Os impulsos e a culpa | Voz de Cama | Antena 3 

Que maravilha, o melhor episódio. Que temática delicada, emergente e tão mais comum do que se imagina. Coragem e amor❤

Eu acompanhei a história da jovem mulher que acabou por abortar, e eu sensibilizei-me muito com toda a narrativa. Eu compreendo e aceito que as pessoas não queiram ter filhos. Mas dou por mim a pensar: quando uma mulher tem perfeita consciência de que não quer ter filhos, pelo menos por enquanto, e já passou por 2 abortos, ela continua a usar um contraceptivo tão falível como o do calendário? Eu acho que não. Eu conheço alguns casos, em que as mulheres passam a ser tão cautelosas que, em vez de um, passam a usar dois métodos contraceptivos em simultâneo. Por isso, eu fiquei a pensar: será que, mesmo que inconscientemente, ela não está com alguma vontade de ser mãe e, então, vai se deixando levar, até ao dia em que o seu parceiro diga que também quer ser pai? Ou seja, mesmo sem ter consciência disso, ela quase que facilita a possibilidade de engravidar, com uma certa esperança de que, um dia, ele também vai querer? E o rapaz, não está também na hora de ele se responsabilizar um pouco mais neste processo? Se ele tem tanta certeza que ainda não quer ser pai, porque raio é que ele não usa um preservativo? É muito bonito dizer que ele a acompanhou em todo o processo, e tudo mais, mas foi ela é que passou pela imensa dor física e psicológica de abortar. Eu sou totalmente a favor do aborto, mas eu sei que ele é sempre terrivelmente doloroso para uma mulher. É algo de tão violento, que deixa marcas físicas e psicológicas para sempre. Esta mulher tem que repensar muito bem a sua vida, e o que é que ela realmente quer. E não pode voltar a sofrer desta maneira. Está na hora do namorado se responsabilizar um pouco mais nesta situação. Não basta acompanhá-la na hora de interromper a gravidez. Têm de encontrar, em conjunto, uma forma mais fiável de evitar uma gravidez, e perceberem se querem o mesmo para a sua vida, ou não.

Bem, quase que parece que este vídeo foi feito para mim! Estou numa posição semelhante à do "Jaquim", as diferenças sendo que sou um ano mais novo que ele e que ainda não recorri a sites de encontros online. O que por acaso até vejo com bons olhos porque indica que ele ao menos está a tentar fazer alguma coisa, nem que seja expôr-se a situações. Para contexto... homem bissexual (descoberta relativamente recente), sofreu de bullying no passado e só recentemente é que decidiu abandonar o catolicismo (não é regra geral, mas vou assumir que influenciou as minhas atitudes relativamente à sexualidade apesar da minha curiosidade). Confirmo muito do que a Tânia e o nosso Jaquim disseram, esta dissonância entre "ser sexual, confiante, desinibido" e o dito "ser normal", só que sem a parte sexual. Ainda hoje sinto muita dificuldade em juntar os dois, principalmente devido a uma compartimentalização da parte sexual. "Ah vou deixar as pessoas desconfortáveis", "ah se eu deixar esta parte de mim soltar-se vai haver merda", "epah deixa estar que ele/ela não devem querer saber de alguém inexperiente como eu", "epah não devo fazer isto porque X e Y". Aqui poderá estar alguma repressão internalizada, más experiências a expressar-se, como também a questão da baixa auto-estima. Óbvio que isto, aliado a alguma incapacidade social (nervos, ansiedade) e outros factores... acaba por se tornar num combo incrivelmente destrutivo. Então se uma pessoa não expressa esta parte, se não está à vontade, se não tem sucesso neste aspecto da vida... no entanto vê toda a gente da sua idade (e até mais novos) a conseguirem algo que parece tão... básico... não sei se estou a descrever a situação com as melhores palavras, mas como alguns poderão calcular, isto é um golpe pesado para a pessoa em questão, que vê reforçada a ideia de "ninguém gosta de mim. O que é que eu tenho de errado? Estou estragado?" E aqui as palavras de amigos e familiares de pouco servem. "Mas tu és bonito", "tu davas um bom namorado"... soam sempre a palavras vazias porque na prática isto traduz-se a... nada. "Se realmente sou assim, então porque é que ainda estou sozinho"? Ora isto tudo vai gerar medos e ansiedades. No caso do Jaquimzinho, ele já está presente nos sites de encontros sexuais. Se calhar até começa a falar. E se calhar até consegue utilizar parte da desinibição para fazer a conversa andar para a frente... até que o estado de espírito dele desaparece porque se masturbou e de repente voltam não só as ansiedades, como também a genuína falta de interesse (confirmo isto também, é quase como se fossem duas pessoas diferentes, uma interessada e outra não). Noutros casos (o meu por exemplo) nem apps se configuram por medo não da rejeição, mas da INVISIBILIDADE... porque uma coisa é ser rejeitado (normal, faz parte). Outra é sentir-se que nem sequer somos dignos de atenção, não ser digno de um não sequer. Para quem já tem a auto-estima em baixo, este golpe corta ainda mais fundo. Como nota final... há algo de substancial na post-nut clarity. Não sei o que acontece a nível físico, mas há de facto uma espécie de calma. De nada vai servir se a pessoa tiver complexos... portanto se a pessoa tiver algum complexo ou assim, isto há-de acontecer mais frequentemente. Poderia falar mais e mais acerca destes assuntos, mas isto já se tornou um testamento. Resta-me apenas dizer que sim... terapia é o ideal. Já me encontro em consultas e tem ajudado de facto, embora haja muito progresso a fazer. Talvez pegue neste tópico na próxima sessão de uma forma mais assertiva. Um grande obrigado à Tânia e também ao nosso Jaquim. Ainda pensei em enviar e-mail a falar da minha situação, mas este ouvinte adiantou-se! Se estiveres a ler isto digo-te desde já: não estás sozinho!

O podcast Call Her Daddy entretanto evoluiu para um formato de entrevista a pessoas conhecidas. Mas é interessante que se forem a episódios mais antigos é muito gritante a misoginia interiorizada em ambas as apresentadoras e falam do sexo de uma maneira muito centrada no prazer do homem 😬um exemplo não mt bom a seguir para as audiências mais novas mas não deixa de ser uma perspectiva mt comum de algumas mulheres em certos grupos sociais

Tenho dificuldade de empatizar com pessoas que fazem vários abortos... Uma vez acontece. Mas faz sentido que aprenda e passe a ter precauções eficientes. A gratuitidade do aborto claramente traz " leviandade". Se a partir do segundo fosse pago a 100% como um procedimento privado talvez houvesse outra prevenção. Métodos contraceptivos, hormonais ou não, são gratuitos e com acesso para todos.

NÃO CONFIEM NO MÉTODO CONTRACEPTIVO DO CALENDÁRIO. Há muitos outros métodos e para todos os gostos.