Penso em Sísifo levando a pedra, impulsionado pelo "amor fati", portanto, apreciando cada passo em direção ao topo e, sobretudo, a descida da montanha, quando ele podia sentir o vento e ter o corpo livre da pedra, um prazer enorme! Isso se assemelha com um dia duro de trabalho e, depois, termos algumas horas de liberdade. Se o dia todo fosse livre, haveria o mesmo prazer?
Podemos perceber de fato que cada frase e pensamento filosófico apresentado neste vídeo ajuda e faz o encaixe perfeito das situações adversas que surgem ao longo de nossas frágeis vidas e as tragédias gregas também por si só ajudam a chegar neste melhor entendimento como a história de Édipo,Giges e etc. Parabéns pelo vídeo .
Eu concordo com o comentário que foi apostado logo abaixo. Eu não sei se ter consciência do absurdo é suficiente, e se não é suficiente acaba que a aceitação do absurdo e o salto da fé acabam se equivalendo, não? Sendo que ambas acabam sendo uma solução pela metade? Pode até ser que crer seja mais favorável não? Geralmente as pessoas que creem mais firmemente evitam ou ignoram ficar pensando sobre a brevidade e absurdidade da vida. Aliás, vídeo excelente!
Quando eu li o estrangeiro achei Camus um escritor fantástico, pois ele estava falando de um sentimento que até então eu pensava que era só meu. Porém, em todas as vezes que tentei ler o Mito de Sisifu não consegui entender muito bem os argumentos por ele usado e nem a conclusão direito "porquê Sisifu vai ficar feliz se ele percebeu que tudo que ele faz n tem sentido?" Seu vídeo me ajudou a entender um pouco mais, mas ainda tenho dificuldade de entender, vou esperar mais alguns meses estudando filosofia pra voltar nesse autor e nessas questões. Mas por exemplo, acreditar (ou apostar) no sobrenatural para que essa vida tenha sentido é um sinal de fraqueza ou uma negação do absurdo, visto que se deus existe então temos um propósito. Mas se apegar a vida e aproveitar o momento, que é a outra alternativa, não é suficiente pois parece que você continua com medo do absurdo mas finge que superou pra tentar enganar o universo ( ou se mostrar feliz para quem te colocou na prisão) mas o universo não liga (é como se o cara tivesse te colocado na prisão e ido embora sem ver como vc ia reagir). Pode ser só ignorância minha, mas n acho esse argumento dele suficiente para impedir um suicídio.
Ótimo comentário. Veja, o suicídio para ele é o humano jogando a toalha, uma desistência diante da desproporcional superioridade de forças do absurdo. Com o livro ele tenta provar que a vida vale a pena mesmo absurda. A solução do "Sisifo Feliz" tem de fato um caráter de falsa redenção, né. De solução pela metade, uma vez que não altera sua condição de prisioneiro. Mas segundo Camus é através da instauração da própria liberdade e da constante revolta individual contra o absurdo que nós "o vencemos". Qual a única maneira de vencer o carrasco que te aprisionou? Curtindo a prisão. Claro que há a questão da indiferença do absurdo à sua atitude. Ainda assim, segundo ele, é o mais próximo de uma redenção que se pode chegar. Recomendo muito a leitura do Homem Revoltado, obra de um Camus mais maduro e que preenche muitas lacunas do Mito de Sisifo.
Acredito que o Camus apenas faz uma alegoria no sentido de dizer que todos nós temos a nossa pedra a ser empurrada e logo depois ver esta pedra rolando abaixo. No sentido que tudo que é construído, produzido (sejam coisas materiais ou crenças), tudo é destruído, apagado, ou mudado. E que mesmo assim podemos atribuir sentido em tudo (mesmo sabendo que não há sentido algum). No caso do Sísifo, a única forma de atormentar, desafiar os Deuses, foi não desistir do jogo, e poder apreciar até a pedra rolando morro abaixo.
Achava estranho a aposta de Pascal ,pois só tinha ouvido que tinha que crer e achava isso errado porque não é só isso tem que viver. Quando fui ver no vídeo ,Pascal fala da Fé e também que a pessoa deve se esforçar por vive-la.
A morte de Camus foi tão estranha q fez William Styrom dizer em "Darkness Visible" que Camus parecia estar muitas vezes deprimido e como na estrada do acidente havia somente uma árvore, a árvore em que o carro bateu, que Camus pode ter jogado o carro de propósito em cima dela, ou seja, um suicídio explícito ( apesar dessa reflexão , não há nenhum julgamento moral sobre isso ).
Infelizmente sentimos isso absurdo, ouvindo essa palestra chego a conclusão que o absurdo é por causa da nossa finitude.Ou seja entramos em um jogo sabendo que vai perder.
Excelente! Estou escrevendo sobre o suicídio de adolescentes privados de liberdade....ao contrário dos outros, eles se rendem ao absurdo de uma vivida com poucas perspectivas e muitas perdas e opressões. Queria saber de você como vê esse tipo de absurdo: ser pobre, negro(a), pessoa com deficiência, LGBT+, tudo ao mesmo tempo, e não sucumbir ao absurdo?
Excelente questão. E o Camus é um autor que pode ser muito bem-vindo no seu trabalho, porque ele próprio veio de uma família muito pobre na Argélia. O apoio que recebeu do seu professor de escola, que acreditou nele, foi fundamental, tanto que escreveu ao professor após ganhar o Nobel. A figura do professor também é muito importante no Brasil, especialmente em regiões pobres, como o sertão. Vemos essa importância retratada no Cinema, dos filmes do Glauber Rocha até mais recentemente em Bacurau. A inspiração e responsabilidade do professor capaz de comover os menos favorecidos a moverem montanhas. Diria que o incentivo à educação é um ponto, talvez o mais fundamental. A solidariedade e o amor também são elementos que o Camus aponta para uma vitória humana frente ao absurdo. Quanto mais oprimida for a vida da pessoa, mais vitoriosa será ao não sucumbir. Ela vence não desistindo, com resiliência, busca por conhecimento, caminhos assertivos, invalidando por dentro a força que a oprime por fora.
@@MatheusBenites Matheus, estou extremamente grata por ter visto seu vídeo e perceber o quão vc é sensível as questões que tbm me tocam: a desigualdade, a violência e a qualidade de vida das crianças e adolescentes no Brasil. Eu estava buscando um filósofo contemporâneo que abarcace essa demanda dos adolescentes despossuidos e desnecessários, e encontrei: Camus. Obrigada!!!!
Era para ser uma introdução? Você dissecou o texto! Foi quase uma apresentação de tese, kkkk. Mas, falando sério agora, o vídeo ficou muito bom, ajudou a esclarecer muita coisa. Continue com os vídeos. Se puder, faça uma resenha do mesmo tipo de algum livro do Cioran, que também tem uma pegada bem existencial.
O conceito que busco entender é justamente o "absurdo". Muito ouvi falar, li na obra, mas não encontrei respostas dentro dela. O mais próximo que consegui apreender foi o "sentimento de absurdo", definido pelo próprio Camus como "o divóricio entre o homem e sua vida, entre o ator e seu cenário". Vi no RU-vid uma explicação que o absurdo seria a inexistência de sentido inerente à vida, de uma finalidade universal para a vida.
O absurdo é indefinível. Está além da nossa compreensão. O mais perto de uma definição possível Seria o que o Camus coloca como aquilo que se manifesta "quando a nossa razão lúcida constata seus limites". E não é que a vida seja absurda, ela se apresenta como absurda para o ser humano. Não é que não tenha sentido em si, mas para nós apenas parece não ter. Dê uma olhada no meu vídeo sobre a visão do Thomas Nagel sobre o absurdo, acho que vai se interessar. Abraços
@@MatheusBenites ebaa... Recentemente adquiri um box do Camus contendo alguns livros dele, tais como: A Peste, O Estrangeiro e A queda e o mito de Sisifo. Gosto bastante da filosofia dele e quero poder ler o que conseguir dele
Uma forma de expressar o pensamento de que o ser humano e o mundo onde ele vive estão apartados, e que deveriam estar mais conectados. A vida fragmentada e finita do humano sente vontade de que sua experiência seja marcada pelo oposto, em uma unidade tal como em um Paraíso.
Matheus, será que podemos dizer que a visão de mundo do Meursault no livro O estrangeiro é uma visão niilista? Digo isso pelo fato de ele achar que a vida é banal e que tanto fez pra ele a mãe estar morta ou ele ter matado alguém...
O que o Camus afirma é que para o ser humano o mundo (ou a existência) se apresenta como absurdo. Não é o mesmo que dizer que objetivamente ele é mesmo absurdo. Pode ser que exista um propósito e uma racionalidade na existência que o humano não é capaz de apreender, assim como pode não ser