O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA, GARCÍA MÁRQUEZ ( 

Pra mim não é uma história de amor, mas uma história de amores. E não sobre amor romântico, mas amores reais, com todas as suas contradições. O amor platônico inicial de Florentino por Firmina, o amor conjugal de Firmina e o marido, os outros amores de Florentino, a continuidade do amor de uma vida inteira de Florentino, o amor de idosos de Firmina e Florentino no fim dá vida, etc. Acho sim que é uma grande ode ao amor, mas ao amor de forma concreta, alguns deles doentes, muitos indesejáveis, mas todos existentes na realidade. E por isso esse livro é tão maravilhoso!

Gente, sinto que li outro livro! Hahahaha Eu acho justamente que o bonito do livro é a crueza dele. É saber que o amor está muito longe de ser um sentimento simples, mas tão complexo e louco que pode brotar em meio a qualquer desgraça, inclusive ao cenário da tragédia da guerra e do cólera. Com certeza o Florentino é problemático, mas vc conhece um homem que não seja? HAHAHA

Eu tive a mesma impressão. O fato do próprio título em si, e durante o livro também, o Gabo descreve o amor como uma doença. Não acho que essa seja um livro romântico, mas pelo contrário, é uma obsessão. Olha só: "Mas o exame revelou que não tinha febre, nem dor em nenhuma parte, e a única coisa que sentia de concreto era uma necessidade urgente de morrer. Bastou ao médico um interrogatório insidioso, primeiro a ele e depois à mãe, para comprovar uma vez mais que os sintomas do amor são os mesmos do cólera."

Há os iludidos que sonham, e os poucos que veem a beleza na realidade. Isso é do que realismo mágico trata, é a forma poética desse amor cru que possui os mesmos sintomas do cólera.

O título do livro já entrega a saga de um amor doentio, fadado a uma morte deprimente. É um amor que não encontra lugar, pois não pode florescer como ódio e doênça. Nada tão incomum para os tempos de "cóleras" que vivemos hoje. A beleza reside na persistência humana de buscar o amor onde ele não esta.

Oi Isa, acabei de ler o livro e para mim é um livro não sobre o amor verdadeiro e "cru", mas sim sobre o que achamos que é o amor, como: o amor idealizado (como o de Florentino e Fermina), sobre a paixão de adolescência que achamos que é amor para a vida toda (como o de América e Florentino), sobre o amor "construído" e de fachada (como o Doutor Juvenal Ubino por Fermina, pois para a sociedade todos os casais se amam). Bem, finalizando, é mais um livro sobre o que não é o amor, pelo menos o verdadeiro amor.

Na minha visão o tema central desse livro é a velhice, a morte. O amigo de Juvenal Urbino se mata para não envelhecer. As dores, dificuldades, doenças incuráveis, perda da visão, audição, equilíbrio, lucidez, memória, e o cheiro do corpo humano na fase final. Nada mais real, pois a fase outonal e invernal é assim mesmo, por mais que queiramos evitar ou idealizar. O amor romântico é uma ficção, e esse livro mostra verdades sobre a vida conjugal. Por isso muitos desistiram da leitura. "Lembre sempre que o mais importante num bom casamento não é a felicidade e sim a estabilidade".

Isa, vc também notou nesse livro algumas interposicões temporarias durante a narracão? Por exemplo, eu notei que muitas vezes, o Gabo quase que sobrepõe fatos do passado e do presente, mas sem mistura-los e com uma clareza incrível: ele comeca narrando um fato do passado, e depois de alguns paragrafos vc se dá conta que ele já passou a falar de algo do presente sem que vc perceba, te deixando ainda totalmente ligado na trama e viajando na narracão.

Não acho melancólico, muito menos nojento. Acho que é uma história de amor maduro, cheio de defeitos, no outono/inverno da vida... o diálogo "esperou muito? Não, só 50 anos" acho lindo. Eu adoro esse livro

A cena da lua de Mel do casal é tao bonita que nao saiu da minha cabeça desde que li o livro em 2008. A cena da primeira noite de Fermina e o medico.

Uma história de amor e algumas perversões... Uma obra prima!

Volte a ler depois que estiver no seu 20º ano de relacionamento! Fará mais sentido! Aqui amor se revela como é, sem pieguice, entremeado nas vicissitudes da vida!

Obra impecável, Gabo é humano, poético, realista e profundo conhecedor do psicológico das pessoas. Um espetáculo de leitura.

Isa, valeu! Gostei bastante, ainda que não concorde com todos os pontos que você levantou - o que é ótimo, pois é a multiplicidade de interpretações que nos permite avançar nas reflexões. Eu leio O amor nos tempos do cólera em parte como você, via desconstrução do amor romântico, que é uma criação europeia. Não que o amor seja uma invenção, afinal o afeto, a necessidade de se viver junto, de partilhar, é natural aos humanos. A construção cultural que idealiza um relacionamento entre dois apaixonados é que se fez na Europa, basicamente através da literatura. E se massificou nas comédias românticas de Hollywood, né... Eu mesmo, depois de Sintonia de Amor e Mensagem pra você, quis ser o Tom Hanks para namorar uma Meg Ryan... mas divaguei... o fato é que, ao desconstruir o romance, O amor nos tempos do cólera vai na proposta do realismo mágico de se buscar/desenvolver a identidade latino americana com criticidade (não negação) à herança europeia. Identidade que é cultural, portanto, se faz no contexto sócio-político, via trocas que se auto alimentam. Além da ideia de amor romântico que serve como pano de fundo, existem questões mais concretas, como o dogma do progresso. A imagem que você recuperou, das florestas destruídas para que o vapor mantenha seu curso, independente dos corpos, guerras civis e doenças, é perfeita. É a síntese do período histórico que nos formou no pós independência. A América, jovem, iludida e morta, serve de metáfora direta ao nosso continente, que se nega e é negado, historicamente. Mas existe esperança. O Rio Magdalena ainda está lá. O filme não faz juz ao livro. Mas a trilha sonora é bonita. Shakira manda super bem, cantando e compondo..." Ay mi bien, como el Río Magdalena, que se funde en la arena del mar, quiero fundirme yo en ti / Hay amores, que se vuelven resistentes a los daños, com el vino que mejora con los anõs, asi crece lo que siento yo por ti... " Gracias e Besos.

O Gabo escreve a prosa como poesia e isso me encanta. E de fato, os personagens por vezes são repulsivos. A Firmina é uma racista, classista preconceituosa. O Florentino é um promíscuo (a Isabel esqueceu de mencionar as diversas doenças venéreas que ele teve e que ele encarava como “troféus da vida”), pedófilo e sem responsabilidade afetiva. O Urbino um classista religioso hipócrita. Mas mesmo tendo essa crueza dos personagens foi isso que me encantou na obra. Não existe mocinho ou mocinha. Existe pessoas de carne e osso com todas as suas idiossincrasias e contradições. Eu não vejo ninguém escrever como o Gabo. Para mim ele é incrível! Um dos melhores!

Uma curiosidade: o Ted, de HIMYM, está lendo o amor nos tempos do cólera em farhampton quando ele avista a futura mãe dos filhos dele. Ele também aparece lendo cem anos de solidão alguns episódios antes. Um abraço, adoro seu canal!

agora em 2020 eu diria que é amor em tempos de corona. grande gabo!

depois de "Cien Años" (logicamente), a obra imbatível de Gabo, para mim, foi "Crônica de Uma Morte Anunciada": é magistral.

Como eu amo esse livro e como sou grata a Gabo por ter escrito essa obra grandiosa!

Descobri seu canal em 2023 e estou curtindo muito! Parabéns pelo trabalho

Li recentemente e, por acaso, encontrei este vídeo. Tive o mesmo incômodo que relata, inclusive, quando fui falar sobre o livro me disseram que eu tinha odiado o livro rsrs. Percebo o livro irônico todo o tempo. O episódio do amor de América Vicunha é uma provocação dolorida demais mas tenho pra mim que é parte da ironia. Não é um livro para leitores rasos tampouco para estômagos fracos, mas é sensacional. Obrigada pelo vídeo.

Tive exatamente a mesma impressão do que você!! Fico pasmo com quem me fala que é uma linda história de amor. Vejo como uma sátira das histórias de amor clássicas, onde vale tudo desde que vc esteja amando. Não importa quem, aonde ou o sofrimento alheio, desde que vc ame está tudo bem. Imagina a cara dos pais dele com essa "homenagem".

Gabo tem por características misturar o sublime e o trágico em suas obras: um homem mórbido e repulsivo, que se torna sedutor; uma mulher vaidosa e geniosa, que encanta os homens; um ambiente degradado, pobre e doentio como palco da história, e com isso compõe uma obra genial. Ótima resenha!

Um dos livros mais bonitos que já li.

No caso do título do livro, a palavra "cólera" veio como substantivo masculino, o que a caracteriza como a doença mesmo (apesar de também poder adotar o gênero feminino). Caso representasse raiva, fúria, ira, teria que estar no feminino.

Depois de assistir seu vídeo, ler comentários, e também ter terminado a leitura hoje. O que me chamou a atenção é a crueza da vida e não por isso nâo pode ser bela. Na prática só pode ser traduzida por um olhar único e pessoal. É um livro pra adultos, e que amaram como entenderam o que seria amar. O amor é um assunto ainda hoje muito controverso. Gostei muito do livro.

Duas coisas me marcaram bastante: I - No meu caso, li esse livro ainda um pouco "intoxicado" com Lolita do Nabokov e inevitavelmente vi um pouco de Humbert-Doli na relação Florentino-America. II - A parte final do livro, que deveria ser o momento "fofura", a hora que eu deveria chorar de molhar as páginas, na verdade me fez remexer no sofá de tanto incômodo. Dá para sentir o calor, o barulho, a dor de ouvido, os mosquitos, o fedor... Enfim, nada romântico. Parabéns pela belíssima resenha. Virei seguidor :)

Vc faz resenhas incríveis. É muito legal ouvir vc falar. Estou curtindo muito te acompanhar. Vc é clara, objetiva, não tem vícios na narrativa , como "né." "entende" "aaahhh". Parabéns pelo seu trabalho.

Incrível como a obra se completa no leitor. Li esse livro quando tinha mais ou menos a sua idade e não achei o final melancólico, não. Achei bonito finalmente resgatarem seu amor mesmo em meio à destruição. Era um raio de felicidade duramente conquistada apesar do horror circundante.

Um dos livros preferidos da minha vida!

Sabe, eu tenho aqui as edições clássicas da Record de O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA e também CEM ANOS DE SOLIDÃO, os livros mais famosos de Garcia Márquez, e eu preciso comentar que não tem como eu não os comparar, não em questão de qualidade, mas de como eu me senti ao ler ambos. Em CEM ANOS, eu tive uma leitura mais arrastada, fui e voltei diversas vezes também e, no fim, concluí que é um excelente livro, claro!, mas mais pela forma, ou seja, para mim, o que é interessante nele é a estrutura dos elementos da narrativa; já o O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA, foi uma leitura muito mais fluida, muito mais prazerosa até, do tipo que a gente não consegue largar até o ponto final, isso por conta da própria narrativa, muito mais pela história e não pela forma. Na minha leitura, eu acho que o que o Garbo pretendeu fazer foi contrapor essa entidade tida como sublime por todos, o amor, a todo e qualquer tipo de forças de oposição, inclusive presente nos heróis, inclusive os próprios amantes, principalmente, Florentino; ele é uma força antagônica a esse amor que busca por conta de suas diversas falhas. Outra leitura que se pode fazer é que, na verdade, como você mesma pontuou, pode não ser nada sobre o AMOR que o autor queria tratar (ou que acabou tratando), mas sim sobre a força obsessiva da paixão. Agora, teria essa paixão se transformado, finalmente, em amor verdadeiro nos momentos finais? Amor de verdade florescendo (de “Florentino”, olha o trocadilho,^^ para Fermina), ainda assim, no barco da morte, naquele “rio infinito”? Rio da morte egípcio? Acho deveras interessante, também, o reflexo, o espelhamento, que a metáfora do rio apresenta para toda a narrativa, ou seja, um caminho instável, todo sinuoso, com todo o seu entorno representando os males e dores vividos pelos personagens em toda a obra. De qualquer forma, será este O AMOR? E ele perdurará em meio às mazelas humanas para sempre, uma vez que o autor deixa para o leitor essa viagem sem fim num barco que vai e volta? Ou, na verdade, ele encontrará sua finitude quando os personagens perecerem no interior daquela nau? São tantas perguntas e respostas que nós mesmo podemos nos fazer a cada leitura que provam cabalmente como esse livro é bom. Por fim, foi, mais uma vez, uma excelente resenha Isa! Adoro o modo bem claro e gostoso como você coloca seus apontamentos, sem contar que acho simplesmente LINDA a sua voz. Parabéns! (~_^) Ah, já estava me esquecendo: já que estamos falando sobre amor e morte, eu gostaria de sugerir a resenha de A ÓPERA DOS MORTOS, de AUTRAN DOURADO, obra esta que li na faculdade, a qual eu acho que você vai gostar bastante. Valeu, gorgeous! (~_^)

essa mania de normalizar VELHOS com CRIANÇAS, do garcía márquez, é mt bizarro, n me desce. Florentino pra mim era muito é um doido, deus me livre

Like antes mesmo de assistir! Cem anos de solidão é ótimo, mas, para mim, O amor nos tempos do cólera é o melhor de Gabo. Simplesmente perfeito! Não acho que esse amor pelo qual Florentino foi arrebatado seja uma questão de escolha, até porque ninguém escolhe, conscientemente, o sofrimento na vida. No mais, desse livro saiu umas das frases mais célebres de Gabo, na minha opinião:"Pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma. Solitário entre a multidão do cais, dissera a si mesmo com um toque de raiva: o coração tem mais quartos que uma pensão de putas." (...) Mas era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado." P.S.: Não é a única vez que Gabo aborda esse "amor" entre mulheres jovens (adolescentes) e homens velhos, tanto que esse é o enredo de Memórias de minhas putas tristes. Não sei se você já leu, mas se ainda não tiver lido, eu super indico!

Na minha visão: O livro descreve a realidade dos amores, o ser humano que por conta do seu desejo faz tudo, Florentino nunca deixou de viver sua vida mas perseguia um desejo no seu íntimo, A Firmina é uma mulher cheia de preconceitos, O Juvenal trai a esposa. Ele expôs a realidade do cotidiano, mostrou a doença, a pobreza, o preconceito, os crimes, desnudou o caráter dos personagens primeiro idealizados e depois revelados é sensacional cheio de controvérsias e ironia amo

Até que enfim, alguém fazendo uma resenha desse livro, toca no assunto América x Florentino. Sempre ouço a personagem Florentino sendo descrita como “ fofo”, “ cuti cuti “ e fico a me perguntar como posso ter tido uma impressão tão diferente sobre ele. Esse vídeo vai de encontro ao que senti quando li essa obra que, na minha opinião, está muito longe de ser uma bonita história de amor.

Oi Isa, eu gostaria aqui de agradecer, porque foi graças ao seu canal que eu voltei a ler, eu lia muito na adolescência, mas depois parei, um dia um de seus livros estava no início do RU-vid como recomendado pra mim e graças a ele vi outros e agora estou lendo um livro atrás do outro, obrigada, beijoooss!!!!

li faz muitos anos! lembro que amei, vou reler pra ver se ainda sigo amando....

Resenha incrível! Se eu terminei o vídeo com vontade de ler? SIM, com certeza! PS.: Não resisti ao spoiler rs

Quando alguém faz o que ama e se dedica persistentemente a isso surge a excelência. Muito obrigado Isa por enriquecer nossas vidas com literatura

O ser humano idealiza um sentimento, chama-o de amor, mas não chega aos pés desta quimera. Falar de um sentimento cheio de concepções subjetivas é complicado. Enfim, que o amor possa ser luz onde o lúgubre reina...

Realmente O amor nos tempos do Cólera não é um romance típico, o livro tem alguns elementos do romance típico, misturado com realismo. Para quem gostou do livro eu recomendo a leitura de Travessuras de menina má de Mario Vargas Llosa, que é um livro que também trata de um amor ao longo dos anos, só que consegue ter uma história ainda mais deprimente do que a deste livro.

Boa a ideia de notar as datas da leitura do livro. Obrigada pelo resenha... Beijos Isa

É uma obra-prima. Eu penso que o tradutor usou a palavra “cólera” no masculino para enfatizar de que se trata da doença, e não do sentimento.

Esse livro têm frases muito marcantes. Me lembro de uma parte onde o narrador diz que uma mulher da vida do Florentino era, verdadeiramente, o grande amor de sua vida, mas ele nunca o soube.

Top. Você me inspira a ler.

Oi Isa! Em primeiro lugar eu AMO esse livro... foi a minha primeira leitura de Gabo e eu amei, simplesmente amei. Em segundo lugar, gostei mto da sua resenha, alguns pontos que vc falou eu não tinha pensado, e acabou "desfantasiando" o amor fantástico do casal em questão. Quando eu li (há dois anos), achei interessante a questão da espera de Florentino, e o quanto um tipo de sentimento que ele tinha se manteve intacto por 50 anos e ele não deixou isso abalar ele (a gnt percebe pela quantidade de amantes né kkkk)... eu não enxerguei isso como obsessão, justamente pq ele desviou o foco ao longo dos anos. Mas não vou mentir, agora que vc falou, faz todo o sentido... se brincar, é capaz de mesmo velha Fermina não amá-lo, assim como não amava quando jovem... enfim, mas eu estou caindo num discurso de amor romântico aqui que Gabo não tem a mínima intenção de retratar. Talvez, metaforicamente falando, os sentimentos, as escolhas e as personalidades descritas no livro sejam somente um retrato de nós: alimentamos sentimentos fantasiosos para o nosso deleite e passamos a vida toda catando eles em pequenos momentos da vida real. Viajei geral! Amo seu canal, bjs!!!

Concordo com o que você disse sobre a podridão e a toxicidade que o autor retrata o amor e as relações interpessoais no percurso da narrativa. Também não é algo que eu almejo para mim, porém é algo admirável. Eu consigo ver beleza e verdade nisso. Existe “o belo” até no meio do ambiente insalubre, nojento e fúnebre que o autor criou. Amei o livro!

Os seus vídeos são maravilhosos! O tom da voz, os fatos bem colocados. Parabéns!!! Merece o mundo.

Concordo totalmente! O Florentino tinha uma obsessão pela Firmina, um amor platônico que as pessoas vivem idealizando mas na verdade é um sentimento bem doentio e que não é bom nem pra quem é o alvo desse amor nem pra quem o nutre. Acho o amor entre o Juvenal e a Firmina bem mais real. E, como você falou, acho que a intenção do autor com esse final foi realmente mostrar isso.

Eu sempre compreendi a relação do Firmino com a América da mesma maneira que relacionamento de Lolita e Hambert. Está longe de ser correto, ético ou ideal, mas em ambos os casos as mocinhas se apaixonaram sim. É, o final é muito triste mesmo (assim como o final de Lolita), mas eu acho que o García Márquez queria exatamente nos provocar e dar um choque de realidade, pois a realidade era muito feia e repulsiva durante as guerras civís, e ele trouxe para as páginas do livro a feiura da realidade. Não se trata de um amor ideal, mas de um amor real, que possui o lado feio da realidade. Causa uma repulsa mesmo, mas de uma maneira geral é uma leitura muito boa. E eu terminei a leitura muito agradecida e com uma sensação parecida com a sua, do tipo: "muito obrigada, Gabu, por descrever um amor assim, agora eu já sei qual tipo de amor não quero pra mim".

Eu preciso de um box do García Márquez urgentemente!

Bom, Isabella, já que cê pediu nossos comentários... Li esse livro há muitos anos, mas lembro-me relativamente bem dele todo. Eu o classificaria de "realismo fantástico disfarçado". Porque um cara apaixonado por 50 anos, que escrevia cartas comerciais que seu chefe não permitia serem enviadas porque pareciam cartas de amor, uma mulher, já velha, que havia amado, não apaixonadamente, mas amado sim a seu marido e que, viúva, com mais de 70 anos, volta a gostar de um cara em quem ela havia dado um fora de maneira totalmente indiferente 50 anos atrás... é surreal, né não? Quanto ao fim dele, os cadáveres passando ao lado do navio, as florestas desmatadas, os povoados despovoados às margens do rio, a bandeira amarela... pra mim não o tornam macabro, mas pitoresco/bizarro; marca registrada do nosso querido Gabriel. E, por mais que não se dê pra botar fé que, após tanto tempo de separação e indiferença dela por ele, ela se re-apaixone, e eles terminem fazendo um sweet love num navio com a bandeira amarela da peste hasteada... bem, se você conseguir fazer-se acreditar que isso é acontecível, é um final, não tenebroso como você diz, mas, por mais irreal que ele seja, bonito, sim. Pelo menos essa foi a minha impressão. Gosto muito dele, o livro. Aliás: tenho de relê-lo! Porque a minha postura em relação aos livros é a mesma do Jorge Luís Borges: certa vez, numa entrevista, foi perguntado-lhe que livros ele estava lendo. E ele respondeu: "Nenhum... mas tenho relido muita coisa." A releitura de um bom livro é, muitas vezes, mais prazerosa, e sempre muito mais elucidativa das sutilezas deste do que a leitura debut. Eu, por exemplo, só considero ter "lido mesmo" "O Nome da Rosa" quando cheguei à quinta releitura. Aí sim, entendi tudo que não havia entendido, desfiz os entendimentos equivocados, notei as sutilezas que haviam me passado despercebidas, e aí senti que desfrutava, finalmente, o livro, em toda a sua grandeza enquanto obra de arte, de maneira plena. Mas nem por isso parei de relê-lo: pois o que é excelente não enjoa jamais. Como eu disse, já está mais do que na hora de reler "O Amor Nos Tempos Do Cólera". Ainda falando de amores complicados na obra marquesiana: um dos últimos livros que o Gabriel escreveu (creio eu) chama-se "Do Amor e Outros Demônios". Conhece? Acredito que, em comparação a todos os anteriores, é bem desconhecido. Mas é ótimo. Procura e lê, menina! Senão, cê vai perder uma trama de um amor complicado, mas que no final triunfa, e, como todas as histórias do Gabo, repleta de absurdos inverossímeis, mas fascinantes. Quem avisa, amigo é. Tchau.

Eu conseguir enxergar o amor descrito por Gabo, como uma doutrina político-filosófico, que acompanha o Florentino até o fim dos seus dias. Algo que uma vez experimentado ñ tem como voltar atrás, doravante tem que ser perseguido, no entanto, ela vai se transformando cm o trmpo. É um ideal, uma utopia.

Eu acabei de ler esse livro e me identifico completamente com tudo que você disse. Eu não gostei de Florentino Arisa desde o início, achei ele repulsivo. As pessoas sempre focam no fato dele ter esperado Fermina por mais de 50 anos. No entanto, enquanto ele esperava transou com todas as mulheres que ele podia, inclusive mulheres casadas sem se preocupar com as consequências, sendo que uma delas foi assassinada pelo marido após descoberto ter a traição. E por último o que mais me fez odiá-lo, foi a história dele com América, uma garotinha que foi confiada a ele pelos pais, a qual ele seduziu e abusou.

Vc está vendo c sua ótica d séc XXI e com mentalidade brasileira. Fui até Cartagena e lá na cidade histórica e o contexto romântico da época. Gabo se baseou na história de amor de seus pais q foram afastados pelo avô dele na época do cólera.

Eu procurando uma explicação do Gabriel Garcia Márquez encontrei esse canal...E me apaixonei a primeira vista!!! Kkkk Parabéns ótimo vídeo

Já estava querendo ler esse livro...!

Acredito sinceramente que os livros chegam até nós quando estamos prontos para eles. Por isso, nesta quarentena, resolvi finalmente conhecer a obra de Gabriel García Márquez e estou amando!!! Acabei de ler este romance e me identifiquei profundamente, justamente por não trazer aquele amor idealizado, bonitinho. Aqui o negócio é cru, feio, vil, egoísta, carnal... enfim, puramente humano. Creio que aí mora o mérito deste livro. Vou ver o filme, mas duvido muito que tenha conseguido reproduzir a genialidade de Gabo. Gostei bastante das suas colocações sobre o livro, mesmo discordando em alguns pontos. Parabéns pelo canal, ganhou uma inscrita!!!

Isa, seu carisma ajuda a alegrar meu dia! 💜 Você é quase uma bff que vem me contar, de forma empolgante, sobre assuntos muito interessantes!! Obrigada!! 💜

Faz uma resenha sobre o livro: As vinhas da Ira, por favor!😘

Entre outras interpretações possível, eu acredito que tenha muito a ver com uma desconstrução do amor romântico. Tira do amor romântico o "status" de verdade absoluta, e o situa como uma construção histórica, que atende as exigências de uma época. O Amor nos Tempos do Cólera é provocador, tira o leitor da zona de conforto. Ótimo livro!

Acabei de ler esse livro, ele é fantástico, sim as pessoas são imperfeitas os protagonistas mais ainda. Mas isso os torna muito humanos . Gostei muito.

Oi Isa,ao ver sua resenha desse livro me lembrei de um outro livro que fala sobre esse tipo de amor doente,O Morro dos ventos uivantes,no livro o personagem Heathcliff,também sofre com esse amor que é capaz das maiores vilezas,me lembrei na hora da sua resenha,beijos.

Isabella, seu canal é ótimo, é muito bom ver que no meio de tanta bobagem que permeia a internet tem alguém que se dedica a espalhar coisas lindas assim, parabéns e muito sucesso 😚😚

Como é bom assistir seus vídeos. Vc é show!!!!! Já vou dando o joinha logo antes de assistir os vídeos por que sei que irei gostar.

Eu tava procurando um vídeo com alguém indignada com essas situação da America Vicuña, terminei o livro com isso na cabeça. Muito obrigada por sua resenha!

Isabella vc realmente tem a capacidade de influenciar as pessoas. Eu NUNCA li esses tipos de livros e nunca me senti atraída, mas agr quero muito ler. =D

O que seria do fim do meu dia sem esse canal mds ! Isa🙏❤ 💤💤

Show Isa. Belíssima reconstrução. Gostei muito. Tem uma passagem genial que considero apropriada para o momento que estamos vivendo da covid-19. Não sei se não vai ficar longo no comentário. Mas para não perder a beleza da escrita do Gabo, vou reproduzi-la aqui: - Capitão, o menino está preocupado e muito inquieto devido à quarentena que o porto nos impôs! - O que te inquieta, menino? Não tens comida suficiente? Não dormes o suficiente? - Não é isso, Capitão. É que não suporto não poder ir à terra e abraçar minha família. - E se te deixassem sair do navio e estivesses contaminado, suportarias a culpa de infectar alguém que não tem condições de aguentar a doença? - Não me perdoaria nunca, mas para mim inventaram essa peste. - Pode ser, mas e se não foi inventada? - Entendo o que queres dizer, mas me sinto privado da minha liberdade, Capitão, me privaram de algo. - E tu te privas ainda mais de algo. - Está de brincadeira, comigo? - De forma alguma. Se te privas de algo sem responder de maneira adequada, terás perdido. - Então quer dizer, segundo me dizes, que se me tiram algo, para vencer eu devo privar-me de mais alguma coisa por mim mesmo? - Exatamente. Eu fiz quarentena há 7 anos atrás. - E o que foi que tiveste de te privar? - Eu tinha que esperar mais de 20 dias dentro do barco. Havia meses em que eu ansiava por chegar ao porto e desfrutar da primavera em terra. Houve uma epidemia. No Porto Abril nos proibiram de descer. Os primeiras dias foram duros. Me sentia como vocês. Logo comecei a confrontar aquelas imposições utilizando a lógica. Sabia que depois de 21 dias deste comportamento se cria um hábito, e em vez de me lamentar e criar hábitos desastrosos, comecei a comportar-me de maneira diferente de todos os demais. Comecei com o alimento. Me impus comer a metade do quanto comia habitualmente. Depois comecei a selecionar os alimentos de mais fácil digestão, para não sobrecarregar o corpo. Passei a me nutrir de alimentos que, por tradição histórica, haviam mantido o homem com saúde. O passo seguinte foi unir a isso uma depuração de pensamentos pouco saudáveis e ter cada vez mais pensamentos elevados e nobres. Me impus ler ao menos uma página a cada dia de um argumento que não conhecia. Me impus fazer exercícios sobre a ponte do barco. Um velho hindu me havia dito anos antes, que o corpo se potencializava ao reter o alento. Me impus fazer profundas respirações completas a cada manhã. Creio que meus pulmões nunca haviam chegado a tamanha capacidade e força. A parte da tarde era a hora das orações, a hora de agradecer a uma entidade qualquer por não me haver dado, como destino, privações graves durante toda minha vida. O hindu me havia aconselhado também a criar o hábito de imaginar a luz entrando em mim e me tornando mais forte. Podia funcionar também para as pessoas queridas que estavam distantes e, assim, integrei também esta prática na minha rotina diária dentro do barco. Em vez de pensar em tudo que não podia fazer, pensava no que faria uma vez chegado à terra firme. Visualizava as cenas de cada dia, as vivia intensamente e gozava da espera. Tudo o que podemos obter em seguida não é interessante. Nunca. A espera serve para sublimar o desejo e torná-lo mais poderoso. Eu me privei de alimentos suculentos, de garrafas de rum e outras delícias. Me havia privado de jogar baralho, de dormir muito, de praticar o ócio, de pensar apenas no que me privaram. - Como acabou, Capitão? - Eu adquiri todos aqueles hábitos novos. Me deixaram baixar do barco muito tempo depois do previsto. - Privaram vocês da primavera, então? - Sim, naquele ano me privaram da primavera e de muitas coisas mais, mas eu, mesmo assim, floresci, levei a primavera dentro de mim, e ninguém nunca mais pode tirá-la de mim. Não parece ter sido escrita para o momento?

Literatura maravilhosa, extremamente marcante para mim.

Ufa! Q bom saber que não sou a única que tem essa opinião sobre o livro 😁 Eu imaginava uma história de amor totalmente diferente, e sim, tbm acho q não é um amor saudável. Tive as mesmas impressões q vc. Ótima resenha 👏👏👏👏

Li exatamente essa edição. Foi minha introdução a Marques, livro lindíssimo! Vou começar o clássico 100 anos de solidão agora!!

Em Memória de Minhas Putas Tristes também me incomoda isso, do velho querendo a menina de 14 anos. Mesmo assim, Gabo melhor autor. Penso assim: se o livro não incomoda, está errado.

Devo ter lido esse livro em 2005 e só consegui enxergar o lado bonito da história de amor ! Sua resenha me impactou . Vou relêr ! Na verdade eu amei . O filme é péssimo . Fiquei reflexiva ! Vc arrasa .

Muito obrigada por esse vídeo, todas as resenhas e vídeos que eu vi eram as pessoas caindo de elogios e eu terminei com o mesmo sentimento que você

Adoro suas análises... Me identifico demais com suas impressões acerca da literatura do Gabo. Li esse livro há 12 anos e, apesar de ter gostado, eu me decepcionei, pois esperava uma perfeita história de amor. De fato, senti muito asco pelo Florentino Ariza. Estou relendo nesse momento, e hoje, com a idade e vivências, estou aproveitando demais a leitura e até mesmo, me apaixonando por esse livro.

Já com ranço depois do primeiro capítulo meu deus, VOU CONTINUAR LENDO HAHAHAHAHA

É uma obra espectacular.

Isa, isso não é Amor ,é Doença! Igual o Cólera.

estou com este livro desde de sexta e não tinha conseguido ler , você me fez desejar ler, vou começar hoje. bjs você é ótima

Super concordo! Perfeita! Só discordo sobre a América Vicuña pq sim é possível uma menina se apaixonar pelo seu abusador.

Terminei a leitura agora e essa introdução do vídeo já chamou minha atenção. Eu detestei o final, fiquei bem triste, porque estava amando o livro até uns 60% dele... Mas, foi um ótimo primeiro contato com a escrita do Gabriel García Márquez. Edit: eu tinha visto até um pedaço e já mandei o comentário, mas agora tô adorando a Isabella pistola com o final do livro. hahaha

Fiquei com muito das suas impressões também. Na hora que terminei a leitura fiquei louca de sempre mentirem para mim - de sempre achar que era tudo muito romântico. Pra mim o final é muito trágico: a Firmina só fica com ele na condição de ninguém descobrir e os dois ficam ali, navegando para sempre naquele rio cheio de corpos, fingindo que estão doentes (e talvez estejam mesmo). Apesar de ser uma leitura que eu amo, ao mesmo tempo me dá um sentimento horrível.

Vc é incrível,parabéns

Achei bem legal essa estrutura de vídeo, com 15 minutos sem spoiler e o resto com. Parei antes do bloco com spoilers e me senti bem satisfeita.

Eu li esse livro no começo do ano e ainda me dá arrepios de lembrar da história 😂❤

Adorei seu ponto de vista, essa quebra do paradigma romântico, o lado feio e dantesco do amor representado na "lua de mel" , esse amor escatológico que tbm aparece um pouco em Cem anos de Solidão, sei lá Isa, é provocador.

É tão bom te ouvir que nem me incomoda uma resenha ter 22 minutos.

Isa, gostei muito da sua resenha do livro "O Amor nos Tempos de Cólera". Aliás Isa, eu também li este livro desde 2008. Também eu achei a leitura meio triste! Assim mesmo, acho o livro um dos melhores que já li! Também eu o considero Gabriel G. Márquez um gênio do século XX.

Esse foi o primeiro livro do Gabo q eu li e achei épico lindo sensacional e eu acho q, em poucas palavras, o amor acontece nos personagens e resiste, apesar de todo terror paralelo, tudo q acontece em termos de acontecimentos e cenários, não apetece o amor cultivado durante toda a vida.

O vídeo mais esperado da semana!💕

Sua resenha foi a melhor que eu vi. Totalmente real ao livros e com as devidas críticas. Eu, particularmente, não gostei muito da leitura. A escrita, o realismo são fiéis ao estilo do Gabo, mas a história em si eu vi mais como obsessão do Florentino. A necessidade, dependência de estar sempre intimamente ligado com alguém. Nunca esteve só, existe uma parte do livro que relata que teve mais de 600 mulheres. Essa informação acabou sendo para mim o suficiente para demonstrar que ele tinha uma personalidade dependente. Não acho que ele tenha conseguido prosseguir com a vida, o que teve foram casos e encontros que nunca substituiriam Fermina. Outra coisa é o fato do relacionamento dele com uma menina de 14 anos. Em Cem anos de Solidão acontece o mesmo. Nojento e problemático.

Achei o personagem principal um psicopata pervertido. 😂😂😂 Mas a leitura deste livro foi fantástica

E eu aqui depois de assistir um Kdrama que aparece uma citação dessa obra, já fascinada!

Isa faça um video falando sobre seus livros favoritos de romance.

e uma historia de amor escrita por um ótimo escritor... não confunda leitura da historia com o que o autor necessariamente pensa... acho que você misturou as estações e colocou uma parte sua na avaliação ... não fez uma analise realística, mas sim passional e subjetiva...

Uma história maravilhosa! Parabéns pelo Vídeo Isa!

ACHEI EXCELENTES SEUS COMENTARIOS

Não acho que o cenário do livro seja nojento. Acho que ele é real, mostrando que amores, saudáveis ou não, ocorrem em qual lugar e em qualquer tempo, por mais inapropriado que seja. Concordo com vc sobre o estupro da América, mas não concordo sobre o amor de florentino por firmina ser infundado... Acho q o amor é isso, as vezes amamos sem nenhuma razão evidente. Amor não se explica, se sente. Mesmo discordando, Obrigada pelo seu vídeo, é sempre tão bom ouvir outras opiniões. Sucesso, Isa!

Eu creio!❤️ Tenho 62 anos. Li este livro há mais de 30 anos.Um livro inesquecível e de imensa sabedoria. Gabriel Garcia Marques é gênio e este livro, em particular, reflete essa genialidade. O que te falta, óbvio, é vivência e maturidade real, minha linda! Obrigada pela resenha. Vou ouvir agora o audiobook. Bjo 🥰