O Perdidos e Achados recorda as mediatizadas semanas iniciais de missão do 2º Batalhão de Infantaria Aerotransportado em 1996. Há 20 anos, 944 paraquedistas estiveram destacados na Bósnia-Herzegovina na Operação Esforço Concertado (Joint Endeavour). Integraram a IFOR (Implementation Force), a força multinacional criada pela Nato para aplicar os acordos de Dayton após 3 anos e meio de guerra civil na ex-república jugoslava.
O destacamento da força portuguesa nos Balcãs marcou o regresso dos soldados portugueses a solo europeu, 80 anos depois do envio de duas Divisões para a Flandres na I Grande Guerra.
Integrado na Brigada Garibaldi com comando italiano, o 2º BIAT ficou com a responsabilidade do corredor de Gorazde, uma área no centro-leste da Bósnia, marcada pela limpeza étnica e pela destruição de povoações durante o conflito de 1992-95.
Em Rogatica, em Ustipraca, em Gorazde e em Kukavice, e mais tarde em Praca, os soldados portugueses instalaram “quartéis” em locais inóspitos ou destruídos pela guerra, em pleno inverno balcânico e com alguma hostilidade inicial das populações sérvias.
As recordações desses tempos foram contadas à SIC no RI nº 10 em São Jacinto, onde foi “aprontado” a maioria do contingente, por dez dos veteranos de 96, cinco ainda no ativo e outros cinco já na reserva.
«O valor do soldado português é inquestionável! Os tempos mudam e a tecnologia muda mas o valor e capacidade (dos militares) mantêm-se...» - Tenente e 2º comandante da Companhia de Apoio e Serviços em 96, Francisco Sousa é agora tenente-coronel e comandante do 2º Batalhão de Infantaria Paraquedista que partiu esta semana para o Kosovo. Na nova “missão balcânica”, o tenente-coronel Sousa é acompanhado pelos sargentos Luís Neves e Carlos Queirós também veteranos de 96. Todos recordam, com alguma nostalgia, as dificuldades e os desafios iniciais dessa missão. Aquilino Oliveira é a exceção: «Senti-me, um jovem com 22 anos, na altura, completamente incapacitado para fazer aquilo que mais gosta» - O 1ºcabo esteve apenas 9 dias na Bósnia e ficou gravemente ferido pela explosão da “bomblette” que matou os cabos Alcino Mouta e Rui Tavares. O acidente de 24 de janeiro de 1996 silenciou o contingente português ainda em fase de instalação e aumentou ainda mais a pressão mediática.
As regras da Nato ditaram logo depois o controlo informativo no terreno mais minado da Europa e ainda considerada área de conflito nos primeiros meses de 1996.
A SIC recuperou agora imagens VHS das dificuldades iniciais da missão que nenhum jornalista conseguiu cobrir; gravadas pelo Primeiro-sargento Jorge Oliveira, atualmente no estrangeiro, são reveladas publicamente e demonstram algumas das agruras invernais da missão dos paras: as patrulhas apeadas nas imediações de campos minados, a descoberta de armamento sérvio camuflado e a ocupação das antigas linhas de confrontação entre sérvios-bósnios e muçulmanos nos arredores de Gorazde.
Esta é também uma reportagem especial porque foi realizada pelo jornalista que efetuou para a SIC a cobertura do início da mediatizada missão do 2º BIAT. Com o repórter de imagem Carlos Santos, Aurélio Faria esteve destacado na Bósnia-Herzegovina em Janeiro e Fevereiro de 1996 e 20 anos depois fez questão de efetuar este Perdidos e Achados.
Jornalista: Aurélio Faria
Repórter de Imagem: Carlos Santos (1996), José Eduardo Zuzarte, 1ºSg Jorge Oliveira (VHS)
Edição de imagem: Rui Rocha
Grafismo: David Barata
Produção: Madalena Durão
Coordenação: Pedro Mourinho
14 окт 2024