Quando o rei João Sem-Terra assumiu o trono de seu irmão, Ricardo, após grande cobiça contra seu próprio parente, vimos um dos mais patéticos e fracos reis da história da Inglaterra. Esse rei ficou conhecido pela fraqueza militar e pela péssima administração, um nobre que não era aprovado nem na taverna da vila local.
Esse sirventês de Bertran de Born (este é provavelmente o filho de Bertran de Born, portanto, Bertran de Born lo fils) é dedicado ao nobre Savary de Mauleon e intenta denunciar a fraqueza do rei inglês contra as agressões do rei Filipe da França.
Mesmo não tendo sido um bom administrador, Ricardo I deixou uma nostalgia prestigiosa no povo inglês; e era adorado e aclamado em poemas por onde passava. Nesta mesma obra, Bertran pede que João honre a memória de seu irmão Ricardo, e busque resistir conforme feito pelo antecessor.
Inobstante as críticas, João Sem-Terra continuou seu ofício inútil, reduziu o poder régio pela Magna Carta, e perdeu quase todo território inglês na França para Felipe Augusto.
O poema é um sirventês em occitano, escrito em 1204, provavelmente. Nossa tradução segue o metro original, em 8, e respeita o esquema de rimas. Apenas as rimas estrampas não foram mantidas (-anh e -onh)
Segue o poema completo em occitano medieval:
Quant vei lo temps renovelar,
E pareis la fuolha e la flors,
Mi dona ardimen amors
E cor e saber de cantar;
E pois vei qu'als no m'en sofranh,
Farai un sirventes cozen,
Que trametrai lai per presen
A·l rei Johan, que·is n'avergonh.
E deurais ben vergonhar,
Si·l membres de sos ancessors,
Car laissa sai Peiteuse Tors
A·l rei Felip ses demandar;
Per que tota Guiana planh
Lo rei Richart, que defenden
En mes maint aur e maint argen,
Mas d'aquest no·m par aja sonh.
Mais ama·l bordir e·l cassar
E bracs e lebriers et austors
El sojorn, per que·lh falh honors,
E·is laissa vius deseretar;
Mal sembla d'ardimen Galvanh,
Que sai to viram plus soven;
E pois autre conselh non pren,
Lais sa terra al senhor del Gronh.
Mielhs saup Lodovics desliurar
Gulielme e far ric socors
Ad Aurenga, quan l'almassors
A Titbaut l'ac faich assetgar;
Pretz et honor n'ac ab gazanh.
Eu o dic per chastiamen
A·l rei Johan, que pert sa gen,
Que non lor socor pres ni lonh.
Baron, sai vir mon chastiar
A cui eu blasme las folors
Que avetz, e pren m'en dolors
Car m'aven de vos a parlar;
Que pretz avetz tombat e' P faing,
Et avetz apres un fol sen,
Que non doptatz chastiamen,
Mas qui·us ditz mal, aquel vos onh.
Dompna, cui desir e tenc car
E dopt e blan part las melhors,
Tant es vera vostra lauzors
Qu'ieu non la sai dir ni comtar;
C'aissi cum aurs val mais d'estanh,
Valetz mais part las melhors cen
Et etz plus lejals vas joven,
Non son a Dieu cilh de Cadonh.
Savarics, reis cui cors sofranh
Fara greu bon envazimen,
E pois a cor flac, recrezen,
Ja mais nulhs hom en el non ponh.
Interpretação pelo grupo "Joglaresa". O grupo parece reaproveitar a melodia de "De moi dolereus vos chant" de Gillbert de Berneville.
Ajude o canal através de uma doação caridosa:
www.paypal.com...
Ou pelo Pix, caso prefira: cantoscruzados@gmail.com
Siga nossas redes sociais:
-------------------------------------------------------------------------
Instagram: @cantos.cruzados
-------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------
Facebook: / ccruzados...
-------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------
Blog: cantoscruzados....
4 окт 2024