TRISTEZA FATÍDICA Tristeza fatídica: pessoas não deixam os parentes morrer em paz E, ainda, ficam frustradas porque as autoridades sanitárias não As permitem acompanhar os mortos no sepultamento. Aqui jaz. A peste enfrenta outra peste: hipocrisia em ser honesto em vão. "Ch'io mi scordi di te? ... Non temer, amato bene", com ardor, A ária de Mozart é a resposta daquilo que nos coloca no chão: "Diga-me se um coração tão confiante pode suportar tanta dor. Você não deve temer. Você está para sempre em meu coração." O ego não sabe perder, as pessoas pensam que morrer assusta. Perder alguém, como se fosse coisa que se perde pelo caminho. O que é pior: a preocupação pelos mortos, isto em nada ajusta. Afinal, a morte é apenas a despedida sem público no cemitério. O sistema imunológico debilitado precisa reagir com o carinho A fim de debelar essa pandemia que nos chega com um critério. (*) (*) FERNANDO PINHEIRO, presidente da Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil. - TRISTEZA FATÍDICA (poesia), de Fernando Pinheiro, - in O mundo de Morfeu, de Fernando Pinheiro.