Parte do Recital final de avaliação de PAP
na Casa do Comum - Lisboa em 21-06-2024
DESCRIÇÃO
Senti-me bastante perplexo ao saber da existência de um celebrado compositor contemporâneo que preconiza o pânico como meio ideal de dar cor à música; cujas páginas são por isso negras de notas, que ninguém consegue tocar na íntegra.
Música submergida pelo medo e pela angústia através da impossibilidade técnica de ser lida e executada: eis sem dúvida uma curiosa percepção do fenómeno criativo. Inspirou-me - por reação - ao escrever esta peça para flauta solo.
“Panic flirt” é uma alusão à célebre flauta do famoso deus grego. Diga-se de passagem que a palavra “pânico” deriva de Pã.
Suponho que tanto o “flirt” como o pânico podem de alguma forma ser detetados na contenda entre os dois personagens musicais da peça. O resultado tende a ser mais humorístico do que angustiado. A música contemporânea não tem que ser sinistra nem neurótica (ou tem?).
Alexandre Delgado
Esta obra foi encomendada pelo Festival Internacional de Música e das Artes de Presteigne (País de Gales) e foi estreada por Ashildur Haraldsdottir na igreja de St. Andrews’ (Presteigne) a 31de Agosto de 1992.
20 июн 2024