Janaina Paschoal tornou-se um dos nomes centrais do debate político no Brasil em anos recentes. Advogada criminalista e professora de direito penal da Faculdade de Direito da USP, ela se projetou nacionalmente como uma das vozes mais inflamadas nos protestos contra o governo de Dilma Rousseff nos primeiros meses de 2015.
Naquele mesmo ano, ela assinou como autora, ao lado de seu ex-orientador Miguel Reale Jr. e do ex-petista Hélio Bicudo, o pedido formal de impeachment de Dilma. A presidente acabaria sendo deposta em 2016, após decisão do Congresso.
Nesse momento, saiu de vez do mundo jurídico e entrou para a política. Que ela vê, na verdade, mais como um exercício de individual: chama sua atuação simplesmente de “cidadania”. É crítica também dos partidos políticos: “sou defensora da candidatura independente. Eu acho o partido uma violência”. E diz que tem “horror à militância e a ativismo. Porque toda pessoa que é militante fica cega por uma causa.”
Janaina foi eleita em 2018 pelo PSL como deputada estadual em São Paulo, com mais de 2 milhões de votos, um recorde histórico no Brasil, considerando tanto os legislativos estaduais como o federal. Antes disso, durante a campanha eleitoral, chegou a ser cogitada para a vaga de vice na chapa de Jair Bolsonaro. Em seu lugar foi o general Hamilton Mourão, também do PSL.
Nesta entrevista gravada na redação do Nexo em 21 de janeiro de 2019, ela fala sobre a relação com Bolsonaro e o PSL, sobre o caso Queiroz e a onda de extrema direita. Fala também sobre sua trajetória política, acesso a armas, Estado laico e feminismo.
A entrevista foi concedida antes da revelação de que Flávio Bolsonaro empregou em seu gabinete parentes de um ex-policial militar suspeito de chefiar milícias no Rio. Questionada sobre o caso, Janaina respondeu por escrito: “Uma das maiores conquistas do direito penal moderno foi a consagração do princípio da responsabilidade subjetiva. Pelo raciocínio que vem sendo empregado relativamente às duas mulheres contratadas para trabalhar no gabinete de Flávio Bolsonaro, ninguém que tenha um parente acusado de um crime poderia ser empregado. Penso ser muito pouco, para as ilações que vêm sendo feitas. A culpa não se estende à família."
Veja os melhores trechos da entrevista em vídeo em dois blocos
Entrevista por João Paulo Charleaux.
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2 окт 2024
