Esse tipo de atitude parece com a que os inimigos (menos honrosos, pra ser justo, não todos) da Igreja têm quando tratam de católicos. Além de sinalizar "como o adversário é tolo" para os membros do grupo, não é lá uma boa estratégia para convencer os seguidores do autor a revisarem a postura, ou mesmo gente de fora que quer saber mais sobre o assunto, sem estar vinculada a grupo algum.
É triste mas aqui o Orlando Fedeli dá um exemplo claro da sua ignorância e má fé. Heidegger quer dizer que pelo fato do Ser não ser representável, apesar de pensável, a resposta não pode ser dada como um objeto simplesmente dado, como no modo da ciência, então não poderá dar uma resposta no modo que comumente se espera que uma resposta possua porque a metafísica trata de algo não representável diretamente. Desta forma Heidegger terá que "abrir" a questão e convida o leitor que terá que fazer o movimento de descoberta da resposta juntamente a essa abertura e ampliando paulatinamente a reflexão que dá origem ao próprio questionamento. Aliás, se o Fedeli fizesse a leitura de apenas mais algumas frases ficaria claro o sentido do que foi dito (por isso ignorância e má fé).
Leonardo Brum Não tem nada de frescura ou beletrismo, é simples método. Se no esquecimento do Ser o pensamento tomou formas desviadas, não se pode simplesmente apontar esses desvios a partir de fora, é preciso faze-lo a partir de dentro, do próprio "desvio". Heidegger não é um intelectualoide, é um pensador sério, portanto assume o próprio desvio como ponto de partida e vai paulatinamente aprofundando esse "pensamento desviado" até atingir a sua "forma" original. Heidegger, por ex, jamais diria que tal interpretação moderna da Teoria das Ideias está errada, isso seria superficial e não levaria a nada, pois não adianta apontar erros como se faz na ciência. Como se trata de 'pensamento' é preciso assumir o movimento errado e, a partir de dentro, ampliá-lo. Repare que Heidegger faz isso com todos os problemas filosóficos e em todos os seus livros. Como eu disse, é um método.
Rsss...bater o pé não ajuda em nada. Se vc já está com má vontade de entender não há o que fazer. Caso contrário sugiro a leitura de pelo menos uns quatro livros de Heidegger e ficará claro que se trata de método.
Eu entendi a questão método. Meu ponto é que ele o expressa de maneira infeliz nesse texto específico. Dizer que não falará sobre metafísica para, em seguida, delinear as características universais das questões metafísicas afigura-se como uma contradição que só pode ser justificada por algum tipo de licença poética, coisa que, em se tratando de filosofia, é inadequada e vale a chacota do prof. Orlando.