No Invernadão das Poliangas
Letra e música: Rogério Villagran
Álbum: Eu e o Campo (2016)
Clareia o dia, no grito que firma a goela
Do peão da estância que busca a volta dos fundos
Até o sereno das macegas se levanta
E o sol groteiro sai das timba e vem pra o mundo
Costeio a sanga e cruzo no passo do meio,
Contemplo a calma da manhã que se arremanga.
Um touro berra logo abaixo do saleiro
- Tal fosse o dono do invernadão das poliangas -
Estendo a vista e bombeio de ponta a ponta
Sigo ao tranquito enquanto a lida encordoa
Meto o cavalo num lote que ainda remancha
Grameando quieto, no costado da lagoa
Sou peão de campo conheço bem o compasso
E não refugo quando a volta se abaguala
Não é brinquedo lidar com gado de cria
Onde o campeiro cura bicheira e assinala
Mas pra este ofício fui parido e não me “achico”
Pois acredito, que este seja o meu destino
De andar no mundo empurrando algum fiador
E tirando balda de algum metido a malino
Sei que o meu mundo se resume a este anseio
Que se destapa quando a manhã se arremanga
Mas me acho livre, igual ao berro do touro
Que ecoa longe no invernadão das poliangas
6 сен 2024