Quando o renomado conde Raimundo Berengário V de Provença morreu, uma esperançosa Occitânia sofreu uma tragédia. No período que o poema foi escrito, em 1245, a Occitânia sofreu uma de suas piores tragédias; visto que, com a morte do conde Raimundo Berengário V, e com a derrota de Raimundo VII na Cruzada Albigense, a terra perdeu sua independência para os franceses. Aconteceu porque a sucessora de Raimundo Berengário era sua filha mais nova, Beatriz de Provença, que estava casada com o tirano e odiado Rei Carlos de Anjou, irmão de São Luís IX, que era rei da Sicília e doutros lugares que suspeitamente conquistou.
Peire Bremon Ricas Novas era trovador da corte de Raimundo Berengário V. Era um trovador provençal conhecido por seus contos ricos (ricas novas). Dele sobreviveram 20 poemas. Era especialista em Amor Cortês e poesia política.
O conteúdo do poema é claramente antifrancês e Ricas Novas compreende a intenção imperativa dos franceses; o poeta-trovador chega a desejar a morte de Carlos de Anjou e dizer que, se respeitassem o direito legítimo, não deveriam portar escudo nem lança em suas guerras injustas.
Esse poema é atribuído também ao trovador Aimeric de Pegulhan em 1 manuscrito. Porém, com uma análise técnica e cronológica, percebe-se que o autor mais provável é Ricas Novas.
Interpretação pelo grupo "Studio der frühen Musik & Claude Marti" do álbum "Agonie de Languedoc".
A obra é uma coblas doblas de 4 estrofes e 2 tornadas em metro decassílabo. Nossa tradução respeita o esquema de rimas, rimas, e o metro. Segue o poema original:
(I)
Ab marrimen doloiros et ab plor
viu mal mon grat, qe mortz no·m degn’aucire:
tan mi vai mal que vida·m fai paor,
e de mort son tuit mei major dezire,
pos l’onratz comz, ai can grieu m’es a dire,
de Proenza es mortz. Ai cal dolor,
ai qal perd’e ai las! Tam bon segnor
ai perdut, mais non viurai senz cossire.
(II)
Anc negunz homs non ac tan gran valor,
qe son poder, son sen e son albire
avia mes tot en far sa honor
retenen Dieu, de cui era servire.
E Dieus, qi volc per nos suffrir martire,
Per nos salvar, ab pen’et ab tristor,
degne l’arma, per sa sainta douzor,
del pro comte ab sos angels assire.
(III)
Anc negus hom non vi frevol ni fort
miels degues aver ferma esperanza,
qe·l si’ab Dieu, car anc no mantenc tort
ni frais sa fe; anz tenc dreitz la balanza
de leutat, on totz bos pretz s’enanza,
de perdonar, don ve l’arm’a bon port.
Dels autres aibs no·m cal que los recort,
car sobre totz el portet Deu onranza.
(IV)
Ai, Proensal, en can grieu desconort
es remazut et en cal desonranza!
Perdut avetz solatz, juec e deport,
e gaug e ris, onor et alegranza,
et es vengut en man de cel de Franza.
Meils vos vengra qe fossetz del tot mort!
E cel per cui pogratz esser estort
no trob’en vos leutat ni fianza.
(Tornada I)
Ai, malastruc de senhor e d'onrança
Que'us faran mais rocas ni castel fort
S'etz dels Francés? Quer per drech ni per tort
Non ausaretz portar escut ni lança
(Tornada)
Mortz es lo comz, et ai ferm’esperanza
que·l si’ab Deu a gaug et a deport,
e Proenzal viuran a piegz de mort
ab marrimen et ab desacordanza.
Ajude o canal através de uma doação caridosa:
www.paypal.com/donate/?hosted...
Ou pelo Pix, caso prefira: cantoscruzados@gmail.com
Siga nossas redes sociais:
-------------------------------------------------------------------------
Instagram: @cantos.cruzados
-------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------
Facebook: / ccruzados...
-------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------
Blog: cantoscruzados.blogspot.com/....
21 янв 2024