Ganhar um presente, receber um gesto, nos faz sentir muito bem, valorizados e reconhecidos. Mas quando o presente vem coberto de cobranças desproporcionais temos que prestar atenção para não fazermos nada que nos agrida.
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Este vídeo se propõe a apresentar situações nas quais um psicólogo pode atuar no processo de psicoterapia, não tendo função de tratamento. A psicoterapia é o seu espaço para receber orientação, refletir, se conhecer, mudar comportamentos, pensamentos e sentimentos
Marisa de Abreu
Psicóloga CRP 06/29493
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Quando um presente recebido te coloca numa cobrança emocional
Oferecer algo pode ser tanto um gesto de gentileza como de sequestro emocional.
Sabemos que ninguém é obrigada a nada, mas até a palavra que usamos para agradecer declara um sentimento de obrigação de retribuição. A palavra “obrigada” diz que a pessoa que recebeu se coloca no estado de obrigação de retribuir, e a outra parte fala educadamente “de nada” para desobrigar esta pessoa. Da mesma forma a usual palavra “imagina” que significaria, que nem na imaginação esta pessoa estaria obrigada a retribuir.
Tentando puxar pela memória lembro de somente uma vez onde recebi algo de forma totalmente desprovida da obrigação de qualquer retribuição. Eu estava olhando vitrines na rua quando uma pessoa passou por mim, me entregou um origami e saiu andando. Não esperou um obrigado, não esperou nem para ver se eu sorria para o origami o que já seria uma forma dele se sentir bem pelo ato, ver que fez algo bom para alguém o faria se sentir bem e já seria algo recebido em troca.
Quando doamos gostamos de saber quem está recebendo, nem se for uma foto geral do grupo de pessoas que recebe, ou uma breve descrição da pessoa ou grupo.
Em alguns lugares existe o hábito de colocar o excedente de frutas de seu quintal em saquinhos amarados no portão para quem passar. Mas já ouvi histórias de pessoas que pararam de colocar frutas ao perceber que estavam sendo recolhidas todas por uma mesma pessoa ou por pessoas que não precisavam. Ou seja, nos sentimos bem doando, mas queremos saber do uso que aquele que recebe faz do que doamos.
E com esta ideia podemos ir para nosso dia a dia. Já sabido de muitas pessoas que ao jantar com alguém, mesmo sendo convidado, sairá muito mais barato pagar sua parte da conta devido às expectativas de quem pagaria para você.
Em geral as pessoas se sentem bem ao receber, se sentem valorizadas, reconhecidas. Mas é interessante como alguns não consideram oferecer a contrapartida, e isso também pode ser bem ruim. Pois uma pessoa que adora ser bem tratada, mas nunca leva uma lembrança, não leva nada para ser compartilhado junto, esta pessoa está passando uma mensagem do tipo “estou aqui para você me tratar bem, eu não devo nada a você, e a simples alegria da minha presença tem que ser suficiente”. Isso não deixa de ser uma postura egoísta, arrogante.
A arte está em saber o que oferecer de retribuição, não fazer nada que agrida a si mesmo. Em entender se existe má fé de quem te oferece algo, e isso me lembra aquelas pessoas que te oferecem brindes nas calçadas e se você receber terá que ouvir sobre todos os produtos que a pessoa está vendendo. E quantas vezes isso não acontece em formas parecidas em nossa vida?
22 сен 2024
