Uma conversa Katiúscia Ribeiro e Aza Njeri sobre Mulherismo Africana.
Dentro da perspectiva da luta autônoma Africana, na busca pelas próprias narrativas espistemológicas, o Mulherismo Africana apresenta-se a nós, povo Preto, não somente como combate à desigualdade de gênero, mas também como forma de resgate filosófico e cultural da grandeza ancestral Africana. A narrativa ocidental que apropriou-se de nossas história e memória, rui e não possui legitimidade como guia de nossas vidas e lutas diárias. O mulherismo é, assim, meio de resgate e auto-elevação do povo Africano, pois, o patriarcado, nos matando de diversas formas, tem no matriarcado Africano, por definição, seu oposto. Assim, o povo Preto é o oposto da violência e da degradação ocidental.
O mulherismo apresenta-se, portanto, não somente como ideologia, mas também como forma de humanização. O mulherismo é o caminho para o matriarcado e, assim, o caminho para a sociedade e os valores africanos.
"Refletindo sobre a história do povo Africana e das mulheres em particular, concluí que, por séculos, as mulheres africanas têm se engajado em atividades mulheristas Africanas, demonstrando, como ativistas coletivas, a prioridade de raça e que essa herança data desde os ricos legados da mulheridade Africana. Assim, a existência desse fenômeno - mulherismo Africana - não é nova, mas uma prática que vem da antiguidade Africana. Para se certificar, o Mulherismo Africana toma como modelos mulheres guerreiras Africanas e se move à criação de um paradigma relativo a esse antigo legado de ativismo de mulheres Africanas. E, assim, ao retornarmos aos esforços coletivo e de liderança de todo o povo Africana para a sobrevivência de nossa família/comunidade, não deixemo-nos esquecer de nossas forças passadas, decerto glorioso legado de nossa ancestralidade Africana e, certamente, do rico legado da mulheridade Africana." - Clenora Hudson-Weems
20 сен 2024