Só quem ouviu umTaura amigo recitar estes versos fora do Rio Grande, em volta de um fogo de chão, deixando cariocas, paulistas e paranaenses boquiabertos e nós também, ficou na memória!
Conheci- o pessoalmente. Era simples como só os gênios sabem ser. Contava causos que hipnotizam os ouvintes. Incarnava o gaúcho primitivo num coração de poeta. Ninguém reproduziu a alma do gaúcho como o Jaime!
Eu tive o privilégio de ver e ouvir Jaime Pedro ortaca Noel guarani cenair maica chaloi tiara e João Almeida neto em 3 de maio rs em 1983 é um privilegio
Pra quem não conhece São luiz Gonzaga.. No trevo chegando de Santo Ângelo, está ali Palanqueado Jayme Caetano Braun... Em pedra mas a alma do Pajador rodeia a estátua... Grande e eterno Pajador.. Orgulho nosso !!!!
Eu conheci o JAYME de pedra, a caminho a terras.correntinas! Apeei" do 4x4 e fui dar meus cumprimentos a este quera" e me enterneci! Longe do Rio Grande há mais de 20 anos, mas ao ve-lo, mesmo em pedra, todo o sentimento pelo meu.pago, explodiu em meu coração de gaúcha A LA.PUCHA, TERRA AMADA!
Eu vim aqui por curiosidade, sou de São Luiz Gonzaga e minha mãe está a frente do turismo, acabei me incentivando e fiquei extremamente feliz e orgulhosa da minha terra, como há muito não sentia 💜
A um bochincho - certa feita, Fui chegando - de curioso, Que o vicio - é que nem sarnoso, nunca pára - nem se ajeita. Baile de gente direita Vi, de pronto, que não era, Na noite de primavera Gaguejava a voz dum tango E eu sou louco por fandango Que nem pinto por quireral. Atei meu zaino - longito, Num galho de guamirim, Desde guri fui assim, Não brinco nem facilito. Em bruxas não acredito 'Pero - que las, las hay', Sou da costa do Uruguai, Meu velho pago querido E por andar desprevenido Há tanto guri sem pai. No rancho de santa-fé, De pau-a-pique barreado, Num trancão de convidado Me entreverei no banzé. Chinaredo à bola-pé, No ambiente fumacento, Um candieiro, bem no centro, Num lusco-fusco de aurora, Pra quem chegava de fora Pouco enxergava ali dentro! Dei de mão numa tiangaça Que me cruzou no costado E já sai entreverado Entre a poeira e a fumaça, Oigalé china lindaça, Morena de toda a crina, Dessas da venta brasina, Com cheiro de lechiguana Que quando ergue uma pestana Até a noite se ilumina. Misto de diaba e de santa, Com ares de quem é dona E um gosto de temporona Que traz água na garganta. Eu me grudei na percanta O mesmo que um carrapato E o gaiteiro era um mulato Que até dormindo tocava E a gaita choramingava Como namoro de gato! A gaita velha gemia, Ás vezes quase parava, De repente se acordava E num vanerão se perdia E eu - contra a pele macia Daquele corpo moreno, Sentia o mundo pequeno, Bombeando cheio de enlevo Dois olhos - flores de trevo Com respingos de sereno! Mas o que é bom se termina - Cumpriu-se o velho ditado, Eu que dançava, embalado, Nos braços doces da china Escutei - de relancina, Uma espécie de relincho, Era o dono do bochincho, Meio oitavado num canto, Que me olhava - com espanto, Mais sério do que um capincho! E foi ele que se veio, Pois era dele a pinguancha, Bufando e abrindo cancha Como dono de rodeio. Quis me partir pelo meio Num talonaço de adaga Que - se me pega - me estraga, Chegou levantar um cisco, Mas não é a toa - chomisco! Que sou de São Luiz Gonzaga! Meio na volta do braço Consegui tirar o talho E quase que me atrapalho Porque havia pouco espaço, Mas senti o calor do aço E o calor do aço arde, Me levantei - sem alarde, Por causa do desaforo E soltei meu marca touro Num medonho buenas-tarde! Tenho visto coisa feia, Tenho visto judiaria, Mas ainda hoje me arrepia Lembrar aquela peleia, Talvez quem ouça - não creia, Mas vi brotar no pescoço, Do índio do berro grosso Como uma cinta vermelha E desde o beiço até a orelha Ficou relampeando o osso! O índio era um índio touro, Mas até touro se ajoelha, Cortado do beiço a orelha Amontoou-se como um couro E aquilo foi um estouro, Daqueles que dava medo, Espantou-se o chinaredo E amigos - foi uma zoada, Parecia até uma eguada Disparando num varzedo! Não há quem pinte o retrato Dum bochincho - quando estoura, Tinidos de adaga - espora E gritos de desacato. Berros de quarenta e quatro De cada canto da sala E a velha gaita baguala Num vanerão pacholento, Fazendo acompanhamento Do turumbamba de bala! É china que se escabela, Redemoinhando na porta E chiru da guampa torta Que vem direito à janela, Gritando - de toda guela, Num berreiro alucinante, Índio que não se garante, Vendo sangue - se apavora E se manda - campo fora, Levando tudo por diante! Sou crente na divindade, Morro quando Deus quiser, Mas amigos - se eu disser, Até periga a verdade, Naquela barbaridade, De chínaredo fugindo, De grito e bala zunindo, O gaiteiro - alheio a tudo, Tocava um xote clinudo, Já quase meio dormindo! E a coisa ia indo assim, Balanceei a situação, - Já quase sem munição, Todos atirando em mim. Qual ia ser o meu fim, Me dei conta - de repente, Não vou ficar pra semente, Mas gosto de andar no mundo, Me esperavam na do fundo, Saí na Porta da frente... E dali ganhei o mato, Abaixo de tiroteio E inda escutava o floreio Da cordeona do mulato E, pra encurtar o relato, Me bandeei pra o outro lado, Cruzei o Uruguai, a nado, Que o meu zaino era um capincho E a história desse bochincho Faz parte do meu passado! E a china - essa pergunta me é feita A cada vez que declamo É uma coisa que reclamo Porque não acho direita Considero uma desfeita Que compreender não consigo, Eu, no medonho perigo Duma situação brasina Todos perguntam da china E ninguém se importa comigo! E a china - eu nunca mais vi No meu gauderiar andejo, Somente em sonhos a vejo Em bárbaro frenesi. Talvez ande - por aí, No rodeio das alçadas, Ou - talvez - nas madrugadas, Seja uma estrela chirua Dessas - que se banha nua No espelho das aguadas
Grande Jaime Caetano Braum! E se hoje estás vivendo, na estância grande do céu, engraxando algum sovéu pro Patrão Velho Buenacho, não te esquece aqui debaixo, onde a lo largo ainda existe, muito Xirú Velho triste, como tu, criado guacho!!!
Meus amigos que me perdoe mas gênio como este nunca mais vamos ter , que pena nos resta sempre lembra com respeito , porque é uma honra dizer que sou gaúcho graças a Deus
Neste exato momento acabei de assar um pequeno churrasco para mim e a nega véia, sentei na minha cadeira de fronte ao gramado, com meu copo de cachaça e coloquei esse belo verso pra tocar e me peguei rindo sozinho. Que música linda! Eu amo o Rio Grande do Sul.
Sempre que ouço essa música fecho os olhos e fico imaginando esse bochincho, é incrível a maneira como ele descreve cada detalhe do acontecido. Igual Jayme nunca mais terá.
Esse missioneiro foi a maior estampa do Rio Grande xucro, um poeta raro pela linguagem simples mas de elevado valor poético, conta as coisas da sua, nossa terra, como poucos, já deve estar junto com Noel fandanguiando no paraiso, e lá tem muitas chinas de toda crina, ancas dourada, pelo sol do paraiso., E isso aí velho caudilho" gritaredo do chinaredo, parecia uma eguada disparando no varzedo, fantástico simplesmente..
É cultura do Rio Grande, trás lembranças e emociona e da uma baita saudade dos Bailes de galpão e caramanchão onde era embalados por gaita, pandeiro e violão. O tempo bom.
Jayme Caetano Braun, grande poeta e payador que imortalizou a figura do payador riograndense, creio que a tenha criado, e se imortalizou pelo talento, sem adquirir títulos em academias.
Em bruxas não acredito mas que elas hay elas hay, sou da costa do uruguai e por andar deprevenido há tanto guri sem pai !!! Adoro este trecho, Jayme é muito tri, adoro !!!
Que, versos, é sempre um renovo, escutar, apreciar, essa poesia chucra, nesse inverno, de várzea cheia, meu coração galopeia, e nessa altura se enleia, num tiro de boleadeira que vem dessa estirpe campeira, que é cria da timbauva, ali nesse chão sagrado, nesse pampa esverdeado, de colorado carnal, me vejo pegando os arreios e vou puchando pra porta do meu galpão da consciência, e já está decisão de encilhar um cavalo, e me firmar no estribo, e pegar o trote largo por esse Rio Grande do Sul, sempre lembrado nos versos do pajador missiineiro, a todos que fazem dessa arte um grande alento pra o bem do povo Gaúcho
Buenas , isso sim é uma poesia , Não é essas coisas de hoje em dia , ou seja essas músicas gauchas de hoje em dia também estão virados numas coisas , o saudade do tempo antigo , ainda bem que me recordo com meu pai e com o RU-vid o tempo antigo pelas músicas !
sou gaúcho nacido em santa barbara do sul tenho muita saudade do velho rio grande e das tradições e dos galpões e das gaitas choronas e as poesias de Jaime mais peço a Deus o patrão velho que eu volte ao rio grande para rever e matar a saudade das musicas verdadeiro que se vê nos centro de tradição sou gaiteiro conhecido por santinho do acordeom nos tempos do programa RODEIO CORINGA na radio farroupilha um dia volto novamente e matarei a saudade
quero que neste sentimento em que o paisano que canta seus verço, e que passa com a alma caldilha a verdadeira erança farroupilha vivida neste rincão, e que passa de mao em mao de geração em geração, o orgulho a honra que já nao existente ao redor da nossa estancia, que as pestanas abertas de um povo sem tradição olhem para o sul e tenha como exemplo nossa terra nosso chão!!
Jaime Caetano tras um pouco do velho mundo para o novo que hoje nen sabe de que lado do mundo veio a esa terra eu sei sou lusitano de pai português e mãe Índia me chamo Elton Guimarães
Incrível, o poema ( o bochincho ) nos remete ao relato do poeta, é bem como ele diz, o leitor se transforma em personagem, na poesia ele sou eu, nesse momento ele vive, na leitura de quem lê, e nesse exato momento, sou portador do sentimento da alma do ser que um dia existiu e amou essa terra.
Esse Jayme era esperto! Chegou num baio, mas cruzou o Uruguai a nado, que o zãino era um capincho... Notem que na versão do Noel Guarany, chega e sai com o mesmo cavalo... ;-) Ou vai ver que o Noel era menos assustado e não errou o cavalo na hora de fugir do entrevero!