Vi várias resenhas sobre esse livro, mas essa, de longe é a melhor. Mais completa e profunda. Contribuiu e muito para o meu entendimento. Muito obrigado!
@@AlineAimee Disponha, Aline! Você trouxe uma explanação com muita lucidez e profundidade, isso mostra que realmente você leu a obra e se debruçou de uma forma muito intensa para poder trazer uma resenha mais que resenha... Continue assim!
Excelente resenha! Sei que cabe várias interpretações, mas a interpretação da burocracia, como você mesmo disse, é a que mais reflete a realidade que vivemos.
Eu terminei de ler o livro agora mesmo e vim aqui buscar uma visão diferente da que eu tive. Vou aqui escrever a minha modesta interpretação: Eu entendi que o Processo é um caos, pois o Processo é alegoria da vida, o Tribunal, alegoria do Céu, e o Juiz é alegoria de Deus. "K" não sabe o que é o processo (a vida), não sabe como lidar com ele. No final do livro está escrito "Devo deixar que alguém diga, após minha partida, que no início do processo eu queria que ele acabasse, e agora que acabou, quero que recomece?" - quando somos crianças queremos crescer, quando envelhecemos, queremos ter mais tempo para viver. Na última página, "K" faz uma indagação: "Onde estaria o juiz, que ele nunca vira? Onde estaria o tribunal superior, que nunca alcançara?". Seria algo como onde estaria Deus, que nunca vira? Onde estaria o Céu (paraíso), que nunca alcançara? Acho possível esta interpretação.
Olá Aline, amei sua dicção e oratória ... Confesso que assisti ao filme e não entendi grande parte, mas você abriu meus olhos, parabéns e obrigado pela explicação !!!
Caí de paraquedas, mas não posso perder a oportunidade de me pronunciar rs. Li " O processo" para a faculdade e "a Metamorfose" por influência da minha irmã, e posso dizer que os dois livros (juntamente com " O castelo" ) apresentam semelhanças entre esse mistério de não saber o porquê ou onde ou o que os livros se referem. Sinto-me imensamente grata por ter passado por aqui, por apesar de já ter uma ideia do livro, poder aumentar meu leque de conhecimento sobre o romance e sobre o autor. Obrigada por isso!
A resenha superou minhas expectativas. Acabei de ler o livro a cerca de dois dias, confesso que me diverti muito com os absurdos que o livro mostra e amei toda sátira em torno do Sistema.
Obrigado pelo vídeo, satisfez demais ver alguém reiterando parte do que tinha interpretado da leitura. Olha, intuo que estaríamos melhor com a vontade do autor respeitada. Tanto isso como O Castelo, são contos inacabados e estão bem aquém da execução que a obra poderia ser. Talvez teríamos uma obra perfeita escrita por outra pessoa, caso Kafka tivesse destruído pessoalmente esses sonhos elaborados. Um vigiar e punir em romance.
Aimee, amei. O processo não é um fim em si mesmo. Ele deveria existir para obter um resultado útil, só que não. O grande mal é aceitar coisas ilógicas e absurdas como algo normal. Inacreditável o silêncio das lideranças jurídicas com o momento presente.
Nem sei o que comentar sobre um dos meus livros favoritos da vida... E quanto mais a gente lê sobre o Kafka, mais se dá conta de que seus textos são inesgotáveis, cheios de camadas e de símbolos. Acredito que a crítica à burocracia estatal e às "injustiças da Justiça" seja a camada mais óbvia. Depois, vem a questão da autoridade, de uma lei insondável, da qual ninguém escapa, que ninguém consegue compreender; autoridade que, na infância de K., era encarnada pela figura do pai. E esse pai aparece em outras obras: era uma ameaça, um guarda que ele não ousava enfrentar (nem depois de adulto), tal qual o homem da parábola. Esse retrato da autoridade como coisa incompreensível e esmagadora também tem a ver com a relação conflitiva de Kafka com o judaísmo (Louis Begley fala disso num dos capítulos de "O mundo prodigioso que tenho na cabeça", um livro maravilhoso, por sinal). Há quem diga que o romance também refere-se ao noivado fracassado de Kafka e Felice Bauer. Parece que o próprio Franz referia-se ao noivado como o "meu processo". A ideia de se casar, de ser um homem de família, um pai (aos moldes do próprio pai) era tão intolerável quanto uma condenação injusta. Junto de todas essas interpretações, acredito que "O Processo" fala do tribunal interno, do julgamento que se instaura quando despertamos certa manhã, certo momento da vida, e começamos a ver o que não víamos, a doer o que antes nem existia ou só afligia a outros. Começamos a sentir as grades por todos os lados, a consciência que nos acusa, julga, vigia e pune o tempo inteiro. É um processo existencial, de cair em si, de se desesperar, de não ter a quem recorrer, de se saber culpado, consciente, responsável, e não ter como voltar atrás, voltar à inocência. A última frase do livro é bem reveladora. Depois do textão, quero indicar um filme: "Kafka", do Steven Soderbergh. Faz tempo que eu vi, não lembro muito bem, mas era interessante, com o Jeremy Irons no papel principal.
Li essa questão de o julgamento poder se referir ao relacionamento dele com a Felice Bauer no "Kafka: A very short introduction". Não li o livro do Begley, que bela lembrança! Vou procurar! Obrigada! :)
Adorei demaaais seu canal, tive contato com esse vídeo aqui, o que me chamou a atenção foi teu sobre nome, não sei se você conhece, mas o Lacan vai tratar um paciente com esse nome, e é bastante conhecido, enfim, obrigado pela existência dessa pérola de canal!!
Eu li e lembro-me que a meio do livro dei por mim a pensar: alguma coisa me escapou porque eu já estou a meio do livro e ainda não percebi exactamente qual é o processo. Mas logo na pagina seguinte percebi que afinal ele próprio também não sabia.... Senti-me melhor.
Ótima reflexão! Eu fiz a leitura um tempo atrás e fiz esse paralelo com a nossa realidade, no que tange ao sistema burocrata descrito no livro. O interessante também foi essa pegada psicológica, se assim posso dizer, do personagem Josef K visto q ao longo da narrativa ele caiu na real e ficou atormentado com o processo do qual estava sendo acusado.
Ótima análise! Achei uma leitura muito complexa, profunda e fascinante. Demorei bastante pra ler cada capítulo. O jeito Kafka de escrever é muito peculiar. Senti muita angústia naqueles ambientes lúgubres e com a busca incansável de K. pelo entendimento do porque do processo que o assombrava. Só não entendi perfeitamente a parte final que ele acaba se suicidado. Tem alguma coisa que explique aquilo? .. amei sua versão do livro, ótima fala!!!!. Esse livro me causou inquietações e reflexões. Por isso, eu curti demais. Valeu a pena insistir e concluir.
Esse é um livro muito angustiante! Eu fiz uma tentativa de ler e parei, não porque não estivesse gostando. Vou fazer uma nova tentativa. Estranhamente, li o Metamorfose rapidamente. O que será que isso revela sobre mim? Um homem que vira um inseto asqueroso me angustiou menos... 🤔
@@AlineAimee você já leu Ensaio sobre a cegueira? Não me lembro de outro livro ter me causado tanta angústia e provocado até sensações físicas de asco. Estou quase no fim, mas tive que fazer umas pausas e não leio à noite. É incrível isso, né?! O poder que uma história tem de mexer com os nossos piores pesadelos.
Li, sim. Angustiante demais! Acho os livros da Clarice e do Dostoiévski muito tensos também. É difícil pra mim ler vários livros seguidos desses autores porque termino emocionalmente e mentalmente cansada.
Li esse livro pela segunda vez para um trabalho da faculdade, nesse momento esse vídeo foi de extrema ajuda ao realizar a análise processual do caso, comentários extremamente pertinentes. Mesmo como alguém próximo do meio jurídico, infelizmente, também me sinto perdido.
Adorei o vídeo! Me deu mta vontade de reler. Acho que perdi mto da discussão pela minha imaturidade na época em que li. Anos depois li A metamorfose. Aí sim já tinha mais maturidade e bagagem. Fui completamente arrebatada. 😉
Estou na metade de O Processo. É curioso como a leitura causa estresse emocional. Apesar da leitura em si ser intelectualmente simples, a experiência demanda muito. O nível de estranheza que o Kafka usa é perfeito para causar desconforto máximo. Se fosse mais surreal, cairia no terreno da curiosidade fantasiosa (como em Harry Potter). Se fosse menos surreal, cairia no terreno da irrelevância ou da esquisitice.
A história é realmente muito bom, como também a crítica que o autor faz. Mas que personagem MAIS CHATO, por favor, prepotente, se achando sempre melhor que todos, isso me irrita tanto durante a leitura que odiei demais. Desculpa, precisa externar isso