A característica mais evidente dessa música é a fragmentação do que é expressado. Nas primeiras ouvidas, os versos não parecem ter relação alguma, embora em alguns haja uma unidade estranha. Mas essa impressão muda se ouvirmos bastante, pois logo conseguimos indentificar melhor as relações entre os versos. É importante que a gente saiba que, por menos claras que estejam, toda expressão boa se refere à experiências concretas. A dificuldade é achá-las. "Sou o contono entre os espaços" Aqui parece ser uma referência aos contornos das pinturas, julgando pelas outras músicas nas quais ele faz referência a pintores famosos. Eu, particularmente, lembro daquela técnica chamada Sfumato, que borra os cotornos para criar a impressão da realidade, onde as as curvas entre as coisas não são precisas. Assim esse mano, sendo borrado, fragmentado, porém real. "Se você quiser de mim muitas explicações, muitas perguntas... Luta de classes" Este é mais óbvio. É como se ele dizesse que tudo se resume a luta de classes, que esse é o verdadeiro problema. Qualquer coisa que sobre ele está ligado a luta de classes. Se quiseremos conhecê-lo, devemos entender primeiro a luta, ai não precisariam questionar ele. Em resumo, nostra uma crença, um vínculo profundo à luta de classes, não tanto do sentido técnico, talvez no sentido literal mesmo. "Uso o silêncio raros nos espaços" A música é definida como uma combinação entre som e silêncio. Ele se refere a composição de uma música. "Furo o bloqueio.." Se refere ao bloqueio de criatividade "Centro em mim mesmo" Ele supera o bloqueio se expresando livremente, com é de verdade, ele mesmo "Descompaso, continuo centrado em mim mesmo" Aqui parece haver uma transição da atividade de compor a música para outra atividade. Ele parou de compor e continua pensado em si mesmo "Não pense em luta de classes, não pense em nada inteiro, só fragmentos, terreno escaço..." Aqui ele ironiza sutilmente o pensamento que não pensa em termos de luta de classes, pois pensar assim é não pensar nada inteiro, só em fragmentos, num terreno escaço. Esse significado é mais difícil de captar porque ele mesmo fala em fragmentos. Só que a ironia está em que, embora ele se expresse em fragmentos, tem uma umidade pensamentos e, talvez, sentimentos. "Eu frusto, depois me desinteresso. Cansaço, engodo, enjoou, saio, retorno, me percebo sem volta, daí me distraio" Não é consigo entender bem esse trecho. Talvez se refira as lutas interiores que ocorrem durante a composição das músicas deles. É difícil que seja algo tão distante disso, porque iria contra a essência da música. Mas quem sabe, né? "Tenho o fluxo travado, e eu não consigo dormir. Dói minha coluna..." Aqui parece haver alusões tanto a um desconforto, um tédio, uma inquietação geral com a vida quanto um desconforto particular com algo que ele faz, provavelmente a música. "Cismo com o texto, fujo ao contexto" Esse trecho reflete o processo de composição das músicas dele. Ele não se contenta em representar fielmente, precisa subverter. Ele tira do contexto, mistura, e vê no que dá. "Depois largo, depois chove. Controle Aqui é outro momento, após a composição. Ele vê chuva, talvez pela janela. Controle pode ser muita coisa. Talvez um controle remoto estivesse perto e ele aproveitou para ligar a algo maior. Quanto ele diz "controle", nossa mente busca entender, busca um contexto. Mas não há contexto, não óbvio pelo menos. Um simples controle não poderia ser, pela própria natureza dessa música. As palavra aqui sempre significam mais. Assim, pensamos no sentido seguinte: controle das circunstâncias, da vida, dos sentimentos. Esse conotação casa melhor. Pensem ai. "Eu abandono planos e projetos, qualquer coisa que gaste dinheiro ou o domínio mínimo de uma tecnologia seja necessário " Bem, pelo tom de sinceridade, aqui ele expresa um modo de vida que se faz frente as circunstâncias atuais do mundo, onde muitas pessoas geralmente reconhecem apenas o dinheiro. O dinheiro é o deus delas. Esse deus compra muitos prazeres. Elas se escravizam para ele somente para conseguir esses prazeres. No fim, não é o dinheiro que governa as pessoas, mas a paixão pelas quais elas se dispõe a fazer tudo. Ele, o eu lírico dessa música, não é assim. Prefere não fazer nada se o preço é a própria alma. "Eu não me escrevo em editais, eu não vou na void, eu não gravo feat, eu não trabalho" Talvez seja outra ironia, pois ele, na verdade, faz tudo isso. Mas também pode ser a confirmação do último comentário. Não pensei o suficiente para saber. O que vocês acham?
vi um comentário de outro video falando sobre a maioria dos versos sendo ele (resumidamente muito resumido mesmo) """ironizando artistas e pessoas em geral que nao focam no talento que tem e fazem tudo meia boca, nao corre atras de nada, faz a média (mediocres)""" etc. querem ser grandes querem ser famosos e tal mas abandonam projetos, nao gravam feat n fazem nada. e como ele disse em polo usa: "eu mostro que é possível com um monte de rimas fáceis"
minha interpretação da música: quando ele diz: "eu frustro, depois me desinteresso, cansaço, engodo, enjôo, saio, retorno e percebo sem volta, daí me distraio" tipo assim, ele se frustra com algo que acontece quando ele começa planos e projetos, aí por causa disso ele se desinteressa pelo negócio, cansa de se esforçar, sente que está em uma cilada (significado de engodo), enjoa do que estava fazendo e assim ele desiste do projeto. aí quando tenta voltar ele vê que não dá mais, já não tem mais volta, e então ele se distrai com outros planos e projetos e assim o ciclo nunca acaba por isso que ele diz "depois largo, depois chove, controle" pra mim, ele ta falando sobre quando ele larga o projeto, então quando ele desiste ele chora (chuva sendo uma metafora) e o controle é controlar o choro (talvez tem a ver com o estereótipo de homem nao chorar), e esse controle pode ser algo metafórico também porque é impossível controlar a chuva, assim como é impossível controlar as coisas que te fazem chorar, talvez pra ele pareça que os plajos e projetos dele sempre dão errado, por isso que ele desiste então, finalmente, ele diz "eu abandono planos e projetos, qualquer coisa que gaste dinheiro ou o domínio mínimo de uma tecnologia seja necessário. eu não me inscrevo em editais, eu não vou na void, eu não gravo feat, eu não trabalho" nesse final eu acho que ele menciona alguns dos planos e projetos que ele abandonou, tipo não quer mais entrar na faculdade (eu não me inscrevo em editais), não se importa mais com a vida social (eu não vou na void), não foca na carreira musical (eu não gravo feat), e, finalmente, o yung vegan não trabalha (eu não trabalho)
apagou o comentario ou meu youtube que ta bugado? enfim, li pela notificaçao do youtube e estou aqui respondendo. as vezes acontece de me sentir afogado em sentimentos e ideias, sem nenhuma forma de expressá-las por completo, o que ainda me alivia é botar pra fora por meio da música, não tenho proficiencia em nenhum outro meio
@@collectorsinsidecollection apaguei, havia me confundido com outra música, em tarô trasparece mesmo esse sentimento de estar imerso em si mesmo (ideias e sentimentos), partilho do mesmo. pelo que você disse, está na fase que eu citei antes "mais sobre consumir do que produzir" e olha, sei bem como é, ando assim agora, eu até escrevo as vezes mas jogo fora, é terapêutico até. gostaria de dar uma sugestão, mas não me encontro muito diferente. mas bem, que bom que existe, né? é como nietzsche disse aquela vez.
@@collectorsinsidecollection cara, sim! até as coisas que gosto parecem saturadas. fora o cansaço mental enorme logo depois de fazer algumas coisas, coisas que não deviam ser desgastantes.
TARÔ Yung Vegan Sou o contorno entre os espaços Se você quiser de mim Muitas explicações, muitas perguntas Luta de classes Uso o silêncio raro nos espaços Furo um bloqueio, centro em mim mesmo Descompasso Continuo centrado em mim mesmo Não pense em luta de classes Não pense em nada inteiro Só fragmentos, terreno escasso Eu frustro, depois me desinteresso Cansaço, engodo, enjoo Saio, retorno, me percebo sem volta Daí me distraio Tenho fluxo travado E eu não consigo dormir Dói minha coluna, cismo com um texto Fujo ao contexto, depois largo Depois chove Controle Eu abandono planos e projetos Qualquer coisa que gaste dinheiro Ou o domínio mínimo de uma tecnologia seja necessário Eu não me inscrevo em editais Eu não vou na void Eu não gravo feat Eu não trabalho
"Saio, retorno, me percebo sem volta Daí me distraio Tenho fluxo travado E eu não consigo dormir Dói minha coluna, cismo com um texto Fujo ao contexto, depois largo Depois chove Controle Eu abandono planos e projetos Qualquer coisa que gaste dinheiro Ou o domínio mínimo de uma tecnologia seja necessário"@@williambarbosa9985
Isso n é tdah, porr de mania de colocar tudo em tdah. O que ele descreveu pode ser de tdah, estresse, ansiedade (principalmente). É o mundo atual, na pressa de chegar em um fim que nem existe, se perde no meio de tudo e não conclui nada. Isso não é Tdah, são os dias de hoje. .
Mlk, namoral, que visão da porra pprt, entendo sua dor meu mano, acabei de passar por uma situação aqui e ouvir tuas msg me faz pensar que eu não tô sozinho nessa. Que tenhamos consciência, sem perder o ódio
Vi um vídeo no insta com a música desse cara de fundo, agora tô a qui escutando essas obras primas, maluco tem o don, calmo e sábio, palavras reais, vooa ✅🦅
O jeito que a voz dele encaixa no beat o jeito que ele canta, parece que ele e o beat foi um feito para o outro Me desculpa yung vegan por não ter conhecido você antes o underground sujo vive!!!
Pirei no som do amigo! Loucura ... Lembro que a última vez que senti algo igual , ouvi e ví algo igual , foi quando escutei um barril de rap pela primeira vez , em 2015 . Estavam começando , tinha apenas o cd dos menino no RU-vid . Originalidade nos versos até o osso. Lembro que o Léo casa 1 do rapbox na época disse a eles que nunca tinha escutado algo igual , um soco na mente . Yung vegan pra mim está no mesmo caminho , ajudando a salvar a cara do rap nacional , essência do boombap de rua e mostrando a cara do rap underground foda e clássico , muitas vezes incompreendido . Até o dia de ontem não conhecia ainda o trampo do mano e pra mim já está entre os mais originais por aí . Muito foda , parabéns pro mano Yung vegan aí... Viciado já , escutei as músicas todas mil vezes muito original
Yung Vegan Sou o contorno entre os espaços Se você quiser de mim Muitas explicações, muitas perguntas Luta de classes Uso o silêncio raro nos espaços Furo um bloqueio, centro em mim mesmo Descompasso Continuo centrado em mim mesmo Não pense em luta de classes Não pense em nada inteiro Só fragmentos, terreno escasso Eu frustro, depois me desinteresso Cansaço, engodo, enjoo Saio, retorno, me percebo sem volta Daí me distraio Tenho fluxo travado E eu não consigo dormir Dói minha coluna, cismo com um texto Fujo ao contexto, depois largo Depois chove Controle Eu abandono planos e projetos Qualquer coisa que gaste dinheiro Ou o domínio mínimo de uma tecnologia seja necessário Eu não me inscrevo em editais Eu não vou na void Eu não gravo feat Eu não trabalho
Descobri seu trampo hj e gostei muito, tô até meio pa por ter levado tanto tempo, sou fan de longa data de boom bap e vc consegue fazer com maestria, entre tantos lixos musicais e muito da hora poder achar um trampo foda assim. Parabéns 🎉
Se você escuta essa música e diz que não faz sentido, por favor, procure refletir sobre sua vida e o espaço que você ocupa na sociedade. O pensamento fragmentado retratado na música busca se aprofundar nas frustrações de se viver em um sistema capitalista exigente, sobrevivemos sob a pressão continua de conseguir qualquer tipo de ascenção social e financeira, o yung vegan nessa música expressa seu sentimento mais profundo, mostrando como está sendo difícil lidar com a procrastinação, qualquer trabalhador médio jovem que se vê preso nessa teia sistemica sem conseguir estudar e muitas vezes pensando em desistir deveria se identificar com esses versos, a metrópole que engole, e você fica em silencio, como uma bomba prestes a explodir. "eu não me inscrevo em editas, não gravo feat, eu não trabalho" se você nunca se sentiu dessa maneira sendo um trabalhador sobrevivente, você não parou pra refletir sobre sua perspectiva singular, eu ouço isso de olhos fechados e choro, porque é como eu me sinto, "tenho fluxo travado, e não consigo dormir". Enfim, eu choro com essa música.
sinto como se ele tivesse escrito tudo isso em um pedaço d papel ao longo do(s) dia(s) e só gravou, por que eu tenho exatamente esse mesmo habito, bizarro é como se eu estivesse falando comigo mesmo ...
Vi um rell desse som no Instagram e achei genial, faço umas rima tambem,ou fazia sei la,me identifiquei completamente com essa música pra mim ela soa como alguem qe quer escrever algo mais nao tem profundidade, acontece muito comigo, começar a digitar rimas e depois de certo tempo apago tudo e sem perceber perdi o tempo em algo que começou necessário e acabou sem nenhuma utilidade
Cara eu consigo me indentificar MUITO com essa track , não sei explicar mas a minha mente funciona exatamente como essa musica, puta que pariu que foda.
@@wellingtonssosim sim meu mano! yungvegan ganhou um notório reconhecimento, ele é diferente de tudo que temos, além das letras interessantes e intrigantes ele aplica bastante filosofia em seus enredos, o mano é foda pcrl, o boombap nunca morrerá! ❤️ 🎤 🔥
kkkk eu achei meio claro to sofrendo com cansaço, tento me esforçar pra fazer o que eu sei que tem que ser feito, e nao consigo. Acho bem direta a musica, é sobre procrastinar kkkkkkkkkkkkkkk
![yung vegan - "TARÔ" prod. [ v i n i c r e i z i ] (2019)](/img/logo.svg){kind=logo}
