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Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. 

odeapessoa
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Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos).
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e caricias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no
regaço.

Опубликовано:

 

11 окт 2024

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Комментарии : 9   
@theoferreira2255
@theoferreira2255 5 лет назад
Meu nome é Lídia e meu pai me deu esse nome por esse poema
@MrCostajoaoo
@MrCostajoaoo 12 лет назад
é mesmo. De vires para aqui comentar, e quando ninguém te mandou! Não gostas, não estragues, porque o que está aqui a ser feita, é uma divulgação de património Portugues e Internacional.
13 лет назад
Adoro Fernando Pessoa (neste caso um de seus heterônimos). Este poema é o meu favorito, lindo, espetacular, obrigado por tê-lo postado!
@esteveslisboeta
@esteveslisboeta 3 года назад
Esta interpretação tem demasiado pathos para o Ricardo Reis
@williamives001
@williamives001 7 лет назад
O verdadeiro poema do Amor.
@josanerodrigues6577
@josanerodrigues6577 5 лет назад
Poema filosófico de amor.
@laurettapescatore573
@laurettapescatore573 9 месяцев назад
Vem sentar-te comigo, Antonio a beira do rio. Sugestivo! Amo Pessoa! Saudades Antonio❤
@mariaoliveira8667
@mariaoliveira8667 2 года назад
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos). Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e caricias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento - Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência. Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças. E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço. Fernando Pessoa, Poemas Completos de Ricardo Reis
@elaidia1
@elaidia1 4 года назад
O nome da minha filha e Lídia por causa deste poema .
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