Intellectus gladius meum est, et Gladius crux mea est.
ADM: Pedro, formado em economia e estudando para o mestrado (tradição Austríaca), autodidata em Filosofia Grega Clássica e História da Filosofia. Católico de cosmovisão Hilemórfica Aristotélica, não tenho filosofia política declarada, porque isso limita o raciocínio, mas sou favorável ao livre-mercado.
Eae Pedro, Deus te abençoe. Você já leu o capital? Se sim, o que você acha da parte de introdução sobre mercadorias e valor que são dadas por Marx? E sobre as alegações de que não há defesa do valor-trabalho em seus escritos?
Minhas principais considerações sobre o Valor-Trabalho: ru-vid.com/group/PLG_MBsnRh_VSuaa4G857ULPEGX-G7d4HJ Sobre a hermenêutica do Gustavo Machado sobre a consistência da cosmovisão de Marx: ru-vid.com/video/%D0%B2%D0%B8%D0%B4%D0%B5%D0%BE-x-32531uc7U.html
@@Metalnomics E por falar nesses assunto eu me lembrei de te fazer uma pergunta sobre o que vc acha das críticas severas que vários católicos como o falecido Fedeli e Nougué fizeram a Descartes e ao seu argumento "Penso, logo existo", pois pra mim parece que eles fizeram um espantalho.
Boa explanação. Geralmente economistas ortodoxos não investem muito em discussões etimológicas e/ou semânticas. O que é compreensível, visto que há coisas mais importantes a serem discutidas. Mas em se tratando em conceitos-chave de uma ciência, é irresponsável "abandonar" certos termos. Provavelmente a maioria dos economistas diria que capital é ou máquinas e equipamentos ou dinheiro propriamente dito.
o problema da falta de definições boas e boas delimitações dos termos, é que você já não tem ideia do que você está falando e o que você está medindo, quando o objetivo da ciência é justamente explicar a realidade da melhor forma que somos capazes, dentro de nossas limitações metodológicas e epistemológicas.
O principal problema do Samuelson é epistemológico, ele parte do princípio de que a economia só vai avançar pela formalização matemática e pela fisicalização da economia, ele criticou a teoria do capital sem entender direito, entre outros
@@Metalnomics Além disso tenho outra pergunta, o que voce acha dos socialistas que respondem o cálculo econômico no socialismo usando fórmulas matemática? Eu acho que isso não muda muita coisa, pois o cálculo econômico não é um cálculo matemática em si.
já falei disso há muito tempo atrás nos reacts ao Humberto Matos, o Hayek responde isso, o Lachmann responde isso, o Jesus Huerta de Soto responde modelo a modelo, o Barbieri responde aos pós Hayekianos, o problema é um problema de conhecimento disperso, construído continuamente no processo de mercado e não formalizável.
Metal, é impressionante como os socialistas não entendem o realmente o real problema, os argumentos deles não fazem sentido logico nenhum. Como você suporta ve isso sinceramente, nao só ele mas também o Roncaglia e os outros?
Embora eu tenha uma noção relativa da situação da geração X, não tenho as experiências dela, pois sou muito jovem. Quando passei pelo segundo despertar da consciência, já era o final do governo Temer. Além disso, não tenho muitos exemplos na família, visto que ela só recentemente se secularizou e ainda possui muitos traços rurais e religiosos. No entanto, tenho uma noção mais ou menos clara graças à minha mãe, que é da geração dos anos 70, mas passou por um certo período nos anos 2010, onde havia um sentimento geral de desejo por um curso superior e uma carteira de sucesso, típico da geração milênio. Isso, porém, não resultou em nada. Ela nunca trabalhou na sua área e rapidamente se voltou para o cuidado da família e a gestão de um pequeno negócio familiar, além de uma propriedade rural antiga da família. Esse processo se repetiu muitas vezes na minha família, mas nunca resultou em algo que não fosse meus familiares desistindo de suas áreas de formação para cuidar de suas vidas, sem muito ressentimento. Portanto, eu realmente não entendo esse sentimento.
Não existe a "não crença" ou a "não ideologia", pois é impossível negar conceitos como amor e tristeza. A criação de ideologia surge na concepção mais básica do sensorial. Tratar a ideologia como algo distópico e que não pertence ao homem é prejudicial, pois nega a realidade e sua própria natureza como ser consciente. Enquanto homens possuírem sentimentos e pensamentos, possuirão, por consequência, crenças e ideologias. Até mesmo crer que não devemos machucar a nós mesmos pois isto nos faz "mal" é uma ideologia. Entretanto, quaisquer ideologias surgem de maneiras "egoístas", pautadas na percepção individual de cada pessoa, como o que nos faz bem ou mal, nunca retratando especificamente o que o outro sente. Isto é algo comum, pois ao existirmos enxergamos apenas uma única perspectiva: a nossa. Não é um egoísmo prejudicial, mas um postulado, originado do pressuposto que nascemos e percebemos apenas e somente nossa realidade.
cara, eu discordo fortemente sobre isso, ninguém tem opinião formada sobre tudo, especialmente sobre assuntos que desconhecem completamente e sobre coisas que vão além do seu horizonte de experiência. Existe, sim, um viés, mas ele não é determinístico e pode ser superado através de um método, existe, sim, o doxa, mas ele pode ser superado pela dialética. Ideologia é algo mais sofisticado do que o doxa, embora o senso comum moderno tenha substituído este termo por aquele, de modo que, igualmente, não é necessário que todos tenham um sistema excessivamente reducionista de enxergar a realidade e queira realizar o fim humano na imanência histórica.
também acho sua justificativa problemática, porque ela confunde conceituação com opinião, quando a conceituação é típica do conhecimento teorético, não do retórico (discurso do doxa), embora ela seja comum a todo pensar.
também adiciono que tu fizestes um espantalho quando dissestes que eu afirmo que o doxa não é próprio do onthos humano, pq ele é um tipo de conhecimento (embora inferior) e pertence a uma esfera específica do discurso (sendo que o discurso é uma atividade deriva da natureza noética, intelectiva, que é própria da humanidade)
@@Metalnomics mas o que é a ideologia se não o fortalecimento intrínseco da opinião por motivos incompreensíveis? Não são diferentes, pois originam de uma mesma base. Mas gostei da sua percepção do que é ideologia. O que você fez foi garantir a definição da palavra. São apenas duas perspectivas diferentes. Imagine uma reta, enquanto pra ti ideologia se aplica do 2 ao infinito, para mim ela se aplica do 1 ao infinito. E eu não disse que trataste o Doxa como não humano, foi apenas minha opinião geral, não uma oposição do que fora dito. Inclusive, ótimo vídeo!
foi a geração que entrou em peso na universidades com mil e uma promessas e depois que saiu viu a diferença gritande da propaganda para a realidade. Muito bom as suas reflexões.
O triste é que, eu já via o reflexo dessas falsas promessas observando alguns boomers e Gen x; boomers rapidamente se tornando obsoletos e alguns gen x que fizeram curso superior, desiludidos com a vida financeira, amorosa e familiar. Tudo isso fez de mim cético em relação ao meu futuro, e ainda assim, não consegui evitar cair nas mesmas armadilhas; cedendo a um sentimento niilista por inércia no qual me aprisionei por alguns anos.
A ideologia, na linguagem comum, se entende como um conjunto de ideias, crenças e valores, quaisquer que sejam. Nesse sentido, todos seríamos ideológicos, afinal todos possuímos esse conjunto. Contudo, quando afirmam que "tudo é ideológico", normalmente querem dizer que o discurso analítico é sempre desvirtuado pela ideologia. Assim, impedindo que nós, humanos, alcancemos alguma verdade particular além-doxa. Isso serve de justificativa para o ataque a qualquer ciência que negue as ideias de quem defende a inexistência da episteme, e também como justificativa para a total subserviência à política. O maior contra-argumento a essa crença não é acusá-la de ser doxa (afinal, ela tem plena consciência disso), mas sim demonstrar suas fraquezas lógicas e teóricas, pois costumam defender ideias fora da realidade (e essa crença serve de justificativa para isso). Apesar de que provavelmente vão ignorar qualquer análise mais profunda, pessoas assim agem de forma parecida com conspiracionistas de quinta categoria.
Ideologia é um daqueles termos que desisti de usar, pois se tornou demasiado esvaziado de significado para ter uma aplicação prática. No entanto, minha definição pessoal é próxima da marxista: ideologia é, em essência, o conjunto de justificativas criadas pelos intelectuais da classe dominante para suas ações exploradoras. O objetivo é tornar a consciência de classe dos explorados rudimentar e confusa, levando-os a abdicar da ideia de oferecer qualquer resistência, seja ativa ou passiva, a tentativas de exploração.
Eu também estou de relativo acordo com essa visão, mas eu costumo chamar de "armadilha de ratoeira", são ideias que te levam ainda mais para dentro da armadilha. Podemos ver isso na questão da monopolização e oligopolização dos mercados, por exemplo. intervenção na economia -> favorecimento de grupos -> oligopolização -> bens e serviços ruins -> pressão popular -> intervenção na economia E também ocorre certa simplificação da questão envolvida, e tudo passa a ser visto em dois polos de "bem" e "mal" particulares. "Você é liberal? Então você defende que as empresas fiquem ainda mais fortes e explorem os trabalhadores e consumidores?" "Você é anti-liberal? Então você defende que as empresas fiquem ainda maiores e explorem os trabalhadores e consumidores?" Normalmente os dois têm fins similares, mas utilizam como meio políticas do estado e acabam se enfiando na armadilha ainda mais.
@@Azul547Poderia reformular a pergunta? Não a entendi muito bem. Se você está se referindo ao conteúdo ideológico no Brasil atualmente, ele é, em maior ou menor grau, uma reprodução das discussões norte-americanas, especialmente dentro do liberalismo social, pelo menos de forma geral. Onde moro, a meta ainda é, de certa forma, a instrumentalização da religião em prol do velho trabalhismo.
Gosto da introdução do João Camilo de Oliveira Torres do livro Interpretação da Realidade Brasileira sobre a ideologia. Ele partilha a visão que a ideologia possui um edifício racional apenas aparente (o Véio possuía a mesma visão), sendo o seu centro um pathos compartilhado por uma comunidade. Daí surge a construção da Idade do Ouro de acordo com a memória temporal afetiva de certo grupo.
isso corrobora com o que eu disse sobre a retórica e o doxa, conjuntamente com o que o Voegelin disse, isto é, que a ideologia é uma versão moderna do doxa grego.
caraca, eu vi esse video do humberto e fiquei indignado, pq ele nao conseguia sustentar a sua propria tese(isso pq ele ia REFUTAR mises em 20 E POUCOS MINUTOS. só calculo 1 ja tem mais de um ano). finalmente eu vi alguem falando sobre, valeu mn. +1 inscrito
Dor de cabeça pq? Decoraram isso de argumento? Um país exportador primário diminui as exportações quando a moeda se valoriza, mas isso gera poupança que permite investimentos industriais através de redução de custos, etc. Se vc entender teoria do capital, esse tipo de argumento decorado como armadilha holandesa, armadilha da liquidez e etc cai por terra, quem usa isso geralmente trata a economia de forma simplista e olha apenas um tipo de efeito e o supervaloriza.
oq vc acha sobre a doutrina do preço justo? Pois como é escolástica e a escola austriaca é pós escolástica, queria mais informações sobre a opnião dos pós escolásticos a respeito.
cara, essa foi uma questão disputada na pós escolástica, o Prof. Ubiratan Iório tem mais conhecimento das fontes primárias do que eu nesse assunto, tudo o que eu sei é pela leitura de livros dele, em que ele comenta que alguns escolásticos tardios chegaram à conclusão de que o preço justo depende de um sem número de particularidades das quais só Deus poderia determinar.