recomendo a leitura de "O pensamento hétero" de Monique Wittig e a "Heterossexualidade compulsória e a existência lésbica" de Adrienne Rich.
Mas, Christian, não consigo concordar com a ideia de que falar em identidade significa retornar imediatamente a um essencialismo. Falar em identidade é falar também sobre os modos pelos quais as pessoas podem se proteger, maneiras pelas quais elas podem criar laços, formas através das quais elas podem ou não se reconhecer e, assim, se tornar visíveis em meio a um contexto sócio-simbólico que as invisibiliza (o que a meu ver não significa comprar a promessa de que os sujeitos serão contemplados, em totalidade, por um lugar identitário). E quando você fala em crítica da identidade parece, em alguma medida, uma posição que afronta isso ou que vê, necessariamente, nisso um problema. Queria entender melhor a separação que você faz entre epistemologia e política, pois não vejo como demarcar de forma rígida essa fronteira e te perguntar: como defender a crítica à identidade diante de situações em que certos sujeitos não podem sequer ter sua identidade reconhecida?
Olá Lívia, te acompanho perfeitamente nesta ideia de que o reconhecimento de identidades permite dar visibilidade e articular formas de sofrimento ou aspirações comuns que tem uma altíssima potência política, protetiva e propositiva. Isso não precisa ser feito em nome de uma essência estável, exterior ou interior, nem requer que nos uniformizemos, mas isso requer, quero crer, um entendimento específico de como o "personal is political". Como uma teoria sobre a "pessoa" se liga com uma concepção de transformação coletiva? Em outras palavras, como uma epistemologia do sujeito se conecta com a ação política? É neste contexto que critico as chamadas políticas de identidade (admitindo que nem todas se comportam assim), porque, até onde consigo ver no panorama contemporâneo, elas deveriam se entender como estratégias ou como táticas, na medida que articulam particulares e na medida em que isso não é suficiente para engendrar uma política universalista (que me parece importante). É muito menos uma objeção que unifica as políticas de identidade, ou que as desqualifique em uma mesma plataforma essencialista, e mais uma crítica (e também uma autocrítica) a uma certa psicologia que subjaz, frequentemente tal estratégia. Tentando responder sua pergunta: sim, antes de tudo reconhecer identidades, organizar-se em torno de traços de opressão comum, defender-se e dar voz a ela, denunciar a violência tolerada pela moral da indiferença (seleciona identidades que merecem reconhecimento, institucional e pessoal, e as que permanecerão "naturalizadas"). E depois disso? Qual o horizonte de "dissolução destas identidades" estrategicamente criadas? Caso contrário nosso discurso político se reduzirá a reposição de identidades, perdendo assim sua força transformativa (que é o que eu pretendia apontas ao chamar a atenção para a hipertrofia da noção de "lugar de fala"). Que te parece? Abraço
Vejo que aí que está o impasse. Ao mesmo tempo que precisamos afirmar as identidades para organizar as formas de resistência, precisamos também trancende-las de alguma forma, de forma a neutralizar a assimetria nessas relações de poder. Por exemplo, não é preciso apenas se afirmar identitariamente como mulher (para se organizar as lutas), mas é preciso em um momenro seguinte transcender isso de forma a anular as assimetrias nas relações de poder que dizem respeito a gênero, para termos um mundo onde as pessoas não precisem sofrer por terem impostas a elas categorias prontas e obrigatórias por terem nascido com determinado dimorfismo sexual. É complexo isso, mas o fato de mulher estar retomando para ela o direiro de criar sua própria identidade ao invés de aceitar a identidade imposta pelo homem, já é um grande avanço. Só temos que ter cuidado para não cair no sectarismo e no oposicionismo potencialmente nocivo entre causas(cis vs trans, por exemplo).
@@ladymorwendaebrethil-feani4031 , seja o que você acha o que deve ser, mas irá arcar com as consequências. Acho que esse modelo binário é o que mais se aproxima do real ou que permita a nossa espécie viva. Creio que não seja um modelo imposto pelo homem mas um modelo natural. Se cha que esse mode prejudica sua existência lute por um melhor
lugar de fala é diferente de representatividade professor.. lugar de fala é se reconhecer pertencente a um grupo e falar a partir dele.. principalmente se faz parte de um grupo privilegiado como homem, hétero, branco, magro.. etc
Wallacy Martins “lugar de fala é conceituado como “a representação das posições sociais e da posse de capital simbólico dos agentes sociais envolvidos” Marcia Amaral (2005) Lugares de Fala
Quando a biologia e a psicologia não estão de acordo com suas ideias, você: A) Elabora novas ideias. B) Modifica suas ideias para torná-las mais compatíveis com a ciência. C) Ignora a ciência e procede como se nada tivesse ocorrido.
João de Carvalho existe uma incoerência entre as ciências exatas e ciências sociais humanas. A própria fisiologia humana não muda com o conceito psicologico do indivíduo, impossível biologicamente.
@@RafaelSantos-bl1kg Não entendi direito o que você está chamando de fisiologia humana. Seja o que for, os processos fisiológicos interagem com os mentais. A glândula pituitária, por exemplo, obedece a comandos vindos do cérebro, secretando diversos hormônios de acordo com a situação.
Queria vê esse debate sendo entre Djamila Ribeiro e Christian Dunker, pq eu tenho quase certeza que Dunker não entendeu o que é lugar de fala! Nota que Dunker cita majoritariamente homens, nunca vi falar de lugar de fala sem falar de Djamila Ribeira, Leia Gonsalez entre outros, reduzir a discução de gênero e lugar de fala e NÃO DAR A FALA a mulheres negras é um erro também epistemiológico, pq de novo o homem pega a fala de o que é e o que não é e apaga a mulher negra, Hegemonia Epistêmica é justamente isso, só o homem branco fala.
Ele só disse q é preciso elaborar o conceito de modo a não cair em essencialismos. Senão, como fica a situação das crianças? Ninguém pode falar por elas?
Numa atitude anti-marketing a ideologia de gênero ( IG ) atrai a repulsa e antipatia das pessoas quando as crianças são o ALVO da IG. E eu pergunto , pq não testar com os adultos defensores dessa IG ? Percebo que os defensores da IG a defendem com tanta veemência e convicção que até gostariam de testar (viver) a IG. Apresentar às crianças 56 tipos de gêneros para uma possível escolha torna a IG confusa e inócua.
Marcio de carvalho coutinho apresentação de gênero pra crianças no mínimo é um desastre, a fisiologia humana é biologicamente diferente , tem que ser ensinado na escola ciências exatas. Isso na escola iria gerar um caos social , uma escala de confusão sem precedentes.
@@RafaelSantos-bl1kg , estamos nos últimos lugares de uma classificação da educação. Professores mal remunerados, inchaço de de disciplinas, 70% dos egressos do ensino médio são ANALFABETOS FUNCIONAIS. Vc está correto : será uma confusão descomunal.
Professor, a sua argumentação sobre "lugar de fala" não me pareceu consistente. Em termos políticos, concordo com a sua crítica ao conservadorismo em que ela é descrita, mas não houve da sua parte referências bibliográficas e debate intelectual suficientes e no mesmo padrão com que o senhor abordou outras questões. A questão me parece exigir a análise de outras dimensões do que se chama "lugar de fala", entre as quais, a dependência que o significado tem da situação e do espaço em que ele é emitido e recebido; em outras palavras, a condição relacional da enunciação. Por isso, acho que a questão política importante se trata menos da autoridade de quem pode emitir o discurso e mais da responsabilidade no gesto de enunciar. Enfim, não sei se consegui ser claro. De qualquer modo, registro minha admiração pelo canal e por seu trabalho.
Sim, lugar de fala é uma noção importante em Lacan e Foucault, não cabia detalhá-la neste contexto, o que mudaria o assunto, mas apenas apontar que em nenhum destes autores ela sugere uma identidade essencial individualizada ou natural, mas como você indica uma posição inconsciente de enunciação em sua relação com o enunciado, com efeitos na economia de poder. O uso epistêmico contrasta muito com o uso político, essa era a mensagem. Abraço
Concordo com a crítica de Ivo. Também me soou inconsistente a argumentação, e o tom provocativo, me parece, dispersou a importância da manifestação da fala e de seus inúmeros lugares, algo que vejo como de importância histórica para a psicanálise. A título de exemplo citaria o clássico caso de Anna O que inaugura a associação livre no método psicanalítico. O contexto em que Anna O interpela Freud e pede para ser ouvida, apenas para ser escutada de sua posição de quem porta um modo específico de sofrimento. Ela pede para que não seja interrompida o tempo todo pelo discurso médico de Freud, e isso me parece um exemplo primordial da importância do lugar de fala para a psicanálise, e suas ligações com as raízes do próprio método. Não à toa posteriormente Anna O, livre de boa parte de seu sofrimento histérico, se torna uma importante feminista da época. O que me diz, Dunker?
Olá Prof. Christian! Creio que sua crítica ao tema do lugar de fala tenha um problema no momento em que você diz "autoridade primitiva". Não penso que quem defende um "respeito ao lugar de fala" esteja, de fato, criando uma ordem sobre quem pode ou não falar, de quem é ou não o falo. Na realidade, penso que se há uma resposta direta ao termo utilizado, seria dizer que se trata de uma "autoridade cotidiana". Autoridade não necessariamente no sentido de uso de força e repressão para os discursos diversos. Penso que se trata do clamor de um direito de prioridade (logo, para mim, todas as partes devem ter direito à fala, havendo certos limites básicos de respeito mútuo), que foi historicamente negado a todas essas minorias e que, na verdade, só querem poder falar sobre seu sofrimento sem ter, como você disse, seu discurso apropriado pelo outro. Na minha concepção, respeitar o lugar de fala é respeitar e entender como demanda um pedido de licença para fala, dado que o sujeito que se constitui como parte de uma minoria oprimida raramente tem o direito de falar. O direito à fala não é democrático e dado como condição à todos de forma igual. Ao respeitar o lugar de fala penso que o objetivo é dar espaço e voz aos discursos que são continuamente oprimidos - ainda que inconscientemente - por aqueles que têm privilégios (os héteros, brancos, ricos, etc.) ou são favorecidos socialmente justamente apenas e tão somente por sua dimensão imaginária. Penso, por exemplo, nas diferenças entre a abordagem policial de um branco e de um negro no mesmo local. Duvido que são iguais, como deveriam. Respeitar o lugar de fala é poder ouvir daquele negro como ele sentiu essa diferença de abordagem, por exemplo. Neste exemplo, o branco não viveu uma situação de opressão simplesmente por ser branco. É respeitar o direito de fala (que muitas vezes só é respeitado aparentemente) daqueles que costumeiramente não têm o direito nem de pedir por ele.
