O que é declamar? É recitar versos com gestos expressivos. É dar vida às palavras frias, inertes, mórbidas e tristes através da entonação impecável e deliciosamente sentida. Parabéns pela interpretação apaixonada, Isa!
No livro da DarkSide, Medo Clássico, de Edgar Allan Poe, tem tanto a tradução de Machado de Assis como de Fernando Pessoa. Vale a pena... E ainda traz, na introdução, "a Filosofia da Composição"..., e nunca mais... And Nevermore
Excelente, Isa! 👏 Ah, Edgar Allan Poe... Costumo chamá-lo de "Shakespeare das Trevas."😈 Além de O Corvo, já li algumas coisas legais dele: O Gato Preto, A Máscara da Morte Escarlate, A Queda da Casa de Usher e O Barril de Amontillado.
Puxa, Isa, meu sonho era ver você resenhando Entrevista com o Vampiro ou qualquer um dos livros da Anne Rice, a rainha do romance gótico. Seria lindo demais! Ainda vou te mandar de presente o livro original e também a graphic novel de Entrevista com o Vampiro, que é um primor! 😍 Quero ver se você não vai ficar doidinha, até salivando, quando vir aquela belezura! Kkkk 🤭
@@campanula5258 né? Meu também. Li o livro e vi o filme com uns 13 anos e isso me levou a comprar todos os livros da Anne Rice desde então... São 24 anos de amor pelo trabalho da autora e pelos personagens... 😍
Conheci esse poema em uma aula do saudoso professor Nicolau Sevcenko na graduação de História da USP. Uma verdadeira obra prima. Sua leitura fez jus a ela.
Isa, depois de ouvir sua leitura, fiquei curioso e procurei outras. Acredite: a sua versão é a única que me transmite emoção! Parabéns, adoro seu conteúdo!!!
Isabella: obrigado por sua leitura e seus comentários! Mesmo muito criticada, a tradução de Machado de Assis é muito emocionante. Quem traduz é também co-autor.
"Ouvir" antes de Morrer!!! O prazer da leitura é aqui posto no palco... Cuidado! desse jeito a gente vai se acostumar com a preguiça de ler... tudo só brincadeira. Parabéns!!!
Adoro Allan Poe e procurei em muitos lugares para comprar esse livro que você está apresentando e não encontrei. Gostaria de vender esse que você tem? Demais a capa e realmente é um sonho de consumo. Parabéns pela declamação.
Tenho esse poema em casa e ouvi seu recital acompanhando no livro e foi uma experiência fantástica principalmente pelo efeito musical. Parabéns! Queria muito, muito, muito te ouvir também recitando a tradução de Fernando Pessoa mas já fiquei deveras feliz com a versão de Machado.
O corvo na versão só machado de assis Em certo dia, à hora, à hora Da meia-noite que apavora, Eu caindo de sono e exausto de fadiga, Ao pé de muita lauda antiga, De uma velha doutrina, agora morta, Ia pensando, quando ouvi à porta Do meu quarto um soar devagarinho E disse estas palavras tais: "É alguém que me bate à porta de mansinho; Há de ser isso e nada mais." Ah! bem me lembro! bem me lembro! Era no glacial dezembro; Cada brasa do lar sobre o chão refletia A sua última agonia. Eu, ansioso pelo sol, buscava Sacar daqueles livros que estudava Repouso (em vão!) à dor esmagadora Destas saudades imortais Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora, E que ninguém chamará jamais. E o rumor triste, vago, brando, Das cortinas ia acordando Dentro em meu coração um rumor não sabido Nunca por ele padecido. Enfim, por aplacá-lo aqui no peito, Levantei-me de pronto e: "Com efeito (Disse) é visita amiga e retardada Que bate a estas horas tais. É visita que pede à minha porta entrada: Há de ser isso e nada mais." Minhalma então sentiu-se forte; Não mais vacilo e desta sorte Falo: "Imploro de vós - ou senhor ou senhora - Me desculpeis tanta demora. Mas como eu, precisando de descanso, Já cochilava, e tão de manso e manso Batestes, não fui logo prestemente, Certificar-me que aí estais." Disse: a porta escancaro, acho a noite somente, Somente a noite, e nada mais. Com longo olhar escruto a sombra, Que me amedronta, que me assombra, E sonho o que nenhum mortal há já sonhado, Mas o silêncio amplo e calado, Calado fica; a quietação quieta: Só tu, palavra única e dileta, Lenora, tu como um suspiro escasso, Da minha triste boca sais; E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço; Foi isso apenas, nada mais. Entro co'a alma incendiada. Logo depois outra pancada Soa um pouco mais tarde; eu, voltando-me a ela: "Seguramente, há na janela Alguma coisa que sussurra. Abramos. Ela, fora o temor, eia, vejamos A explicação do caso misterioso Dessas duas pancadas tais. Devolvamos a paz ao coração medroso. Obra do vento e nada mais." Abro a janela e, de repente, Vejo tumultuosamente Um nobre Corvo entrar, digno de antigos dias. Não despendeu em cortesias Um minuto, um instante. Tinha o aspecto De um lord ou de uma lady. E pronto e reto Movendo no ar as suas negras alas. Acima voa dos portais, Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas; Trepado fica, e nada mais. Diante da ave feia e escura, Naquela rígida postura, Com o gesto severo - o triste pensamento Sorriu-me ali por um momento, E eu disse: "Ó tu que das noturnas plagas Vens, embora a cabeça nua tragas, Sem topete, não és ave medrosa, Dize os teus nomes senhoriais: Como te chamas tu na grande noite umbrosa?" E o Corvo disse: "Nunca mais." Vendo que o pássaro entendia A pergunta que lhe eu fazia, Fico atônito, embora a resposta que dera Dificilmente lha entendera. Na verdade, jamais homem há visto Coisa na terra semelhante a isto: Uma ave negra, friamente posta, Num busto, acima dos portais, Ouvir uma pergunta e dizer em resposta Que este é o seu nome: "Nunca mais." No entanto, o Corvo solitário Não teve outro vocabulário, Como se essa palavra escassa que ali disse Toda sua alma resumisse. Nenhuma outra proferiu, nenhuma, Não chegou a mexer uma só pluma, Até que eu murmurei: "Perdi outrora Tantos amigos tão leais! Perderei também este em regressando a aurora." E o Corvo disse: "Nunca mais." Estremeço. A resposta ouvida É tão exata! é tão cabida! "Certamente, digo eu, essa é toda a ciência Que ele trouxe da convivência De algum mestre infeliz e acabrunhado Que o implacável destino há castigado Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga, Que dos seus cantos usuais Só lhe ficou, na amarga e última cantiga, Esse estribilho: "Nunca mais." Segunda vez, nesse momento, Sorriu-me o triste pensamento; Vou sentar-me defronte ao Corvo magro e rudo; E mergulhando no veludo Da poltrona que eu mesmo ali trouxera Achar procuro a lúgubre quimera. A alma, o sentido, o pávido segredo Daquelas sílabas fatais, Entender o que quis dizer a ave do medo Grasnando a frase: "Nunca mais." Assim, posto, devaneando, Meditando, conjecturando, Não lhe falava mais; mas se lhe não falava, Sentia o olhar que me abrasava, Conjecturando fui, tranqüilo, a gosto, Com a cabeça no macio encosto, Onde os raios da lâmpada caiam, Onde as tranças angelicais De outra cabeça outrora ali se desparziam, E agora não se esparzem mais. Supus então que o ar, mais denso, Todo se enchia de um incenso. Obra de serafins que, pelo chão roçando Do quarto, estavam meneando Um ligeiro turíbulo invisível; E eu exclamei então: "Um Deus sensível Manda repouso à dor que te devora Destas saudades imortais. Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora." E o Corvo disse: "Nunca mais." "Profeta, ou o que quer que sejas! Ave ou demônio que negrejas! Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno Onde reside o mal eterno, Ou simplesmente náufrago escapado Venhas do temporal que te há lançado Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo Tem os seus lares triunfais, Dize-me: "Existe acaso um bálsamo no mundo?" E o Corvo disse: "Nunca mais." "Profeta, ou o que quer que sejas! Ave ou demônio que negrejas! Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende! Por esse céu que além se estende, Pelo Deus que ambos adoramos, fala, Dize a esta alma se é dado inda escutá-la No Éden celeste a virgem que ela chora Nestes retiros sepulcrais. Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!" E o Corvo disse: "Nunca mais." "Ave ou demônio que negrejas! Profeta, ou o que quer que sejas! Cessa, ai, cessa!, clamei, levantando-me, cessa! Regressa ao temporal, regressa À tua noite, deixa-me comigo. Vai-te, não fica no meu casto abrigo Pluma que lembre essa mentira tua, Tira-me ao peito essas fatais Garras que abrindo vão a minha dor já crua." E o Corvo disse: "Nunca mais." E o Corvo aí fica; ei-lo trepado No branco mármore lavrado Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho. Parece, ao ver-lhe o duro cenho, Um demônio sonhando. A luz caída Do lampião sobre a ave aborrecida No chão espraia a triste sombra; e fora Daquelas linhas funerais Que flutuam no chão, a minha alma que chora Não sai mais, nunca, nunca mais!
Coincidência. Comprei o corvo ontem. Tenho uma certa resistência para ler Edgar Alan Poe. Mais uma vez um pedido, Isa. Fala um pouco de Graciliano Ramos. Super escritor e meio injustiçado pela mídia, talvez!
Destaco este trecho: "Ah! bem me lembro! bem me lembro! Era no glacial dezembro; Cada brasa do lar sobre o chão refletia A sua última agonia. Eu, ansioso pelo sol, buscava Sacar daqueles livros que estudava Repouso (em vão!) à dor esmagadora Destas saudades imortais"...
Não consigo ler Allan Poe, cada vez que tentei ler algum conto tive pesadelos, e olha que eu não sou uma pessoa impressionável. Mas esse poema, lido tão habilmente, achei lindo.
Amo ouvir música enquanto leio. Músicas que combinem com a leitura... poderia me falar qual é a música que vc usou neste vídeo e no conto da morte vermelha? Amaria ler os livros dele com essas músicas.
Tem uma tradução de um jornalista chamado Milton Amado que é na minha humilde opinião a melhor que eu já li desta obra. Não estou desmerecendo Machado de Assis ou Fernando Pessoa, aliás li as duas versões e achei as traduções dignas de sua reputação, mas a do Milton Amado tocou meu coração. Você ficou maravilhosa recitando o poema Isa. Bjs😘
Isa que conheci agora, não outrora és tão bela que me apavora no canal já estou inscrito, tendo isso dito procurarei algo para fazer, talvez uma leitura já que nisso, somente nisso ninguém interrompe minha aventura. huahuah amei o canal - Por euzinho mesmo (Harrison C.)
Hola, soy de Colombia. Hace poco descubrí tu canal y he quedado encantada, entiendo un poco el portugués y agradecería si por favor le agregas subtítulos. Gracias y felicitaciones.
Até o momento (13h15) 9 pessoas deram deslike. Não gostam desse poema ou do canal. Por que será que vem a um canal do qual não gostam ou abrem vídeo que sabem a priori que não gostam?