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Aula 5 - Heidegger: o Esquecimento do Ser e o Desvelar da Verdade 

Práxis Sintrópica / Śuddha Yoga
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Gravado em nosso apartamento em setembro de 2017, o Anticurso Filosofia e Contracultura elaborado por Luiz Carlos Maciel, pouco antes do seu falecimento, foi lançado oficialmente na Casa da Ciência da UFRJ, em 15.03.18, data em que Maciel completaria 80 anos. Ele sabia que não teria tempo para entregar à editora o seu último livro, que se chamaria A Rosa dos Ventos. Preferiu, então, deixar o registro em vídeo desta série que representa, não apenas o seu canto de partida, mas a sua vida e o seu legado.
Martin Heidegger é considerado um dos maiores filósofos do século XX. Nem por isto é uma unanimidade. Foi acusado de antissemitismo e, inclusive, de ter se afastado de Edmund Husserl, porque ele era judeu. Embora não fosse nazista, manteve-se neutro numa situação em que a maioria das pessoas não aceita a neutralidade. Nomeado Reitor da Universidade de Friburgo pelo próprio Hitler, aceitou o posto sem nunca ter se posicionado contra o nazismo e os seus horrores. Em sua defesa, também pode-se argumentar que namorou Hannah Arendt, judia, que jamais viu em Heidegger qualquer sinal de antissemitismo. Para Maciel, portanto, esta questão é secundária. Heidegger, o grande filósofo, é muito mais importante que esta polêmica em torno da sua aparente omissão em relação ao nazismo.
Heidegger examina a existência humana (faz uma analítica existencial) em Ser e Tempo. Para conhecer o Ser é necessário conhecer o dasein, o ser humano, o único que pergunta pelo Ser. A própria noção de Ser surge da mente do ser humano. Daí a necessidade de sua analítica existencial para abrir uma investigação sobre o sentido do Ser. Este é o verdadeiro objetivo de Ser e Tempo. Em seguida vem a investigação sobre a verdade do Ser.
Para avançar em sua pesquisa, Heidegger dá particular atenção aos Pré-socráticos. Tales de Mileto, o mais antigo dos Pré-socráticos, inicia a sua caracterização do Ser com a expressão “tudo é Um”. A manifestação deste Um, desta arché, ou princípio fundamental da qual todas as coisas são diferenciações, é tudo o que aparece, ou seja, tudo o que está presente aqui e agora. O Ser é a presença deste Presente. Os Pré-socráticos chamavam esta presença de physis. Physis, portanto, é o Ser ele mesmo. Contudo, a partir de Sócrates, esta physis teria sido corrompida, em função da exigência socrática de definir todos os termos do discurso. Segundo Heidegger este encerramento sintático, esta exigência lógica de definição, teria atrasado o desenvolvimento do pensamento grego. O exemplo que Heidegger mais gosta de dar é o da definição de homem: “o homem é um animal racional”. Para Heidegger esta definição não nos diz absolutamente nada sobre o que é o homem. Para Heidegger é o ser-aí, o dasein.
Segundo Heidegger, a partir de Sócrates, quebra-se a unidade do “tudo é Um” e multiplicam-se os dualismos em Platão e Aristóteles. Tais dualismos dominam o pensamento do ocidente até a chegada de Heidegger, que pretende dar à filosofia um segundo início, retomando os Pré-socráticos. Deste modo, para Heidegger, physis não se refere apenas ao que é físico, a própria natureza, como Aristóteles pensou ser. Physis é tudo o que tem presença. Logo, não é apenas o que resulta das definições lógicas, que deixam escapar o logos. O logos, afirma Heidegger, é mais parecido com o Tao, que significa caminho. O que acontece no caminho é o desvelar da verdade, aletheia. Se há este desvelar da verdade é porque existe também o velamento da verdade. A história do Ser, portanto, seria a história do seu velamento e do seu desvelamento.
Para criticar a filosofia existente, Heidegger utiliza o conceito fundamental de diferença ontológica: a diferença entre o ente e o Ser. O ente é o que aparece; a existência, a manifestação dos modos de Ser. O Ser é a presença disto que aparece; a essência, aquilo que fundamenta e ilumina a existência. É o Ser que faz o ente aparecer. Quando a filosofia ocidental abandonou o objeto e deslocou-se para o sujeito, o objeto passou a ser ocupação da ciência. Cada ciência desenvolveu o seu objeto particular de estudo. Desse modo, a ciência tem o seu limite, dado pelo objeto que ela estuda. A ciência, portanto, não pensa o Ser, pensa o ente. O Ser foi esquecido. O que caracteriza a filosofia ocidental é o esquecimento do Ser.
Heidegger discorre sobre o Ser em seu livro póstumo Acontecimento Apropriativo. Ele afirma que a ocorrência do Ser encontra-se fora do tempo da historiografia, pois representa o começo do Ser, quando o Ser e o Nada eram a mesma coisa. Esta ocorrência significa que o Ser, ele mesmo, se apropria do ser-aí, do dasein. Do mesmo modo, o dasein se apropria do Ser. Tudo existe porque há esta pertença mútua entre o Ser ele mesmo e o ser-aí, entre o Ser Absoluto e o ser humano. Não há um sem o outro. Com este tema Heidegger acredita ter dado um segundo início para a filosofia ocidental.
Ver também:
• Martin Heidegger - Humano, Demasiado Humano (legendado pt-br) -
• Martin Heidegger - Hum...

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31 янв 2021

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Комментарии : 11   
@maga7173
@maga7173 26 дней назад
Grato.
@MarcosAntonio-sr3gb
@MarcosAntonio-sr3gb 2 года назад
Muito bom. De fato. Tudo é "UM ' como firmou Tales de Mileto na sua clareza de Fisis. E esse UM é vivido justamente na abertura sempre em diapasão do LOGOS já consubstanciado no espírito Do Dasein. Obrigado Mestre.
@o.wgrant
@o.wgrant Месяц назад
pensei no mantra "OM"
@ieBrazil
@ieBrazil 2 года назад
Bacana o vídeo. E a humildade e simplicidade ao fim foram ótimas. Parabéns.
@verabraga7468
@verabraga7468 3 месяца назад
Fantástico. Claro e auxilia mto a compreensao. Mto obrigada.
@robertofernandes3659
@robertofernandes3659 2 года назад
Bao!
@anjormujicadepaula4172
@anjormujicadepaula4172 6 месяцев назад
Excelente 😊
@Ricardo.Gomes.S.
@Ricardo.Gomes.S. 3 месяца назад
👏👏👍
@selmo6376
@selmo6376 11 месяцев назад
Eu me pergunto se o tão interessante e profundo Maciel chegou a tomar conhecimento da libertária filosofia de Espinoza. Durante muitos anos pude desfrutar um pouquinho dos conhecimentos do tão generoso Luis Carlos Maciel em conversas casuais nas calçadas do bairro. Infelizmente eu ainda não tinha a maturidade dos anos e a maturidade intelectual para fazer indagações mais precisas....sobretudo sobre um dos 4 inimigos do guerreiro - conforme explicado em " Uma estranha realidade" de Castañeda -, a velhice .... que agora se aproxima ....enfim...
@marcioviotti1639
@marcioviotti1639 4 месяца назад
O problema da filosofia de Heidegger, e da filosofia moderna em geral está na não declarada, mas implícita, transferência do caráter moral e ético de seu âmbito social para a solitária circunstância do indivíduo. A Ironia foi que, mal saída do forno, a filosofia de Heidegger se viu perdida ante os eventos da segunda guerra. Hanna Arendt que o diga.
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