Legal esse video! Uma das coisas que ultimamente tem gerado muita confusão é justamente essa discussão de o que é ou deixa de ser arte, e, consequentemente, qual o papel do artista diante dessa confusão. Todos nós sabemos que a nossa situação atual é de crise em todos os campos (econômico, político, ideológico, cultural, artístico,...). Essa crise é refletida diretamente no comportamento da sociedade em relação a qualquer tipo de manifestação, inclusive a arte. O campo artístico passa a ser afetado pelo campo moral. O artista, como se não bastasse, tem que enfrentar um novo obstáculo: o "cancelamento". Sua arte deixaria de ser arte devido ao seu posicionamento político. Por exemplo, o caso do disco novo do Sérgio Reis. Alguns músicos mais "engajados na causa" cancelaram as participações após o Sérgio Reis ter declarado apoio ao impeachment dos ministros do STF. Independentemente se a causa é ou deixa de ser justa, será que o Sérgio Reis deixaria de ser um artista (muito POPULAR, inclusive) devido às suas posições políticas? Será que sua música deixa de ser arte? O próprio Morrissey foi cancelado por falar umas merdas sobre imigrantes na Europa. Os fãs queimaram a coleção de discos dos Smiths por causa dessas declarações. Como é que esses moralistas convenceriam, por exemplo, a dona Terezinha (que pega 2 ônibus pra chegar na cidade e exercer sua profissão de empregada doméstica) a queimar os discos do Sérgio Reis ou a não ouvir o disco novo dele? Vão dizer pra ela que não se pode apoiar o fim de uma "instituição democrática" que atua no impeachment do "presidente fascista"? É o mesmo que convencê-la a não assistir Zorra Total nas noites de sábado por causa das "piadinhas machistas". Que, inclusive, ela acha engraçadas (e ela tem lá sua razão). Um outro caso parecido é a queima das estátuas. Do mesmo modo que, por exemplo, Borba Gato teve sua importância na expansão territorial brasileira, o artista criou sua estátua dentro do seu contexto. Queimar essas "evidências" é um atestado de cegueira histórica e política, e tudo isso tem um fundo moralista que não tem nada a ver com arte. O artista deveria ser livre para dizer o que quiser, e a arte deveria ser a manifestação concreta (mesmo quando abstrata, ou mesmo quando não diz nada) do que diz o artista. Só mais uma coisinha, um complemento: do mesmo modo que vc citou os artistas que fazem essas exposições pra debocharem do público burguês que age como o rei peladão e fazem mil análises e malabarismos acadêmicos sobre a obra (uma tela em branco, que seja), há muuuuuuuuitos artistas que acreditam que estão fazendo obras complexas e dignas dessas análises, quando, na verdade, estão se colocando no mesmo papel ridículo desse público burguês. A Bienal é o maior exemplo disso aí. Inclusive, um cachorro de rua chegou a MORRER DE FOME numa Bienal. Se não me falha a memória, a "instalação" consistia que um cachorro ficasse amarrado num eixo central por DIAS sem comer e as comidas ficavam ao redor dele, mas em uma distância que ele não conseguia alcançar. Morreu de fome. "Ãin, mas é arte". "Ãin, mas o artista quis dizer, de acordo com a temática da Bienal, que a sociedade blá-blá-blá...". Que tristeza, saca?? =( Quanto ao dadaísmo, discordo um pouco da sua explicação, mas não quero deixar o textão maior do que já está e ia fugir do assunto do video. Mas, sim, saquei que vc citou o dadaísmo como um exemplo. Ótimo. Abraço, amigão. Apareça em Franca pra um caféééé
Ótimo vídeo! Uma vez eu fui em uma exposição de arte moderna com uns amigos, tinha um que era zombador demais e estava zombando do outro que é advogado, metido a superior que estava admirando umas pedras redondas no chão pintadas de dourado. kkkkk Tinha umas coisas muito idiotas. Quando fui também na pinacoteca de São Paulo, tinha uma arte moderna lá que a principio não dava pra saber se era arte ou se era uma bugiganga qualquer que alguém tinha esquecido de tirar de lá pra jogar fora.
O que me encanta na arte é como as coisas devem ser tratadas com sutileza. Claro, em algum contexto deva caber ser bem explicito. Mas quando a mensagem entregue com subjetividade, meio que encoberta, ela tem o potencial de ir muito mais fundo e tocar de vdd. Te deixar ficar digerindo aquilo durante um bom tempo
O conceito de "arte" é muito abrangente e existem infinitos argumentos para justificar o que é arte. Dito isso, resumo a "arte" em apenas 02 grupos: 1) o que me agrada 2) o que não me agrada Claro que não julgarei quem gosta de algo que me desagrada. O que seria do azul se todos gostassem somente do verde? Para mim, "arte" não deve precisar de explicação. Qualquer "arte" que necessite explicação é pura perda de tempo e dinheiro...