O gaúcho Edemar Bettoni, 35 anos de idade e 9 de profissão, diz que está prestes a deixar a vida sofrida da estrada. Ele trabalhava como vendedor de roupas em uma loja, mas foi para a estrada em busca da realização de um sonho. Não tinha experiência e deu sorte. Agora não quer mais ser motorista.
Ele diz que está desanimado com a profissão de caminhoneiro, porque nunca é valorizado. “Se não abastecer, tem que pagar o banho. Se fosse baratinho, tudo bem, mas são dez reais, no fim do mês são 300 reais”, diz. Esse custo sai do bolso dele, junto com as despesas de refeição. E não é só isso. Ele já foi assaltado porque estava pernoitando em local inadequado, já que não tinha um ponto de parada. Ficou traumatizado, mas seguiu em frente. Só que não dá mais. Por isso diz: “não compensa e eu cheguei no meu limite”.
Edemar faz as contas e diz que é melhor trabalhar na cidade de segunda a sexta-feira do que viver na estrada, inclusive passando Natal e Ano Novo longe da família. “O baixo salário não compensa o sacrifício”, afirma. Sobra no máximo 2,5 mil reis por mês pra ele levar pra casa. O salário é muito pouco para tanto trabalho, desvalorização e humilhação.
Esperar longas horas e dias para carregar e descarregar sem nenhuma estrutura, como banheiro ou local para comer é só uma das humilhações que explicam o desabafo deste caminhoneiro. Segundo ele, não custaria nada os embarcadores oferecerem um pouco mais de conforto, como uma sala de espera. A falta de ponto de parada também é um grande problema.
A única coisa que ainda segura ele na profissão é a oportunidade de conhecer o Brasil. E como já conheceu tudo, o gosto vai acabando. Esta entrevista da série Vida de Estradeiro demonstra claramente o motivo pelo qual muitos não querem mais ser caminhoneiro. É por isso que as transportadoras dizem que falta motorista e que têm caminhões parados.
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21 ноя 2020
