Uma história em A lógica do cisne negro de Nassim Taleb ilustra essa busca automática pela causalidade. Ele relata que os preços das apólices inicialmente subiram no dia em que Saddam Hussein foi capturado em seu esconderijo no Iraque. Os investidores estavam aparentemente procu- rando ativos mais seguros naquela manhã, e o serviço de notícias Bloom- berg estampou a manchete: TÍTULOS DO TESOURO AMERICANO SOBEM; CAPTURA DE HUSSEIN PODE NÃO CONTER O TERRORISMO. Meia hora mais tarde, os preços das apólices caíram e a manchete revisada dizia: TíTU- LOS DO TESOURO AMERICANO CAEM; CAPTURA DE HUSSEIN IMPULSIONA APELO POR ATIVOS DE RISCO. Obviamente, a captura de Hussein era o principal evento do dia, e devido ao modo como a busca automática de causas molda nosso pensamento, esse evento estava destinado a ser a expli- cação de qualquer coisa que porventura acontecesse no mercado nesse dia. As duas manchetes parecem, superficialmente, constituir explicações do que aconteceu com o mercado, mas uma declaração capaz de explicar dois resultados contraditórios não explica coisa alguma. Na verdade, tudo que as manchetes fazem é satisfazer nossa necessidade de coerência: espera-se que um grande evento gere consequências, e consequências necessitam de causas para explicá-las. Temos informação limitada acerca do que aconte- ceu em um dia, e o Sistema 1 é proficiente em encontrar uma história oue ligue os fragmentos de conhecimento à sua disposição.