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Nesse vídeo eu quero falar um pouco sobre o desastre do RS e a o que tem sido feito em relação aos animais silvestres e como isso afeta as ações de conservação de espécies nativas..
No final de abril (29) começaram chuvas intensas no estado, e em menos de 24h, já eram informados os primeiros desaparecidos e mortos. Da tragédia que em poucos dias, assumiria a proporção de maior desastre natural já ocorrido no RS...
Também foram muito divulgadas as ações de resgate de animais, basicamente focadas em animais de estimação, animais de produção e animais de trabalho.
Muito pouco se ouviu falar sobre as ações desenvolvidas para a fauna silvestre nativa do Rio Grande do Sul. Houve alguns comentários sobre o jacaré em porto alegre.. Outras campanhas sobre o risco de encontro com animais peçonhentos ao retornar para suas casas...
Infelizmente vi ratões do banhado atropelados...
Mas a exposição aos atropelamentos é apenas uma das faces que essa tragédia vai ter sobre a fauna nativa.
O bioma pampa possui uma diversidade enorme de plantas e animais, principalmente gramíneas, leguminosas e cactáceas, e grande diversidade de aves, répteis e anfíbios.
Como vai ser o reestabelecimento dessa flora nativa? Quais os impactos que o intervalo de sucessão vai trazer para a fauna?
Quais foram as perdas de artrópodos? Muitos indispensáveis para a polinização.... ou mesmo como recurso alimentar para outras espécies..?
Imagine, aqueles peixes anuais, que sobrevivem em pequenas poças de água no Pampa... e que dependem de muitos fatores ambientais para reproduzirem com sucesso... essas poças foram tapadas por lama... e essas espécies? Foram extintas? Existe alternativa para elas?
E as populações de animais cursores, fossoriais... mesmo aqueles arborícolas, certamente foram e continuaram a ser impactadas...
Répteis como lagartos e serpentes, que podem ter buscado refúgio nas tocas.. algumas espécies em galhos e topos de árvores... e que foram ou cobertos pela água, ou arrastados juntos das árvores arrancadas pela força da correnteza..
Anfíbios, tendo suas áreas de reprodução completamente alteradas, ou destruídas...
E os mamíferos... fossoriais ou semi fossoriais, como tatus e tuco tucos..
Mesmo animais de locomoção mais ágil, como graxains, mãos-pelada, quatis além da necessidade de dispersar para longe, buscando áreas mais altas, mesmo essas podem ter sido inundadas ou ficarem ilhadas... e isso pode (e acredito que certamente vai) dificultar acesso aos recursos alimentares
Espécies arborícolas, ou semi-arborícolas, como bugios, gambás (saruê), cuicas, e até mesmo as aves foram afetadas, pois em algumas áreas, nem as copas das árvores ficaram fora da água. O que destruiu ninhos, e acabou com recursos alimentares.
Vídeo não para criar um trem fantasma, mas para deixar claro que os impactos estão apenas começando a aparecer...
E para podermos intervir, precisamos iniciar o trabalho de levantamento o mais rápido possível para criarmos estratégias de atuação.
Identificar os locais onde as populações estão, se estão isoladas em pequenos fragmentos ou não..
A Falta de recurso alimentar para os animais silvestres que resistiram é uma grande ameaça, assim como o isolamento, dentre outros problemas que podem vir a ser percebidos
E por fim, quero alertar que essas questões podem ter impactos socio econômicos também.
#wildeyesEPS
8 сен 2024
