Pessoal, alguém sabe me dizer qual mecanismo impulsiona o sangue das veias cerebrais e dos seios em direção a veia jugular? Nas demais partes do corpo temos a bomba muscular, mas e dentro da caixa craniana? Temos o que?
Eai Guilherme, essa é uma bela pergunta. Tive que buscar no livro pra dar uma resposta completa, mas é relativamente simples. Ta bem explicadinho no capítulo 9, seção 2.3.1 do Ângelo Machado (página 88 do meu livro), mas vou dar uma resumida aqui. Primeiro, temos a tal da gravidade (para o sofrimento dos terraplanistas). Ela puxa o sangue pra baixo, e quando estamos com a cabeça pra cima, ela ajuda o sangue a ir para o coração. Se ficarmos de cabeça pra baixo, isso se inverte e o retorno venoso diminui consideravelmente. Esse fato tão simples é levado em consideração nos pacientes com hipertensão intracraniana por exemplo, a gente deixa a cabeceira deles elevada pra facilitar o retorno venoso e diminuir a pressão intracraniana (PIC). O contrário acontece com pacientes com hipotensão intracraniana, aí a gente deixa eles com a cabeceira reta. Inclusive tem uma síndrome chamada Síndrome do Trefinado, que acontece em pacientes craniectomizados (sem o osso no crânio), que é o seguinte: quando eles levantam, a pressão atmosférica supera a PIC e empurra o cérebro pra dentro. Procura umas imagens aí que tu entende, é bastante interessante. Mas estou me estendendo muito... Segundo, a cavidade torácica possui pressão negativa, em especial na inspiração (pressão entre a pleura visceral e parietal é de -7 mmHg na inspiração se não me engano, mas posso estar errado). Pressão negativa = sucção, então o tórax literalmente suga o sangue pra ele. Terceiro, a pulsação das artérias causa um aumento transitório na PIC (já que nesse momento tu joga mais sangue pra dentro; mais coisas dentro de um espaço igual = maior pressão. O crânio é uma caixa fechada e imóvel [doutrina de Monro-Kellie]). Esse aumento na PIC acaba forçando o sangue pra fora. Quarto, teoria do Martio: tem sangue chegando constantemente das artérias...ele vai empurrando o sangue que ta nas veias pra frente, ou seja, pra fora do crânio. Mas isso aqui é meio bobagem (haja vista não estar escrito em nenhum livro) porque a complacência do leito venoso é muito grande, especialmente o cerebral, onde as veias quase não tem camada muscular. De qualquer maneira é um jeito mais simplista de entender. Espero que a resposta não tenha ficado confusa. Sugiro ler o Ângelo, na parte que citei, para maiores esclarecimentos.
mto obrigada pelo seu trabalho!! tenho prova quinta e sua aula está sendo mto elucidadora fiz 1 macete aqui: trolard vai pra allah (deus q tá no céu/cima) kkk
Grande homem!! To ha 2 meses estudando o modulo de neuroanatomia na argentina, numa das melhores faculdades de la, e nenhum curso, livro, aula de professor dinossauro me fez entender com tanta facilidade e destreza qnto a sua!! Mto obrigado mesmo! Um abs grande! Continue o belo trabalho
Obrigado pelo elogio, sempre feliz em ser útil pra sociedade. Ângelo Machado (como livro texto) e Netter (como Atlas) principalmente. Alguns outros livros eu já li em partes também, como o Snell e o Rhoton, mas não são necessários. O Snell é o Ângelo Machado americano e o Rhoton é pra neurocirurgiões.
Eai Marina. Quando falamos de "qual nervo é mais próximo da carótida" nessa aula, nesse contexto em geral, estamos falando da relação entre os nervos cranianos e a carótida interna DENTRO do seio cavernoso. Os nervos que cursam dentro do seio cavernoso são o Oculomotor, Troclear, Trigêmio (V1 e V2 apenas) e o nervo Abducente. O Abducente percorre o seio cavernoso imediatamente látero-inferiormente ao segmento cavernoso da carótida interna, sendo portanto "o nervo mais próximo da Carótida interna". No trajeto cervical, o nervo mais intimamente relacionado à carótida é o Vago, que cursa dentro da bainha carotídea juntamente com a artéria carótida cervical e veia jugular. O Ângelo Machado realmente não traz imagens dessa anatomia (seio cavernoso), mas o Netter possui uma imagem muito detalhada (Prancha 105 da 6° edição). Qual a relevância disso? Qualquer coisa que aumente a pressão dentro do seio cavernoso ou a pulsatilidade da Carótida interna podem afetar o N. Abducente, gerando diplopia e estrabismo convergente. Exemplos dessas situações são Fístulas Carótido-cavernosas, aneurismas carotídeos desse segmento, aumento da pressão intracraniana, entre outros.
Não tem muito segredo. Elas fazem parte do sistema venoso superficial do cérebro, e drenam a face dorsolateral do córtex. Toda a região cortical dorsolateral é drenada pelas veias cerebrais superficiais (divididas em superiores, que vão para o Seio Sagital Superior, e inferiores, que drenam para o Transverso ou, no caso da Veia Cerebral Média Superficial, para o Seio Esfenoparietal) das quais Trolard, Labbé e a Veia Cerebral Média Superficial são as mais notórias por serem mais calibrosas. Se olhares em figuras, verás que existem diversas veias corticais de menor calibre, estas possuem a mesma função que as 3 maiores (drenar o córtex cerebral) mas muitas vezes não recebem nome devido ao tamanho e sua inconsistência / variação anatômica.
Olá. O seio cavernoso recebe sangue, principalmente, das veias oftálmicas superiores, que passam pela fissura orbitária superior antes de atingí-lo, bem como das veias centrais da retina, os seios esfenoparietais e algumas outras veias menos relevantes. Isso é relevante em algumas situações clínicas, como por exemplo a fístula carótido-cavernosa, onde sangue passa da carótida direto para o seio cavernoso, aumentando a pressão no mesmo. Isso gera sintomas oculares, como quemose, dor, diplopia (devido à paralisia de nervos cranianos injuriados pelo aumento da pressão dentro do seio cavernoso, por onde cursam), podendo-se inclusive auscultar um sopro ocular. O sangue que passa pelo seio cavernoso segue então pelos seios petrosos superiores e inferiores, bem como pelo plexo basilar. Vale ressaltar que também existe uma comunicação entre os seios cavernosos, que são os seios interavernosos.